A notícia é publicada hoje no Expresso, aqui, mas é uma proposta tímida. Há pelo menos dezoito anos que prevejo que um dia quem quiser trabalhar tem de pagar por isso.
Escrevi vários apontamentos sobre o assunto, um deles ficcionado, Admirável Mundo Velho, neste bloco de notas.
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Receber 1600 euros para não fazer nada? É a proposta de uma Universidade alemã
O projeto de "inatividade ativa" é concebido como uma forma de ajudar a perceber os efeitos negativos da atividade humana no mundo. Algo que se tem de levar a sério, e portanto merece um esforço
Subsídios
para não fazer nada. Parece o sonho dos preguiçosos, e é o argumento
que usam os inimigos do estado social, ou pelo menos de algumas
categorias de pessoas que supostamente abusam dele. Uma universidade
alemã resolveu transformar a ideia num projeto sério.
Cidadãos de
toda a Alemanha podem candidatar-se a bolsas de 1600 euros em qualquer
área de "inatividade ativa", a fim de promover a reflexão sobre dois
valores contemporâneos importantes - o do sucesso e o da
sustentabilidade - e as tensões que há entre eles. O objetivo último é
identificar atividades que tenham o menor efeito negativo possível sobre
a vida das outras pessoas.
Segundo o diário britânico "The
Guardian", na candidatura os candidatos devem explicar o que é que
querem não fazer, durante quanto tempo, porque é que é especialmente
importante não fazer isso, e porque é que aquele candidato é a pessoa
certa para tal. Os formulários devem ser remetidos para a Universidade
de Belas Artes de Hamburgo, que criou o projeto.
Conforme
reconhece o arquiteto responsável pela ideia, não fazer nada está longe
de ser fácil, ao contrário do que parece. Entre os exemplos que ele dá:
não se mexer, não pensar, não dormir e não comprar nada. Alguns serão à
partida mais difíceis de cumprir do que outros, mas todos implicam os
seus desafios.
Os subsídios serão pagos em janeiro, quando as
pessoas apresentarem o seu "relatório de experiência", mas antes, em
novembro, haverá uma exposição onde as candidaturas poderão ser vistas.
Título: A Escola da Inconsequencialidade: Para uma Vida Melhor".
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