Ontem fomos com familiares jantar a Cascais.
Muito raramente almoçamos ou jantamos fora de casa. Hábitos ...
Cascais, ontem ao fim da tarde, o movimento no centro da vila-cidade, recordou-me Torremolinos há mais de cinquenta anos. Em tamanho reduzido, mas, de qualquer modo, um formigueiro turístico excessivo para um espaço tão limitado. Muitos, aquela hora, sete e meia da tarde, já jantavam nos restaurantes, alguns com espaço prolongado para parte do passeio, outros cirandavam rua abaixo, rua acima, à procura de não sei quê.
Entrámos, recepção calorosa pelo dono, ou gerente?, do restaurante onde se tinha reservado mesa. Pelo tom da voz e pelo gesticular dos braços, pareceu-me italiano.
No fim, aquando do traga a conta, agradeceu imensamente a gratificação, cruzou os braços a abraçar-se de reconhecido, pareceu-me sobressaltado quando solicitei factura com número de contribuinte.
Precisa de factura? No problem, vou lá abaixo tirar a factura, já volto.
Não voltou.
Descemos e perguntou-nos o gerente, ou dono?, se estava tudo ok, sim estava tudo ok, mas ainda não tínhamos a factura.
Oh! A minha cabeça, disse batendo a palma da mão direita na testa ... é muita gente ao mesmo tempo, sabe? A factura vai sair imediatamente, quer dizer, agora temos de repetir tudo o que consta do outro papel, a nota de encomenda.
Foi uma complicação, indiciadora de que estava completamente fora dos hábitos dos seus clientes, sobretudo, se não na totalidade, turistas não portugueses. Ao fim de dez minutos à espera que saísse a factura, a família já na rua, saiu a factura.
Já, entre outras ocasiões, em Julho de 2012, anotei aqui o aberrante procedimento de facturação em restaurantes - Factura, precisa?
Volvidos 12 anos, a aberração continua.
Não é difícil perceber a preferência dos donos dos restaurantes pela clientela estrangeira, mais disponível para melhores gratificações e dispensados dessa prática obsoleta de emitirem, ou nem sequer emitirem, notas de encomenda.
E tudo seria tão mais fácil e garantida a correcta receita dos impostos cobrados se fosse estabelecida a obrigatoriedade de apresentação da factura no acto do pagamento. Tal como está, a prática da emissão de nota de pagamento e, agora aguarde que já trago a factura, é um convite à evasão e à iniquidade fiscal entre nacionais e estrangeiros.
Há uns anos, ainda não existia a suposta vantagem de dedução em sede de IRS de parte cobrada do IVA, nomeadamente, em restaurantes, e eu ainda não estava reformado.
Reservei num restaurante carote, uma mesa para jantar com seis clientes nossos, estrangeiros; a empresa tinha muito poucos clientes nacionais, e, suponho, agora terá ainda muito menos.
Jantados, traga a conta se faz favor. Veio a conta, choruda, paguei o valor indicado num papel manuscrito, com cartão de crédito, e, disse discretamente ao gerente, que, entretanto, veio à mesa para nos agradecer a visita, perguntar se tudo tinha corrido bem, que precisava de uma factura.
Esperei, esperei, pela factura, entretive os meus clientes o mais possível enquanto não vinha a famigerada factura, até que saímos, não ia poder esperar mais nem informar os meus clientes que toda aquela espera se devia a uma factura que não vinha.
Mas precisava da factura para apresentar na empresa. No dia seguinte, telefonou-se, sim senhor, vamos tratar disso, enviaremos pelo correio, pode ser? Pode.
Nos dias seguintes, a factura não apareceu.
Telefonou-se outra vez. Não atendeu o gerente, o gerente não estaria naquele dia, mas, pode dizer-nos para que quer a factura?
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