Metade dos norte-americanos são estúpidos, ouço dizer a alguém que reside nos EUA há mais de vinte e cinco anos e é, desde também há muitos anos, cidadã norte-americana.
Outra portuguesa, também residente há largos anos nos EUA, experiente na análise dos mercados de commodities, especialmente de cereais - deduzo das frequentes referências ao assunto num blog - afirma que
"As sondagens estão bastante próximas para se saber quem é o favorito,
mas com o Trump nunca se sabe se as sondagens são de confiança. Julgo
que o mais surpreendente é ver tantas pessoas que ainda o apoiam,
especialmente as pessoas mais religiosas. Entretanto, os mercados
agrícolas têm estado em queda na expectativa que ele ganhe e recomece a
disputa comercial com a China. Quem fica a ganhar é o Brasil,
especialmente se Trump for eleito, e a agricultura americana ficará um
passo mais perto do fim. Tem piada que Trump receba mais votos das zonas
rurais, que acaba por ser quem mais sai prejudicado com a sua política."
É sobejamente conhecido que nos Estados Unidos da América, mas não só porque se passa o mesmo em muitos outros lugares do mundo onde há livre escolha dos seus líderes, é muito frequente os resultados sejam maioritariamente decididos por aqueles que, aparentemente, mais perdem com as suas opções depositadas nos seus votos.
Hillary Clinton, quando defrontou Trump, considerou "deplorables", deploráveis, que causam tristeza, que inspiram dó, os que se preparavam para votar em Trump. E, talvez mais convictamente ainda, votaram em Trump. E Trump venceu.
Amanhã há eleições mas os resultados destas serão determinados, tem sido dito e redito, pelos votos dos eleitores nos swing states, que tanto podem cair para um lado como para o outro. São sete, mas o mais determinante, o que enviará mais delegados ao Colégio Eleitoral que elegerá o/a Presidente, é a Pensilvânia.
Na Pensilvânia votam nos democratas, neste caso em Kamala Harrys, a maioria residente nas áreas urbanas, onde os níveis médios de educação são manifestamente superiores aos residentes, menos instruídos, nas zonas rurais do mesmo Estado, que votam maioritariamente nos republicanos, neste caso em Trump.
Tanto os com mais como os com menos tempos de escolaridade, são livres de escolher, free will, livre arbítrio, segundo os seus próprios interesses mediatos ou imediatos. Por que razão é que a ignorância dos menos habilitados com informação suficiente que os habilite a escolher o que mais os pode beneficiar se sobrepõe aos votos dos melhor informados?
Por que razão não são os melhor informados capazes de informar seriamente os menos habilitados?
Não sei.
Tu sabes?
Sabes onde mora a ignorância?
No comments:
Post a Comment