- Nem num nem noutro! Abstinha-me!
- Abstinhas-te?
- Abstinha-me.
A pergunta foi feita a um dos participantes do "Eixo do Mal", aquele que foi membro da Juventude Comunista nos anos 80, saiu do PCP para participar na fundação da Plataforma de Esquerda, migrando três anos depois para participar na fundação do Bloco de Esquerda, abandonando a militância partidária oito anos mais tarde.
Quantos militantes ou ex-militantes da esquerda comunista ou da extrema-esquerda assumirão em 7 de Maio a mesma posição de Daniel de Oliveira? Quantos, dos que votaram em Fillon, Hamon, apesar das indicações de voto em Macron se absterão ou votarão em Marine Le Pen? Quantos dos que votaram em Mélenchon, que ainda não deu até agora qualquer indicação de voto, votarão em Le Pen ou se absterão? As sondagens dão a Macron uns folgados 68% contra Le Pen na segunda volta mas serão as sondagens tão certeiras quanto o foram na primeira?
O assunto não é despiciendo mas não foi por essa razão que me ocorreu comentar a resposta de um ex-comunista-plataformista-bloquista-independente-até-mais-ver. O que parece inédito, mas não é, nas actuais tendências do eleitorado em regimes democráticos é a vaga da sedução pelos extremos, sejam eles de direita ou de esquerda, sobretudo do eleitorado mais jovem, que leva à formação de frentes nacionalistas que juntam comunistas, ex-comunistas-saudosistas, fascistas, racistas, xenófobos, chauvinistas, neo-nazis, e outros extremistas contra a democracia e a Europa. É a sedução nacionalista, num lado e noutro dos extremos, que, novamente, setenta anos depois do último grande
conflito bélico mundial, encaminha para a desagregação a frágil unidade europeia ainda que a provável vitória de Macron a 7 de Maio possa conter o avanço nacionalista na Europa durante os próximos anos.
Dos nove candidatos que concorreram na primeira volta às eleições para a presidência francesa, apenas Emmanuel Macron, que não é suportado por nenhum partido, se afirmou europeísta convicto. Recolheu apenas 23% dos votos, um número suficiente para o colocar na segunda volta e, muito provavelmente, ser presidente de França dentro de duas semanas, mas que confirma que a União Europeia continua sem partidos nem cidadãos que inequivocamente se assumam como europeus.
E sem europeus, Europa continuará a ser apenas nome de um continente de estados-nações condenados a agredirem-se uns aos outros ad seculum seculorum.
conflito bélico mundial, encaminha para a desagregação a frágil unidade europeia ainda que a provável vitória de Macron a 7 de Maio possa conter o avanço nacionalista na Europa durante os próximos anos.
Dos nove candidatos que concorreram na primeira volta às eleições para a presidência francesa, apenas Emmanuel Macron, que não é suportado por nenhum partido, se afirmou europeísta convicto. Recolheu apenas 23% dos votos, um número suficiente para o colocar na segunda volta e, muito provavelmente, ser presidente de França dentro de duas semanas, mas que confirma que a União Europeia continua sem partidos nem cidadãos que inequivocamente se assumam como europeus.
E sem europeus, Europa continuará a ser apenas nome de um continente de estados-nações condenados a agredirem-se uns aos outros ad seculum seculorum.
2 comments:
Boa análise, caríssimo Rui. E onde se prova que um mui ilustre e sensato economista, como o meu amigo, dá vinte a zero aos politólogos encartados da nossa praça!...
É muita bondade tua, Caríssimo António.
Que, de qualquer modo, agradeço.
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