Wednesday, November 29, 2017

O PRÓXIMO HOMEM E A PRÓXIMA HISTÓRIA


Há dias, a propósito de um discurso pronunciado durante a WebSummit, olhei pelo retrovisor deste caderno de apontamentos o que sobre o tema tinha apontado aqui há doze anos. 

E se os indicadores de taxas de desemprego, sobretudo desemprego jovem, observaram, desde  então, recuperações sensíveis, sobretudo nos EUA, os desenvolvimentos entretanto observados ou anunciados em aplicações de "inteligência artificial" apontam insistentemente no sentido que naquela altura se prenunciava: "... O trabalho tornar-se-à um bem escasso, a procura (por parte de quem quer trabalhar por não saber fazer outra coisa) excederá brutalmente a oferta de oportunidades. ... Se assim é, um dia (sabe-se lá quando) quem quiser trabalhar terá de pagar para experimentar esse gozo limitado. Teremos a economia ao contrário... " Muitos preferirão trabalhar, ganhando menos, do que ganhar mais não trabalhando.

Anteontem, numa análise bem meditada sobre o tema das consequências sociológicas dos avanços da tecnologia sobre a redução dramática do emprego, lia-se 
aqui:

" ...Vamos passar por cima da questão prática (como se paga um rendimento básico universal de 10/20 mil a cada cidadão?) e olhemos para a questão moral: faz sentido vivermos numa sociedade sem o pilar do trabalho? Como diz Satya Nadella, vão as pessoas dedicar-se àquilo que gostam de facto? A sociedade do trabalho será substituída pela sociedade dos hóbis? "

Num ponto, porém, fica o articulista, segundo julgo, aquém da evolução previsível: O problema do pagamento de um rendimento básico universal não é uma questão prática sobre a qual se possa passar por cima. Porque,

Repito-me, enquanto Trump, ou outro Trump qualquer, em jogos de guerra apocalípticos com Kim Jong-un ou outro Kim Jong-un qualquer, não fizerem desaparecer a espécie humana (hipótese não improvável), o rendimento básico universal poderá solucionar a questão económica sem solucionar, como argumentado pelo colunista do Expresso, a questão sociológica. 

Temos de admitir que poderá haver sempre quem se governe bem com um rendimento básico, condição necessária mas não suficiente à garantia de paz social em níveis socialmente suportáveis, mas, com a crescente competição de meios não humanos, ocorrerá uma progressão imparável para a ocupação de oportunidades de trabalho em que, ou enquanto, a inteligência humana não for substituída pela inteligência artificial. 


E no limite, neste caso, se sobrar alguma lógica económica, já não contarão os rendimentos mas os poderes de comandar os destinos do planeta. 

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Correl. - Homo Deus: A Brief History of Tomorrow

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