Anora
Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2024, com boas apreciações da crítica; fomos ver, ontem.
Escrito e realizado por um norte-americano, Anora é um drama em modo de comédia, muito oportuno num momento em que se, como parece vir a acontecer, Trump for amanhã eleito para um segundo mandato, por livre arbítrio dos norte-americanos. Nunca as relações russo-americanas, ou vice versa, foram tão ternas para ambos os parceiros, e tão preocupantes quanto impotentes para muitos dos que assistem ao desenvolvimento da trama que ameaça terminar, quando não se sabe, de modo trágico.
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Algures, em Nova Iorque, o filho de um oligarca russo, um rapaz de 20 anos, levado pelo free will que uma fortuna imensa incentiva, embala-se em lap dances com uma stripper e enrola-se com ela na cama em non stop-fucking que dura três semanas.
Ela é usbeque-americana de Brigton Bridge, um enclave russófono na cidade de Nova Iorque. Porque tem conhecimentos rudimentares da língua russa, um dos empresários no negócio de prostituição encaminha-a para o rapaz russo.
Que de tão entusiasmado com a ocasional relação propõe que se casem em Las Vegas, onde os formalismos são escusados, e o casamento é selado com um anel com um diamante de muitos quilates.
A história do casamento da prostituta com o filho do oligarca dura apenas o tempo suficiente para, após alguns incidentes rocambolescos, de vulgar comicidade, o oligarca tenha o filho nas mãos e o casamento anulado em três tempos por dez mil dólares.
Uma ninharia para o oligarca, que levou o filho de volta a casa, na Rússia, para que ele cumprisse o fim para que fora concebido: oligarca, filho de oligarca.
Quanto a Anora, a prostituta usbeque-americana, continuou, por seu livre arbítrio, a deliciar olhares gulosos e desejos insatisfeitos.
Poderia o jovem oligarca ter escolhido, por seu livre arbítrio, outro caminho? Qual e porquê?
Poderia a jovem usbeque-americana ter optado por uma carreira diferente? Actriz, bem sucedida, por exemplo, como na vida real é? Poderia, mas essa seria outra história, por onde o seu livre arbítrio não a conduziu.
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Livre arbítrio
é o poder que cada indivíduo tem de escolher as suas ações, que caminho
quer seguir. A expressão é utilizada por diversas religiões, como o
cristianismo, o espiritismo, o budismo etc.
Os deuses querem o bem dos indivíduos; os indivíduos são livres de querer e fazer o quiserem.
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