Depoimento de Pedro Queiroz Pereira liga Salgado a Marcelo - aqui
Ricardo Salgado terá procurado reforçar a relação com Marcelo Rebelo de Sousa através da namorada do atual Presidente da República, segundo o depoimento do já falecido Pedro Queiroz Pereira.
Pedro Queiroz Pereira, antigo dono da Semapa, depôs no
processo crime do Banco Espírito Santo (BES) a 31 de janeiro de 2018, meses
antes de morrer. E, nessa altura, contou vários episódios que ligam Ricardo
Salgado a Marcelo Rebelo de Sousa.
A história é contada na edição desta quinta-feira, 15 de abril, da Sábado. Segundo a revista,
Pedro Queiroz Pereira lembra que, após um conflito entre os dois, Ricardo
Salgado quis recuperar a relação com Marcelo - e tê-lo-á feito através da
namorada do atual Presidente da República, Rita Amaral Cabral.
"O dr. Ricardo Salgado pegou no departamento jurídico do Grupo Espírito Santo e mandou entregar trabalho de cobranças à dra. Rita Amaral Cabral", descreveu Queiroz Pereira, no depoimento citado pela Sábado. "Se for ao escritório da dra. Rita Amaral Cabral, verá que mais de metade, 60%, do trabalho era o BES que lho dava, o que era uma forma de comprar o professor Marcelo Rebelo de Sousa", acrescentou.
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Sobre este tema, Marcelo Rebelo de Sousa afirma, em declarações à Sábado: "Eu sou incomprável e os portugueses sabem disso".
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José Sócrates: "É altura de acabarmos com isto, Zé Alberto!!" - aqui
A temperatura subiu quando o entrevistador, José Alberto Carvalho, apertou o ex-primeiro-ministro sobre o dinheiro que recebeu em notas do amigo. Sócrates mantém que é tudo mentira.
Sábado 14 de Abril de 2021 às 22:37
Ao longo do processo da Operação Marquês, o Ministério Público teve sempre um problema: como provar que José Sócrates fora corrompido em milhões de euros. Mas o ex-primeiro-ministro teve sempre um problema do outro lado do espelho: como explicar a origem e razão de ser daquele dinheiro recebido em notas, e com conversa telefónica em código com o amigo e empresário Carlos Santos Silva. Na entrevista hoje à TVI, a temperatura em estúdio subiu quando o entrevistador foi apertando Sócrates com esta questão: o dinheiro. O do amigo com quem tinha "um papel" para seguir a conta corrente de centenas de milhares de euros, o da mãe que era "rica".
"É altura de acabarmos com isto, Zé Alberto!", afirmou Sócrates notoriamente irritado. José Alberto Carvalho tinha acabado de começar a falar sobre a conta no BES de Carlos Santos Silva, mas vinha de descrever, um a um, um mês inteiro de levantamentos dessa conta: "no dia 2 de setembro: 3 mil euros; no dia 10 de setembro: 10 mil euros; no dia 10 de setembro outra vez: mais 5 mil euros; no dia 16 de setembro: 10 mil euros; no dia 17 mil euros: 5 mil euros; no dia 18 mil euros: 5 mil euros; nos dias 23 e 27: 10 mil euros".
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Sócrates começou por dizer que era "mentira"
que esses levantamentos fossem para ele, argumentou de seguida que isso era o
que "a acusação diz" e não o juiz Ivo Rosa - que validou esses
indícios ao pronunciar o ex-primeiro-ministro por seis crimes - e mais à frente
argumentou que "nem todos esses levantamentos" eram "para
me entregar a mim".
O entrevistador citou depois os 127 levantamentos de quase um milhão de euros
feitos por Carlos Santos Silva para entregar a Sócrates, segundo a acusação,
sublinhou o facto de ser tudo feito em dinheiro e de haver escutas que mostram
conversas em código (com o uso de palavras como "fotocópias", entre
outras). O ex-primeiro-ministro afirmou que iria "rever as escutas" -
o processo corre há sete anos - e alegou falta de memória sobre o tom das
conversas. "Não tenho memória nenhuma que numa conversa com o Carlos eu
lhe tenha falado em fotocópias para lhe falar de dinheiro", afirmou.
"Não era o padrão da minha conversa com o engenheiro Carlos Santos
Silva", juntou.
As dificuldades em produzir uma narrativa consistente foram notórias e foram
irritando José Sócrates, que vinha do triunfo relativo conseguido na passada
sexta-feira, quando o juiz Ivo Rosa destruiu a maior parte da acusação do
Ministério Público - deixando-o, ainda assim, com uma ida a julgamento por pelo
seis crimes e apontando, de forma surpreendente, que terá havido um crime de
corrupção. A parte central da entrevista acabou por ser, contudo, aquela em que
o entrevistador deu uma oportunidade ao ex-primeiro-ministro de dar uma
explicação para todo aquele estranho circuito de notas - o teste não foi
passado.
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"Não foi vida de luxo, foi investimento em educação", afirmou a certa altura Sócrates sobre a sua vida em Paris, feita num apartamento de luxo no mais exclusivo bairro da capital francesa. Noutra parte, prometeu que levaria ao entrevistador "um almanaque de 1943 onde vem a reportagem do meu avô", e que notava como ele já era rico. Para provar que o dinheiro na conta do amigo não era dele, Sócrates fez o teste das escutas, das quais desta vez já se lembrava bem: foi por não ter reagido à falência do BES naquelas conversas gravadas, em 2014, que "provou" que o dinheiro na conta do BES do amigo Carlos Santos Silva não era dele. Entre estas explicações de geometria variável, o ex-primeiro-ministro foi recorrendo à vitimização.
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