Friday, November 05, 2021

TUDO MENOS SACERDOTE. DEFINITIVAMENTE!

Freira franciscana e cientista política é primeira mulher “número dois” do Vaticano - aqui

Raffaella Petrini tem 52 anos e é licenciada em Ciências Políticas. O Papa Francisco tem vindo a dar visibilidade ao trabalho das mulheres na Igreja e, em Agosto, escolheu seis como especialistas leigas do Conselho de Economia.

 
Raffaella Petrini, à esquerda Reuters/VATICAN MEDIA 
 
 
O Papa Francisco nomeou secretária-geral da Governação do Estado da Cidade do Vaticano a freira franciscana e cientista política Raffaella Petrini, tornando-a assim a primeira mulher a ocupar o cargo de “número dois” do Vaticano.

Petrini, de 52 anos, que até agora era funcionária da Congregação para a Evangelização dos Povos, nasceu em Roma e pertence à Congregação das Irmãs Franciscanas da Eucaristia.

É licenciada em Ciências Políticas pela Universidade Internacional Livre de Guido Carli e doutorada pela Pontifícia Universidade de San Tommaso d'Aquino, onde actualmente é professora de Economia do Bem-Estar e Sociologia dos Processos Económicos.

O Papa Francisco tem vindo a dar visibilidade ao trabalho das mulheres na Igreja e, em Agosto, escolheu seis como especialistas leigas do Conselho de Economia.

Uma delas, a professora Charlotte Kreuter-Kirchhof, foi nomeada vice-coordenadora deste conselho em Setembro.

---- Por que não podem as mulheres ser padres

A Igreja Católica argumenta que não pode ordenar mulheres como sacerdotisas porque não tem sequer essa faculdade. Advoga que se limita a seguir a tradição começada por Jesus Cristo, que apenas escolheu homens como discípulos.

A posição da Igreja relativamente a este assunto está formalizada numa carta apostólica de 1994, assinada pelo Papa João Paulo II. Neste documento, intitulado Ordinatio Sacerdotalis, o Papa define que “esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja”.

O documento cita uma outra declaração, aprovada pelo Papa Paulo VI em 1976, onde são apresentados seis argumentos para impedir o acesso das mulheres àquele sacramento:

  1. A tradição da Igreja, que foi sempre mantida “de tal maneira firme” que nunca foi contestada. “Todas as vezes que esta tradição teve oportunidade para se manifestar, ela deu testemunho da vontade da Igreja de se conformar com o modelo que o Senhor lhe havia deixado”, lê-se no documento.
  2. A atitude de Jesus Cristo, que não chamou nenhuma mulher para o grupo dos apóstolos.
  3. A prática dos apóstolos que, apesar de reservarem um “lugar privilegiado” para Maria, sempre se mantiveram fiéis “à atitude de Jesus”.
  4. O “valor permanente da atitude de Jesus e dos apóstolos”. Isto é, as atitudes de Jesus não podem ser desligadas atualmente do comportamento da Igreja. Segundo a declaração de 1976, a prática “é seguida assim porque é considerada conforme com os desígnios de Deus sobre a sua Igreja”.
  5. O padre atua in persona Christi, o que quer dizer que age “na pessoa de Cristo”. Por isso, argumenta a Igreja, “não se pode transcurar o facto de que Cristo é um homem”, o que significa que “o seu papel há de ser desempenhado por um homem”. Ainda assim, recorda o documento, “isto não depende de haver neste último superioridade alguma pessoal na ordem dos valores, mas tão-somente de uma diversidade de facto, ao nível das funções e do serviço”.
  6. Em última análise, a escolha é de Deus e não do homem, segundo a explicação oficial do Vaticano. Mais do que isso, “o sacerdócio não é conferido para honra ou para simples vantagem daquele que o recebe; mas sim para ser um serviço a Deus e à Igreja”, lê-se no documento.

 

 

1 comment:

Mosaicos em Português said...

Bem, religião, não tenho, mas o argumento da 'tradição' faz lembrar o de São Paulo aos Efésios e aos Colocenses quanto à submissão das mulheres aos maridos. https://mosaicosemportugues.blogspot.com/2021/09/esposas-sede-submissas-pois.html
Talvez não fosse completamente inoportuno aprofundar a discussão - objetiva e desempoeirada - de um e do outro tema, bem como dos restantes que vão dizimando a Igreja Católica...