Houve
tempos em que os assaltos a bancos eram conseguidos a tiro se o caixa
não atendia à ameaça velada, "passa por cá toda a massa que há aí ou
hoje não sais daqui vivo". Geralmente, não havia tiros, toda a gente se
safava, sobretudo os assaltante que desapareciam num abrir e fechar de
olhos, a cavalo, ou, mais tarde em bólides de velocidade inalcançável
pela polícia.
Esta era a cena mais que repetida em filmes do oeste ao faroeste norte-americano.
Um destes filmes, mais gozado pela assistência, com vários festivais de tiros da polícia foi "Bonnie e Clyde", de 1967, que ia buscar à realidade vivida por um casal durante a "Grande Depressão". Terão matado, realmente pelo menos nove polícias e inúmeros civis, mas o filme era empolgante, e ninguém saía da sala a pensar nas vítimas.
Em Portugal, em 1967, houve um assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz, por Camilo Mortágua e Palma Inácio, mais dois aventureiros seus conhecidos.
A
filial do Banco de Portugal na Figueira, ocupava um espaço muito
restrito, quem tinha na cidade instalações à maneira era o Banco
Nacional Ultramarino.
Não
houve tiros, porque a surpresa gelou os funcionários em serviço,
tornou-se rocambolesca porque ninguém tinha as chaves do cofre, que era o
gerente e, mesmo assim, não era assunto que se resolvesse logo que
chegasse o gerente.
No fim, tudo correu bem, sem ter corrido sangue, os larápios saíram com o que havia.
Eu
não estava lá, mas um médico muito nosso conhecido, que estava no local
e assistiu a toda a confusão silenciosa enquanto os assaltantes não se
puseram ao fresco com as malas cheias de massa, tossia de tanto se rir
ao descrever as peripécias ocorridas naquela tarde de maio de 1967.
Vem
isto a propósito de um assalto a um banco, por dentro do banco, com
urbanidade, como convém em nas sociedades civilizadas de hoje. Sem tiros
e mais proveitos.
Está contado em "Os Delinquentes", e também pode ser visto no Nimas, um espaço onde vê bom cinema, sem pipocas.
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