Wednesday, April 05, 2017

CUIDADO COM OS CARTEIRISTAS!

A srª. Elisa Ferreira, administradora do Banco de Portugal afirmou anteontem que

"a literacia financeira é essencial para o sucesso da supervisão. "A supervisão só é possível se o cidadão comum tiver um nível mínimo de formação" para lidar com aplicações financeiras e para gerir o recurso ao crédito, e que se não houver informação disponível para os cidadãos melhorarem os níveis de formação financeira, "a função de supervisor fica difícil. Diria mesmo impossível". E compara o problema da iliteracia financeira a condutores que não conhecem as regras do código da estrada e não sabem dos riscos." - cf. aqui.

O tema não é original, a carência de literacia financeira tem sido invocada recorrentemente como justificação, ou pelo menos como atenuante, dos fracassos da supervisão bancária do Banco de Portugal. 
Mas não colhe. 
A comparação da iliteracia financeira financeira com o desconhecimento das regras do código da estrada é, no mínimo, patética ou hipócrita. 
Porque os acidentes provocados por incumprimento das regras do código da estrada ou pela falta de civismo de alguns condutores só são atribuíveis aos condutores faltosos. No caso das aplicações financeiras que, em muitos casos, são propositadamente impropriamente designadas por aplicações em "fundos de investimento", a literacia financeira, mesmo a mais avançada, de nada vale se, do outro lado, os agentes financeiros forem incumbidos da venda de produtos inquinados e de formulação opaca ou o supervisor da bolsa ignorar, por incompetência ou complacência, a consistência dos balanços e dos resultados apresentados pelas empresas cotadas. 

Por exemplo,
a srª. Elisa Ferreira, altamente letrada em finanças, sabia que o srs. Zeinal Bava e Granadeiro, entre outros, tinham trocado favores com o sr. Ricardo Salgado a níveis que afundaram a PT e provocaram perdas elevadas a milhares de pequenos investidores, antes dos factos terem sido tornado públicos?
Eram financeiramente iletrados os bancos europeus que adquiriram e revenderam produtos tóxicos produzidos nos Estados Unidos da América com aplicações "suprime"?

Não, srª. Elisa Ferreira, se quer uma comparação mais aproximada compare alguns banqueiros com os carteiristas. A forma mais eficaz de evitar os carteiristas é evitar os locais que eles costumam frequentar.


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