Disseram-me que não leram o livro nem têm a mínima intenção de o fazer, que o livro é fruto de uma mente ressabiada, cheio de mentiras, que a autora, se tivesse um mínimo de carácter, tendo saído do partido, deveria remeter-se ao silêncio.
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Não sendo eu admirador da autora, disse-lhes que tinha lido o livro, que não é um primor de estilo mas conta uma história que merecia ser contada. Que essa história não agrade a muitos personagens que fazem parte do enredo e a muitos adoradores deles, compreende-se porque a intolerância é o fruto dos dogmas e estes, por o serem, não consentem dúvidas aos idólatras. Quem manda para o seu índex privativo uma história que nem sequer leu, apenas imaginou, - e é curioso que tome como mentira aquilo que imagina - porque essa história foi escrita por uma condenada pelo santo ofício da ordem, iria alegremente assistir aos autos de fé em S. Domingos, aqui há uns séculos atrás, onde se queimaram excomungados nas labaredas daquilo que pensaram ou escreveram.
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Mas deixa-me perplexo que, quem respira convictamente em liberdade, não se tenha apercebido ainda de que lado sopra o ar libertador.
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