A 10 de Setembro de 2016, Hillary Clinton, candidata à presidência dos EUA, qualificou como deploráveis metade dos apoiantes de Trump - Half of Trump supporters 'basket of deplorables' -
Pressionada pelo politicamente conveniente dos media, e, muito provavelmente, pelos seus assessores, depois retratou-se pedindo desculpa aos (deploráveis) apoiantes trumpistas, prometendo, no entanto, continuar a lutar contra a intolerância e retórica racista. E, no entanto, é muito claro que tudo o que Clinton afirmou era e continua a ser verdade: Trump é racista, misógino, homofóbico, xenófobo, e não só".
Trump durante toda a campanha, e até nos debates, não se coibiu de insultar Clinton e, implicitamente, os apoiantes da candidata democrata, aliás, Trump mente e insulta a uma cadência imparável e insuperável. Alguém, alguma vez, o ouviu desculpar-se ou emendar o que disse por mais grosseiras e insultuosas que sejam as suas insolências? Nunca. Trump não hesita sequer em colocar em causa os princípios básicos da democracia e recusa-se a declarar que aceita os resultados das próximas eleições se as perder. Porque não admite uma eventual derrota, se os resultados eleitorais determinarem o contrário, Trump já anunciou que considerará as eleições fraudulentas. O descaramento de Trump foi feito à medida da sua insolência.
Hillary não deveria ter recuado um milímetro sequer na qualificação que atribuiu a metade dos apoiantes de Trump porque era, e é verdade, o que afirmou, e, se calculou mal foi por defeito porquanto é muito mais de metade o número daqueles que votam em Trump porque Trump é tudo aquilo e muito pior. Trump, aliás, não é culpado de ser presidente dos EUA nem será culpado da sua eventual reeleição. Culpados são deploráveis e os oportunistas que o apoiam e votam nele.
Hoje, às oito locais, uma da manhã de Lisboa, realiza-se o primeiro debate televisivo entre Trump e Biden. De um lado um touro, do outro um forcado sem envergadura física nem jogo de cintura que possam convencer os indecisos a dar a vitória aos democratas. Biden não pode jogar à defesa, Trump joga sempre ao ataque, mas a Biden falta força e determinação para, em contra ataque, pegar o touro de caras ainda que não lhe faltem argumentos.
Como é que é possível defrontarem-se dois velhos nestas duas eleições para a presidência da nação (ainda) mais poderosa do mundo? Entre a força bruta de um apoiado por deploráveis que votam contra a sua própria dignidade (os mais desfavorecidos que pagam mais impostos que Trump, as mulheres de quem Trump afirma o pior, os latinos que Trump considera estúpidos) e a inexplicável escolha dos democratas que se apresentam com um candidato sem força física e anímica para anular as investidas erráticas de Trump é muito provável que Trump seja reeleito apesar as sondagens serem geralmente favoráveis a Biden.
Foi o que aconteceu com Hillary Clinton em 2016.
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