Sunday, July 16, 2017

ELES SÃO ASSIM PORQUE SÃO ASSIM MESMO

A dois meses e meio das eleições autárquicas, o país já está infestado por outdoors com as fronhas ampliadas dos candidatos e mensagens clonadas de outras que o marketing inventou há largas dezenas de anos. 
Curtas e vazias de sentido, resultam?
Parece que sim. De outro modo não se compreenderia o investimento em tão grande arraial de cartazes para o povo. 

Em Cascais, o senhor Carlos Carreiras faz questão de se impor ao virar de cada rotunda. Umas vezes só, outras acompanhado dos candidatos menores, os das freguesias.
Pelo menos numa rotunda, aquela em que desagua o trânsito da A16 que se dirige ao centro de Cascais pela Avenida de Sintra, o outdoor terá uns trinta metros quadrados de superfície, abarcando todo o arco sul da rotunda. 
Quem é que paga, e porque paga, toda esta exuberância publicitária a um candidato à renovação de mandato se com ele, segundo ele, Cascais avança?

A entrada de Cascais, pela marginal, junto ao Cascais Villa e ao Jumbo é um parque de vários casarões em ruínas há muitos anos. O senhor Carreiras não pode fazer nada para alterar o cenário de abertura de Cascais? Se ele não pode, quem pode?
Alguém alguma vez ouviu o senhor Carreiras falar neste assunto?
Ainda em frente ao Jumbo, do outro lado do caminho de ferro, na frente marítima, há um palacete que, segundo informação que recebi do anterior presidente da edilidade, é do domínio do ministério do ambiente. Crescem-lhe por fora as heras e por dentro os pombos. O senhor Carreiras também, neste caso, não tem nenhum voto na matéria?
No largo da estação de caminho de ferro autorizou o executivo anterior a construção de um imóvel que ocupava quase todo o quarteirão. Não passou das estruturas exteriores, ainda que tivesse sido promovida a venda de apartamentos por Figo e Catarina Furtado. Por razões certamente razoáveis decidiu a câmara do senhor Carreiras mandar demolir o já edificado para nele erguer coisa menos volumosa. Está agora  o terreno arrasado rodeado por uma cerca a cair apodrecida pelo tempo depois de ter estado coberta com cartazes a anunciar o melhor dos mundos para o sítio. 
Não tem nada, ainda neste caso,  a câmara que ver com o assunto?

Os exemplos de degradação urbana em Cascais nem são os únicos naquele município nem uma raridade no resto do país, apesar das actividades de reabilitação que estão a reactivar o sector da construção civil abalado pela crise. Há casos notáveis de recuperação, o centro histórico do Porto, por exemplo, já hoje apaga da nossa memória as imagens de decadência e ruína em que prédios de grande dignidade tinham caído. 

Para onde é que Cascais avança, senhor Carreiras?

Ao lado de Cascais, Oeiras tem progredido a olhos vistos.
Mas é, deveria ser, intolerável que se mantenha há dezenas de anos o enorme monte de ruínas em que se tornaram, com o passar do tempo, as instalações onde foram produzidas estruturas com amianto (ou asbestos) que estão a ser retirados de edifícios públicos por ameaçarem a saúde daqueles que neles trabalham. 
Estas ruínas de amianto situam-se na Cruz Quebrada no ponto onde o vale do Jamor chega ao Tejo, ao lado da via marginal. 
Algum dos candidatos se propõe mandar limpar o terreno da ameaça até que ao sítio seja dado destino adequado aos interesses da comunidade e à salvaguarda da saúde do que habitam perto ou por ali passam?
Se há essa intenção, não consta dos outdoors dos mais que muitos candidatos.
Para onde andam os movimentos ecologistas que não reparam neste escândalo à vista de quem só não vê quem desviar o olhar?

A propósito: Discute-se, menos que o desejável mas discute-se, o número de deputados da AR. 
Mas ninguém discute o número de autarcas que se atropela neste país. Porquê? 



2 comments:

francisco said...

Bem observado, Rui,e ainda te faltou mencionar o 'monstro' que vai emergir ao lado da praia de Carcavelos, do outro lado da marginal...a não ser que se trate de uma Universidade para veraneantes!!!para valorizar 'campus' universitários certamente não faltariam locais bem mais adequados...abç

Rui Fonseca said...


Obrigado pelo teu contributo, Francisco.

Abç