Saturday, January 20, 2024

A MELHOR DEFESA É O ATAQUE

A melhor defesa contra Donald Trump é o ataque, afirmou anteontem Lagarde em Davos.
 
"Perante a possibilidade de Donald Trump vir a ser novamente eleito Presidente dos Estados Unidos, Lagarde defende que a União Europeia deve garantir a nível interno, "um mercado forte e profundo, com um verdadeiro mercado único". ...
 
Sound bites, bem enquadrados no seleccionado ambiente económico e financeiro de Davos, que esquecem ou querem fazer esquecer que a União Europeia ou se defende com armas, que, por enquanto não tem, ou é abatida impiedosamente, independentemente da unidade do mercado na sua área.
Se Trump é eleito, situação muito provável, a Ucrânia - ele já, indirectamente o garantiu - será oferecida a Putin e a NATO, sem os EUA, não terá capacidade de defesa e muito menos de ataque.  
Os regimes autocráticos submergirão em todo o espaço europeu os direitos a que nos habituámos, de liberdade de expressão e pensamento.
Exagero meu?
Supor que a liberdade se defende com armas económicas e ignorar a ameaça das armas atómicas de longo alcance denota visão muito limitada de todo o campo da UE a defender.
Ingenuidade de Christine Lagarde? Não penso que Lagarde seja tão ingénua, mas é difícil entender que ela observe a iminente ameaça de Trump, após as eleições em 8 de novembro, e, com esse alerta, queira convocar a resistência da União Europeia usando o reforço dos meios financeiros para enfrentar essa ameaça. 

A União Europeia consolidou de algum modo a sua identidade adoptando a moeda única, a que nem todos os países membros aderiram, não tem uma política de defesa comum suportada em forças armadas sujeitas a um comando-geral, não tem política comum de representação externa, sem a qual ameaça estilhaçar-se mesmo antes de Trump aparecer no palco da Casa Branca. 
Órban (mas não só) é amigo de Putin, Putin é inimigo da União Europeia, Trump é amigo de Putin, como é que a senhora Lagarde quer afastar a ameaça com políticas que ignoram as maiores fragilidades da União Europeia, e que ela se propõe agora instalar quando durante os últimos quatro anos (é presidente do BCE desde novembro de 2019) não o fez ou não conseguiu que fosse feito?

Percebe-se que Lagarde falou em Davos porque foi convidada a intervir. O que não se percebe é a razão porque levou o fantasma de Trump para a sala sem, realmente, saber como se pode enfrentá-lo.

1 comment:

Rogério Silva said...

Levo Rui e desculpa-me pois mesmo sem a tua permissão vou "re" publicar.
Grande abraço.