Trump, ouvi anteontem na rádio, voltou a reafirmar que continua a incentivar Putin a atirar-se contra os membros da NATO com contribuições em falta para a Organização.
Trump, já se sabe, diz uma coisa e a contrária com a maior desfaçatez deste mundo.
O mesmo Trump tem ameaçado e repetido que desmantelará a NATO ou, com o mesmo objectivo, retirará os EUA da NATO, e que os outros membros da Organização se defendam com os seus próprios meios.
E, pela dedução mais benevolente do que diz Trump, a incumbência que este dá a Putin, de combater os membros da NATO com as quotas em atraso, é uma forma de suscitar o reforço dos meios de defesa, nomeadamente dos europeus, da ameaça real que o autocrata Putin e seus admiradores e seguidores, representa para as sociedades onde a liberdade de expressão sustenta todo o sistema em que a grande maioria dos que nelas vivem se movimentam e assim querem continuar.
Trump já disse, inequivocamente, que, se for eleito, resolverá a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente em três tempos.
Quanto à Ucrânia, a jogada de Trump é clara: retira o apoio militar dos EUA e, implicitamente, entrega aquele país a Putin, porque a União Europeia não tem poder defensivo e, ainda muito menos poder ofensivo, para se opor a Putin. Daí o único sentido lógico, cínico, que pode retirar-se das afirmações: paguem os compromissos que assumiram como membros da NATO, e defendam-se porque os norte-americanos não vão continuar a envolver-se nas guerras na Europa.
Entretanto continuam a chover, quase diariamente, notícias de chuvas arrasadoras de drones e mísseis de espécies diversas sobre as cidades da Ucrânia, incluindo massacres da historicamente lendária. capital, Kyiv.
Quanto ao Médio Oriente, o mais que Trump pode fazer é manter, e eventualmente reforçar, o apoio dos EUA a Israel, mas não resolverá um conflito que pode chegar a colocar Trump, do lado de Israel, frente a Putin, claramente apoiante do Irão, e, inequivocamente, apoiado pelo regime teocrático iraniano.
A guerra alastra-se, são milhões os que de Gaza e Líbano, fogem dos bombardeamentos constantes, sem que do lado Israel e, agora, declaradamente, do Irão se vislumbre o caminho, ainda que mínimo, para a paz. De cada lado, o objectivo continua a ser a completa eliminação do outro.
Se a União Europeia claudica com a derrota dos ucranianos, fragmentar-se-á, porque dentro dos frágeis muros da UE há vários dos seus membros que saltarão alegremente para o lado inimigo.
Friamente, a questão que se coloca aos europeus do campo liberal democrático é quem ficará do seu lado?
Se alguns membros não estão disponíveis para suportar, e reforçar, os custos financeiros de uma defensiva da sua vontade de se manterem livres, que motivação lhes sobrará para meterem as botas no terreno e, de armas nas mãos, defenderem a sua liberdade que tanto querem preservar?
Trump, que cada um lhe chame o que quiser, pode ganhar as eleições porque os norte-americanos estão divididos por fracturas aparentemente insanáveis:
o direito ao aborto, intransigentemente combatido pelos evengélicos,
o direito à opção de orientação sexual, (no Economist de hoje realça-se uma questão perturbadora para os renitentes conservadores republicanos: Was Abraham Lincoln gay?),
a política de imigração, para um país feito por imigrantes.
E a defesa da democracia liberal na União Europeia não é tema que, decididamente, os motive.
Se Trump perder as eleições em 5 de novembro, é muito provável que venha a repetir-se a trama que gizou em 2020 - ler artigo sobre esta hipótese - e uma guerra civil nos EUA não é seguramente improvável.
Por cá, o tema é, socialmente, indesejável para motivo de uma conversa, mesmo entre amigos e, politicamente, repugnante a qualquer partido político que não tenha intuitos suicidas. Aliás, agora, entretidissímos à volta da aprovação do Orçamento ou eleições antecipadas à vista, cada lado a tentar que seja o outro o responsável, aos olhos dos eleitores, pela eventual antecipação das eleições.
Pergunte-se, mas ninguém pergunta, aos candidatos à presidência da República Portuguesa para suceder a Marcelo Rebelo de Sousa, que posição deve ser assumida pelo povo português para defesa da civilização ocidental, e eles gaguejarão.
Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto ainda no cargo, assobiará o ti-ro-liro.
Gouveia e Melo, um candidato ainda não assumido, já tomou posição em entrevista, vd. aqui de Vítor Gonçalves há três semanas.
"Devem os portugueses envolver-se num eventual confronto da Rússia contra qualquer país da NATO?
Resposta
inequívoca de Gouveia e Melo: sim. Sei que ninguém quererá ouvir que
tropas portuguesas participem numa guerra. Os militares não gostam da
guerra. Mas não podem ignorar que ou nos defendemos ou seremos
esmagados. Não podemos, não devemos, renunciar a combater se as ameaças
de confronto se concretizarem. Devemos preparar-nos para essa hipótese e
falar claro aos portugueses. É fundamental falar claro."
--- Informação correlacionada:
Trump says he would encourage Russia to attack Nato allies who pay too little
Which countries in the Nato alliance are paying their fair share on defence? . c/p aqui
Cost share arrangements for civil budget, military budget and NATO Security Investment ProgrammeCost share arrangements for civil budget, military budget and NATO Security Investment Programme | |
Nation | Cost share "at 32" following the accession of Sweden Valid as from 7 March 2024 until 31 December 2024 |
Albania | 0.0882 |
Belgium | 2.0447 |
Bulgaria | 0.3552 |
Canada | 6.6840 |
Croatia | 0.2910 |
Czechia | 1.0259 |
Denmark | 1.2744 |
Estonia | 0.1213 |
Finland | 0.9057 |
France | 10.1940 |
Germany | 15.8813 |
Greece | 1.0273 |
Hungary | 0.7380 |
Iceland | 0.0624 |
Italy | 8.5324 |
Latvia | 0.1550 |
Lithuania | 0.2493 |
Luxembourg | 0.1645 |
Montenegro | 0.0283 |
Netherlands | 3.3528 |
North Macedonia | 0.0756 |
Norway | 1.7267 |
Poland | 2.9015 |
Portugal | 1.0194 |
Romania | 1.1931 |
Slovakia | 0.5014 |
Slovenia | 0.2212 |
Spain | 5.8211 |
Sweden | 1.9277 |
Türkiye | 4.5927 |
United Kingdom | 10.9626 |
United States | 15.8813 |
TOTAL NATO | 100.0000 |
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