Wednesday, July 05, 2017

INFAME

"Faltam recursos"

é a justificação frequentemente utilizada para todas as calamidades que nos assaltam por falhas graves, incompetência, desleixo ou venalidade daqueles a quem retribuímos os serviços prestados com o pagamento de impostos. Mas não só eles. 
Também os políticos, quando são oposição, arremessam os mesmos argumentos contra os que ocupam o poder sem vergonha do efeito boomerang das suas arremetidas pífias.

Há militares, incluindo um general e outros oficiais superiores, presos preventivamente por suspeito envolvimento em crimes que lesaram os contribuintes por falcatruas de conivências entre eles e os fornecedores das messes em bases da Força Aérea?
Os cortes dos orçamentos morderam-lhes nos salários e obrigaram-nos a lançar a mão aos abastecimentos, argumentava ontem num programa televisivo um militar do topo sem pejo da infâmia que lançava sobre toda a corporação. Quantas vezes não ouvimos já a mesma justificação para práticas com fins invocadamente idênticos por elementos das forças de segurança?
Ouve-se, e quase ninguém levanta a voz em nome da honra da grande maioria que honestamente cumpre a sua missão. 

Por que aconteceu a tragédia de Pedrogão Grande? Por falta de meios, é o argumento geralmente mais invocado. Da incompetência, da desorganização, da falta de preparação, fala-se em surdina, da irracionalidade económica da estrutura da propriedade fundiária fala-se agora para se deixar de falar quando passar o verão. 

Não há meios humanos nas Forças Armadas que garantam a segurança e a defesa do pessoal, das estruturas e das armas? 
O PSD e o CDS acusaram hoje o Governo de ter retirado meios à tropa, em nome do cumprimento das metas défice e, deste modo, ter impossibilitado o roubo das armas em Tancos. 
Respondeu "o ministro das  Finanças, acusando o anterior Governo de ter reduzido o número de bombeiros em 10% e o número de militares em 15% durante o período da 'troika' por "opção política" - aqui
Quem é mais ridículo?
Por eles, somos todos aos olhos dos que nos vêm de fora: El polvorín de Portugal robado: garitas vacías y soldados sin munición - aqui

Nem a actual Oposição, anterior Governo, nem o actual Governo, anterior Oposição, sabem disto?

"... os países europeus, que têm vindo a diminuir globalmente as suas despesas militares, abrandaram a queda em 2015, mas alguns - incluindo Portugal - subiram significativamente a percentagem do PIB empregue. Lideram a subida a Lituânia (+31,9%), o Luxemburgo (+25,3%) e a Polónia (+21,7%), mas são de destacar os aumentos na Grécia (+10,1%) e Portugal (+8,6%), apesar da crise que os afecta nos últimos anos. Portugal, com 2491 milhões de dólares gastos em 2015, ou seja, 1,39% do PIB."aqui

Forças Armadas contratam segurança privada por "ausência de recursos próprios" 
Nos últimos anos, vários quartéis e instalações militares têm recorrido a serviços de “vigilância e segurança” prestados por empresas privadas. Governo garante que infra-estruturas como o paiol de Tancos “são asseguradas apenas por meios militares”- aqui

Temos 31500 militares, pagamos para a defesa  um preço relativamente superior a outros membros da NATO, e mesmo assim recorrem as Forças Armadas a empresas de segurança privada para a vigilância de instalações militares. 
E, a este respeito, quem deveria falar, cala-se.
Quarenta anos depois da instauração da democracia em Portugal, quem tem medo destes militares? 

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Correl . OUTRA DE CABO DE ESQUADRA



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