Thursday, August 06, 2015

A CADA QUAL A VERDADE QUE LHE CONVÉM

c/p aqui

São possíveis duas, ou mais, leituras opostas deste gráfico?
São, se as leituras forem distorcidas pela defesa de interesses partidários.

Porque é inquestionável que se no 2º. trimestre de 2011 o número de empregados e desempregados (à procura de emprego) era de cerca de 5,5 milhões de pessoas e no 2º trimestre de 2015 cerca de 5,2 milhões, há cerca de 300 mil que durante esse intervalo de tempo
- ou emigraram
- ou retornaram aos países de origem
- ou desistiram de procurar emprego.

E nem o Governo nem a Oposição candidata a governar podem, razoavelmente, reclamar méritos porque não há méritos a distribuir. 
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Rect. - "Verifica-se desde 2010, uma tendência de decréscimo populacional. Nos últimos 3 anos, a população residente em Portugal diminuiu cerca de 145 mil pessoas, para o que concorreram saldos naturais e saldos migratórios acumulados negativos: saldo natural de - 47 505 pessoas e saldo migratório de - 97 915 pessoas. " - inf. do INE no Dia Mundial da População - 10 de Julho de 2014.

Em comentário anexo a este apontamento, IsabelPS observa, e bem, que o saldo natural tem que ser considerado nestas contas. Não tendo encontrado dados mais recentes, admito que os valores não se terão alterado significativamente no período de quatro anos iniciado um ano depois. 

7 comments:

Bartolomeu said...

A base da questão, é mesmo essa: «não há meritos a distribuir», convém a crescentar; aos governos socialista e coligação. Os méritos reconhecíveis, pertencem aos pequenos e médios empresários que têm conseguido resistir a todas as dificuldades e manter ou reduzir o mínimo de postos de trabalho nas suas empresas.
Mas, esses vão escasseando e o lamaçal estagnado é já de tal forma abrangente e sufocante que é difícil (pelo menos é-o para mim) descortinar políticas capazes de permitir uma recuperação parcial, muito menos total como nos é eleitoralmente impingido.

IsabelPS said...

Nos que desistiram de procurar emprego inclui os que morreram, é isso? Então e o saldo natural a baixar e o envelhecimento da população?

Rui Fonseca said...

Tem muita razão, IsabelPS. O saldo demográfico entre nascimentos e óbitos também tem de entrar nas contas.
Dei pela falta quando não tinha possibilidade de avaliar esse saldo, e era minha intenção corrigir o texto logo que possível.
A IsabelPS, antecipou-se, e eu agradeço.
Vou corrigir, quantificando, logo que conheça os dados que me faltam. Obrigado.
De qualquer modo, suponho, as conclusões não se alteram significativamente: nem o Governo nem a Oposição candidata têm motivos para mutuamente se atirarem pedradas.

IsabelPS said...

Presumo, sem saber nada do assunto, que aquilo que efectivamente interessa às pessoas é a criação de postos de trabalho (não vou obviamente entrar na discussão idiota sobre desemprego oficial, real, etc, porque só se podem comparar coisas comparáveis e não é por darem mais ou menos jeito que se mudam os indicadores a meio). Será isso, penso eu, que dará a indicação de uma economia a recompor-se.

Rui Fonseca said...

A discussão em causa não e idiota.
O que eles pensam é que somos todos idiotas.

Concordo consigo, IsabelPS, que o ponto crítico é a criação de empregos. Mas empregos em actividades sustentáveis. Durante a primeira década deste século criaram-se muitos empregos em obras de construção e obras públicas que, forçosamente, um dia teriam de ser perdidos. Não aconteceu apenas em Portugal, pois não, mas a crise, que já vinha de trás, acentuou-se pelo desvio de recursos e crédito excessivo para os sectores geralmente designados por não transaccionáveis. Inverteu o actual Governo o caminho errado? Não. É por isso que a discussão não é idiota porque faz parte de um jogo em que os jogadores tomam os espectadores por idiotas.

IsabelPS said...

Não sei, pareceu-me que o Rui estava a criticar um dia destes na Destreza das Dúvidas o aumento da produtividade através da destruição preferencial do emprego não qualificado. Pelo menos foi assim que eu entendi.
Tenho alguma dificuldade em navegar as estatísticas do emprego e do desemprego, mas fiquei com a impressão de que as pessoas que estão agora a entrar no mercado de trabalho são as mais qualificadas (ou pelo menos, com algumas qualificaçoes). E que o desemprego de longa duração afecta sobretudo os trabalhadores não qualificados.
O problema destas pessoas é dramático e não é de todo fácil de resolver, mas não se pode querer sol na eira e chuva no nabal, pois não? Não se pode desejar o desenvolvimento de actividades sustentáveis e, ao mesmo tempo, a criação de empregos na construção civil para os trabalhadores que nunca aprenderam nada senão a assentar tijolos. Quando olho à minha volta fico aterrada com a falta de alternativas para esta gente toda.

Rui Fonseca said...


Não devo ter sido eu quem fez a crítica que refere.
E concordo com o que diz.
Volte sempre!