Monday, November 04, 2024

DE QUE LADO MORA A IGNORÂNCIA?

Metade dos norte-americanos são estúpidos, ouço dizer a alguém que reside nos EUA há mais de vinte e cinco anos e é, desde também há muitos anos, cidadã norte-americana.

Outra portuguesa, também residente há largos anos nos EUA, experiente na análise dos mercados de commodities, especialmente de cereais - deduzo das frequentes referências ao assunto num blog - afirma que 
 
"As sondagens estão bastante próximas para se saber quem é o favorito, mas com o Trump nunca se sabe se as sondagens são de confiança. Julgo que o mais surpreendente é ver tantas pessoas que ainda o apoiam, especialmente as pessoas mais religiosas. Entretanto, os mercados agrícolas têm estado em queda na expectativa que ele ganhe e recomece a disputa comercial com a China. Quem fica a ganhar é o Brasil, especialmente se Trump for eleito, e a agricultura americana ficará um passo mais perto do fim. Tem piada que Trump receba mais votos das zonas rurais, que acaba por ser quem mais sai prejudicado com a sua política." 
 
É sobejamente conhecido que nos Estados Unidos da América, mas não só porque se passa o mesmo em muitos outros lugares do mundo onde há livre escolha dos seus líderes, é muito frequente os resultados sejam maioritariamente decididos por aqueles que, aparentemente, mais perdem com as suas opções depositadas nos seus votos. 
Hillary Clinton, quando defrontou Trump, considerou "deplorables", deploráveis, que causam tristeza, que inspiram dó, os que se preparavam para votar em Trump. E, talvez mais convictamente ainda, votaram em Trump. E Trump venceu. 

Amanhã há eleições mas os resultados destas serão determinados, tem sido dito e redito, pelos votos dos eleitores nos swing states, que tanto podem cair para um lado como para o outro. São sete, mas o mais determinante, o que enviará mais delegados ao Colégio Eleitoral que elegerá o/a Presidente, é a Pensilvânia. 
Na Pensilvânia votam nos democratas, neste caso em Kamala Harrys, a maioria residente nas áreas urbanas, onde os níveis médios de educação são manifestamente superiores aos residentes, menos instruídos, nas zonas rurais  do mesmo Estado, que votam maioritariamente nos republicanos, neste caso em Trump.

Tanto os com mais como os com menos tempos de escolaridade, são livres de escolher, free will, livre arbítrio, segundo os seus próprios interesses mediatos ou imediatos. Por que razão é que a ignorância dos menos habilitados com informação suficiente que os habilite a escolher o que mais os pode beneficiar se sobrepõe aos votos dos melhor informados?
Por que razão não são os melhor informados capazes de informar seriamente os menos habilitados?

Não sei.
Tu sabes? 
Sabes onde mora a ignorância?

LIVRE ARBÍTRIO* RUSSO AMERICANO NA CAMA

  Anora 


Palma de Ouro do  Festival de Cannes em 2024, com boas apreciações da crítica; fomos ver, ontem.

Escrito e realizado por um norte-americano, Anora é um drama em modo de comédia, muito oportuno num momento em que se, como parece vir a acontecer, Trump for amanhã eleito para um segundo mandato, por livre arbítrio dos norte-americanos. Nunca as relações russo-americanas, ou vice versa, foram tão ternas para ambos os parceiros, e tão preocupantes quanto impotentes para muitos dos que assistem ao desenvolvimento da trama que ameaça terminar, quando não se sabe, de modo trágico.

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Algures, em Nova Iorque, o filho de um oligarca russo, um rapaz de 20 anos, levado pelo free will que uma fortuna imensa incentiva, embala-se em lap dances com uma stripper e enrola-se com ela na cama em non stop-fucking que dura três semanas. 
Ela é usbeque-americana de Brigton Bridge, um enclave russófono na cidade de Nova Iorque. Porque tem conhecimentos rudimentares da língua russa, um dos empresários no negócio de prostituição encaminha-a para o rapaz russo. 
Que de tão entusiasmado com a ocasional relação propõe que se casem em Las Vegas, onde os formalismos são escusados, e o casamento é selado com um anel com um diamante de muitos quilates. 
A história do casamento da prostituta com o filho do oligarca dura apenas o tempo suficiente para, após alguns incidentes rocambolescos, de vulgar comicidade, o oligarca tenha o filho nas mãos e o casamento anulado em três tempos por dez mil dólares. 
Uma ninharia para o oligarca, que levou o filho de volta a casa, na Rússia, para que ele cumprisse o fim para que fora concebido: oligarca, filho de oligarca.
Quanto a Anora, a prostituta usbeque-americana, continuou, por seu livre arbítrio, a deliciar olhares gulosos e desejos insatisfeitos.
Poderia o jovem oligarca ter escolhido, por seu livre arbítrio, outro caminho? Qual e porquê?
Poderia a jovem usbeque-americana ter optado por uma carreira diferente? Actriz, bem sucedida, por exemplo, como na vida real é? Poderia, mas essa seria outra história, por onde o seu livre arbítrio não a conduziu.
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Livre arbítrio é o poder que cada indivíduo tem de escolher as suas ações, que caminho quer seguir. A expressão é utilizada por diversas religiões, como o cristianismo, o espiritismo, o budismo etc. 
Os deuses querem o bem dos indivíduos; os indivíduos são livres de querer e fazer o quiserem.