Monday, September 11, 2006

O ANEL DE BIN LADEN


A RTP 2, que vive em parte à custa das contribuições de todos os portugueses, decidiu dar guarida a um filme de ficção cretina que pretende demonstrar que o 11 de Setembro foi obra de uma golpada montada por Bush e pela sua quadrilha.

O Bin Laden não teve nada a ver com o assunto, o Pentágono foi perfurado, talvez por um míssil, e não rebentado pelo embate de um qualquer avião. O que se passou foi o resultado de uma gigantesca operação, programada ao milímetro, e que envolveu o desaparecimento de aviões e pessoas em parte incerta mas não contra o Pentágono, ou contra o solo na Pensilvânia. Quanto às torres, caíram porque nelas foi aplicado o processo de destruição controlada de imóveis; do embate dos aviões não poderia nunca resultar, só por si, a derrocada das Twin.

Além do mais, o Bin Laden, que tinha começado por negar a intervenção da Al-Qaeda, e veio mais tarde dar o dito por não dito, confirmando que, afinal, sim senhor o 11 de Setembro tinha sido obra do seu “franchising” do terror, não era o Bin Laden. O Bin Laden a sério é canhoto e não usa anel, por obediência à lei corânica.

Este filme foi, como se disse, transmitido na RTP 2 e em sequência (ou como parte integrante, fiquei na dúvida) de um programa em que participou o actual Ministro do Ensino Superior.
A questão seria tão menos séria quanto o filme se não se desse o caso de ele reflectir um sentimento anti-americano muito generalizado na Europa (ainda que o filme tenha sido produzido nos EUA). Seguramente que milhões de pessoas nesta Europa dependente dos EUA, pelo menos desde o início do século passado, engoliram, ou estão a engolir, sem provar, o elixir do despeito que a hegemonia militar norte-americana lhes suscita. E George W. Bush, ainda que se tenha esforçado bastante por isso, não é origem nem reforça significativamente aquele sentimento, que tem outras raízes.

Voltando ao anel: Ainda que involuntariamente, “a prova do anel” envolve, também ela, uma ressonância que embriaga os sentidos dos desprevenidos ou dos bens intencionados: a de que Bin Laden e os seus sequazes no “franchising” do terror se movem por ditames religiosos ou civilizacionais. Ainda que este fosse o caso, compreende-se mal que a Europa das democracias e dos direitos humanos tergiverse no caminho que delineou há séculos.

Mas não é esse o caso. O anel de Bin Laden, se existe, é um anel de ambição ilimitada de poder que não consente nem está interessada em qualquer espécie de diálogo. Esse anel existe e só não vê quem não quer ver ou não está interessado nisso.

A esquerda-caviar e a esquerda- dinossáurica, por exemplo.

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