Tuesday, November 05, 2024

O DIA DO ÓDIO

Com noventa e muitos por cento de convicção de acertar, o dia de hoje passará à História do Estados Unidos da América e de todo o mundo livre, aquele onde é livre a expressão pública do pensamento, com particular destaque na História da Europa Democrática, como o DIA DO ÓDIO.

A razão da minha convicção é muito simples: sustenta-se no que afirmou, e continua recorrentemente a reafirmar, Donald Trump.

Se Trump ganha, movido pelo ódio que instilou na metade da sociedade norte-americana que o apoiou e continua apoiar, estilhaça a Europa com a entrega, para começar,  da Ucrânia à voracidade sem freio de Putin. 
Também ficarão estilhaçados muitos dos compromissos assumidos pelos Estados Unidos, tanto a nível interno como internacional.
Poderá, por exemplo, retirar o apoio dos Estados Unidos da América na NATO, incumprindo o artigo 5º. do Tratado? Legalmente, não pode. Mas como podem ser os Estados Unidos da América, incumpridores por vontade de Trump, obrigados a cumprir a lei? 

Haverá diferenças nas consequências brutais entre uma vitória de Trump no Congresso sem maioria no Senado? Sem dúvida, mas as probabilidades dos republicanos passarem a deter maioria no Senado são muito elevadas. Também continuarão a ser muito elevadas as probabilidades do Trump manter o apoio incondicionalmente subserviente da maioria dos Juízes no Supremo Tribunal de Justiça. 
 
Se Trump não conseguir a maioria no Congresso, o mais provável é que se repita, com consequências mais devastadoras para a democracia norte-americana, o assalto ao Capitólio, destruição física da Instituição, símbolo maior da democracia, e eliminação dos que resistirem aos facínoras comandados por Trump. 
Começará então uma guerra civil por intervenção dos generais? A minha convicção não vai tão longe.

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A partir de hoje, o Aliás, que completou há dias 19 anos, só terá continuidade se merecer comentários, críticas, sugestões, correcções, de quem o lê.
Como qualquer veículo, agora só pode mover-se se tiver combustível que lhe permita avançar e boas razões para isso.

4 comments:

Rogério Silva said...

Gostei.
Se ajudar para o "combustível" fico contente.
Grande abraço Rui.

Rui Fonseca said...

Obrigado, Rogério.
Grande abraço!

O teu contributo relembrou-me Camilo Castelo Branco: Os amigos, que certamente conheces mas é sempre salutar relembrar:
Os amigos

Amigos cento e dez, e talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia!
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais.

Amigos cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que eu, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente.
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.

- Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver…
Que cento e nove impávidos marotos

Anonymous said...

Parabéns, Rui. Um blog notável, o teu. E votos de uma longa vida!
Quanto ao teu post de hoje, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. A maior democracia do mundo tem modo de arranjar equilíbrios. Não lhe podemos querer dar lições, como tem sido ideia dos europeus.
Abraço
Antonio Pinho Cardão

Rui Fonseca said...

António,
Obrigado pela tua crítica.
A democracia nos EUA ficou desequilibrada com a volta de Trump à Casa Branca dominando todos os poderes federais: o Legislativo, Câmara de Representantes e Senado, o Judicial e o Executivo.
Será um comando sem freios nas mãos de um indivíduo que, provadamente, é um semeador de ódios.
Vai estilhaçar a Europa.
Resta saber se consegue ser aquele que sobreviverá no triunvirato que governará o mundo: Trump, Putin e Li Xijimping.
A União Europeia, estilhaçada por Trump, dissolver-se-á nos ácidos corrosivos dos seus ódiozinhos de estimação.
Oxalá me engane.
Abraço