também pode ser visto no Nimas, onde há bom cinema sem pipocas.
A generalidade da crítica atribui-lhe três ou quatro estrelas, um ou outro o máximo, cinco estrelas, mas com a bitola colocada tão alta, desilude.
"Duas pessoas solitárias encontram-se por acaso na noite de Helsínquia e
tentam encontrar o primeiro, único e último amor das suas vidas. Mas o
caminho para atingir esse objectivo é cheio de obstáculos: o alcoolismo,
números de telefone perdidos, não saberem o nome um do outro. E a
tendência geral da vida em criar obstáculos no caminho daqueles que
buscam a felicidade ..."
O realizador finlandês reside no inverno em Portugal, gosta de ir almoçar peixe a Matosinhos, compara os portugueses aos finlandeses na moderação das conversas em locais públicos, e tem predileção por evidenciar no seu cinema as dificuldades das vidas dos perdedores. Mas a comparação é, neste caso, não conheço as suas outras obras, deslocada.
A Finlândia ocupa no ranking do HDI (indicador do desenvolvimento humano) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, no relatório anual 2021/2022, o 11º. lugar, Portugal o 38º. A taxa de incidência de pobreza em Portugal em 2022 ascendeu a 25,6%; o risco de pobreza na Finlândia é de 12,7%, e, reportando-se este indicador ao nível médio dos salários, aqueles que se encontram em situação de pobreza na Finlândia são muito menos pobres que os muito pobres portugueses.
Um dos focos determinantes nas dificuldades da vida dos perdedores (loosers, na terminologia do realizador finlandês) é o alcoolismo. Também neste caso o consumo per capita de alcool, em litros de alcool puro, é significativamente superior em Portugal (10,37 litros) ao que se observa na Finlândia (8,23)
Se a intenção do sr. Aki Kaurismäki é causar estremecimento evidenciando a desgraça dos perdedores, escolheu mal o local.
Aqui, neste país que ele tanto gosta, come bem quem pode comer bem.
O filme tem uma magnífica fotografia, uma história simples, e é curta.
Recomendo-o. Concedo três estrelas.
(Retire-se desta foto o personagem masculino, situação que ocorre na cena seguinte do filme, e a pintura de Edward Hopper - pintor da solidão - é flagrante)
Público
Expresso
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