"É simplicíssimo de perceber.
O BPN tinha uma coisa chamada SLN-Tecnologias, e disso fazia parte uma coisa muito boa, sediada em Itália que era a Seat Bank. Um dia, eu estava em Espanha por outro motivo e encontrei uma pessoa que tinha uma empresa em Porto Rico que fazia duas coisas: o que fazia a Seat Bank, com uma vantagem, a Seat Bank digitalizava cheques e o que fazia esta empresa, a Biometrics, era a mesma coisa, mas fazia tanto em cheque como em folha A4. Ou seja, com a mesma máquina processava os cheques ou a folha A4, o que era uma vantagem. A segunda foi que tinha criado um sistema, uma máquina de pagamentos semelhante à Diebold, digamos assim, mas com uma vantagem, a simplicidade de uso que era o seguinte: você quando vai, por exemplo, a uma máquina da Diebold, diz lá para introduzir o código da entidade e tem de meter lá um código de números, etc. Naquela máquina, e eu vi a máquina fazer isso, o senhor punha a sua fatura de luz ou de água em cima do ecrã e aquilo pagava. Era, portanto, muitíssimo mais simples. Nós vimos a máquina a funcionar, no Banco Popular em Porto Rico e na rua, numa farmácia, etc., mas a máquina precisava de mais desenvolvimento ainda e eles não tinham capacidade financeira para fazer esse desenvolvimento. Assim, procuravam um parceiro financeiro que apoiasse o desenvolvimento daquela máquina que iria competir fortemente com a Diebold porque a facilidade do uso era muitíssimo maior. Eu não era naturalmente perito em matérias técnicas e a SLN acabou por fazer este negócio. A SLN tinha que investir até 100 milhões de dólares em investigação, em R and D [pesquisa e desenvolvimento], o que para este tipo de coisas nem sequer é muito dinheiro, mas é preciso investir. E quando a SLN investiu 40 milhões desistiu, desistiu e o negócio acabou. Arruinou portanto todo o trabalho que poderia vir a dar fruto depois do investimento projetado, da R and D projetada, que não pôde ser feito. E nós tivemos que., já que queriam desistir, de tirar dali o mínimo prejuízo. Agora, nem o Dr. Oliveira e Costa ganhou com isto nem eu ganhei com isto. Eu tenho muita pena que tenham desistido daquele projeto, eu ainda acreditei até tarde que o projeto podia ir para a frente, porque havia professores universitários a investigar, havia muita gente, e que nos garantiam que o processo iria dar certo. Eu vi a máquina a funcionar muitas vezes, como todos viram, a equipa, digamos assim, e aquilo era muito mais fácil, o uso era facílimo e podíamos sair competidores da Diebold. Agora, quando paramos o investimento, eu que trabalhei sempre em empresas de grande investimento, a Ericsson por exemplo, se não tivesse investido milhões e milhões não tinha chegado a nada, não tinha chegado a um telemóvel obviamente, mesmo aquilo em que eu estou hoje, se nós não investigarmos, nesta luta contra a fraude que nós fazemos, seremos ultrapassados ou cairemos em desuso. Nós estamos sempre a gastar dinheiro a investigar, só assim é que poderemos ser de facto produtivos. E ali parou-se. E, naturalmente, quando se parou o projeto, tudo o que se gastou é prejuízo. É tão simples como isso." - aqui
Se não percebeu o truque, volte a ler com mais atenção.
É, irritantemente, simplicíssimo.
Entende-se em dois minutos.
Tão simples que até o Ministério Público percebeu, ainda que tenha demorado oito anos.
O que o Ministério Público não conseguiu provar foi para onde foram parar os tais 40 milhões. Nem houve, ao que parece, ninguém que lhe desse uma dica.
Cartoon c/p "Inimigo Público"
O BPN tinha uma coisa chamada SLN-Tecnologias, e disso fazia parte uma coisa muito boa, sediada em Itália que era a Seat Bank. Um dia, eu estava em Espanha por outro motivo e encontrei uma pessoa que tinha uma empresa em Porto Rico que fazia duas coisas: o que fazia a Seat Bank, com uma vantagem, a Seat Bank digitalizava cheques e o que fazia esta empresa, a Biometrics, era a mesma coisa, mas fazia tanto em cheque como em folha A4. Ou seja, com a mesma máquina processava os cheques ou a folha A4, o que era uma vantagem. A segunda foi que tinha criado um sistema, uma máquina de pagamentos semelhante à Diebold, digamos assim, mas com uma vantagem, a simplicidade de uso que era o seguinte: você quando vai, por exemplo, a uma máquina da Diebold, diz lá para introduzir o código da entidade e tem de meter lá um código de números, etc. Naquela máquina, e eu vi a máquina fazer isso, o senhor punha a sua fatura de luz ou de água em cima do ecrã e aquilo pagava. Era, portanto, muitíssimo mais simples. Nós vimos a máquina a funcionar, no Banco Popular em Porto Rico e na rua, numa farmácia, etc., mas a máquina precisava de mais desenvolvimento ainda e eles não tinham capacidade financeira para fazer esse desenvolvimento. Assim, procuravam um parceiro financeiro que apoiasse o desenvolvimento daquela máquina que iria competir fortemente com a Diebold porque a facilidade do uso era muitíssimo maior. Eu não era naturalmente perito em matérias técnicas e a SLN acabou por fazer este negócio. A SLN tinha que investir até 100 milhões de dólares em investigação, em R and D [pesquisa e desenvolvimento], o que para este tipo de coisas nem sequer é muito dinheiro, mas é preciso investir. E quando a SLN investiu 40 milhões desistiu, desistiu e o negócio acabou. Arruinou portanto todo o trabalho que poderia vir a dar fruto depois do investimento projetado, da R and D projetada, que não pôde ser feito. E nós tivemos que., já que queriam desistir, de tirar dali o mínimo prejuízo. Agora, nem o Dr. Oliveira e Costa ganhou com isto nem eu ganhei com isto. Eu tenho muita pena que tenham desistido daquele projeto, eu ainda acreditei até tarde que o projeto podia ir para a frente, porque havia professores universitários a investigar, havia muita gente, e que nos garantiam que o processo iria dar certo. Eu vi a máquina a funcionar muitas vezes, como todos viram, a equipa, digamos assim, e aquilo era muito mais fácil, o uso era facílimo e podíamos sair competidores da Diebold. Agora, quando paramos o investimento, eu que trabalhei sempre em empresas de grande investimento, a Ericsson por exemplo, se não tivesse investido milhões e milhões não tinha chegado a nada, não tinha chegado a um telemóvel obviamente, mesmo aquilo em que eu estou hoje, se nós não investigarmos, nesta luta contra a fraude que nós fazemos, seremos ultrapassados ou cairemos em desuso. Nós estamos sempre a gastar dinheiro a investigar, só assim é que poderemos ser de facto produtivos. E ali parou-se. E, naturalmente, quando se parou o projeto, tudo o que se gastou é prejuízo. É tão simples como isso." - aqui
Se não percebeu o truque, volte a ler com mais atenção.
É, irritantemente, simplicíssimo.
Entende-se em dois minutos.
Tão simples que até o Ministério Público percebeu, ainda que tenha demorado oito anos.
O que o Ministério Público não conseguiu provar foi para onde foram parar os tais 40 milhões. Nem houve, ao que parece, ninguém que lhe desse uma dica.
Cartoon c/p "Inimigo Público"
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