Jovem prodígio pagava luxos com esquema Ponzi em criptomoedas
Animado pela confiança juvenil, Qin, um autoproclamado prodígio da
matemática da Austrália, deixou a faculdade em 2016 para lançar um hedge
fund em Nova Iorque que chamou de Virgil Capital.
Qin disse a potenciais clientes que
havia desenvolvido um algoritmo chamado Tenjin para monitorizar as
trocas de criptomoedas em todo o mundo e obter lucro com as oscilações
de preços. Pouco mais de um ano depois do lançamento, gabava-se que o
fundo tinha tido um retorno de 500%, alegação que gerou um fluxo de
capital novo de investidores.
O jovem ganhou tanto dinheiro que
assinou um contrato de arrendamento de 23 mil dólares por mês em
setembro de 2019 por um apartamento no 50 West, um condomínio de luxo de
64 andares no distrito financeiro de Manhattan, com piscina, sauna,
banheira de hidromassagem e simulador de golfe.
Na verdade, segundo os
procuradores federais, a operação era uma mentira, essencialmente um
esquema Ponzi que levou cerca de 90 milhões de dólares de mais de 100
investidores que ajudaram a pagar o estilo de vida luxuoso de Qin e os
seus investimentos pessoais em apostas de alto risco como ofertas
iniciais de moedas.
A certa altura, perante as reclamações por dinheiro de vários
clientes, Qin culpou a "má gestão do fluxo de caixa" e "agiotas na
China" pelos seus problemas. Na semana passada, o jovem, agora com 24
anos, demonstrou remorsos e declarou-se culpado num tribunal federal de
Manhattan por uma única acusação de fraude de valores mobiliários.
"Eu sabia que o que estava a fazer era
errado e ilegal", disse Qin à juíza distrital dos Estados Unidos Valerie
E. Caproni, que pode condená-lo a mais de 15 anos de prisão. "Lamento
profundamente as minhas ações e vou passar o resto da vida a culpar-me
pelo que fiz. Lamento profundamente os danos que o meu comportamento
egoísta causou aos meus investidores que confiaram em mim, aos meus
funcionários e à minha família."
Investidores ávidos
O caso faz eco de fraudes semelhantes com criptomoedas, como a da BitConnect, com promessas de
retorno de dois ou três dígitos que causaram perdas de milhares de
milhões a investidores. Esquemas Ponzi desse tipo mostram como
investidores ávidos por obter lucros num mercado aquecido podem ser
facilmente enganados por promessas de grandes retornos. A bolsa
canadiana QuadrigaCX colapsou em 2019 devido a uma fraude, gerando
perdas de pelo menos 125 milhões de dólares a 76 mil investidores.
Embora a supervisão regulatória do
setor de criptomoedas esteja a aumentar, o segmento está repleto de
participantes inexperientes. Vários dos cerca de 800 fundos de
criptomoedas em todo o mundo são geridos por pessoas sem qualquer
conhecimento de Wall Street ou finanças, incluindo alguns estudantes
universitários e recém-formados que lançaram fundos há alguns anos.
c/p - Jornal de Negócios
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