Pedro Romano comentava, aqui, há dias um artigo do Economist, vd. aqui, revelando o erro sistemático dos analistas nas projecções da evolução dos mercados accionistas e obrigacionistas. A explicação de PR para uma tendência para errar, que já dura há três décadas, parece-me excessivamente rebuscada e coloquei um comentário que não mereceu acordo nem contestação do autor.
Comentário que, resumidamente, afirma a minha convicção de que as previsões dos analistas financeiros são geralmente optimistas porque esse é o cenário que interessa aos agentes financeiros.
Hoje, em contraditório com um comentador que afirma "Se o Pedro Romano estiver certo, as instituições vão aperceber-se deste erro sistemático em particular, e alterar as suas previsões em conformidade" acrescentei:
"... nunca vi um vendedor reconhecer que o mercado (de comodities) vai cair, ou continuar a cair, nem nenhum comprador reconhecer que o mercado vai subir, ou continuar a subir. Simplemente reagem de acordo com aquilo que sabem ou pressentem. Salvo se, inside trading, tiram partido de posições privilegiadas...
Pergunte -se a um agente de imobiliário se o mercado está a subir ou a descer, como comprador. Ou como vendedor, tanto faz. No primeiro caso, o prognóstico é que está a subir. No segundo caso, mais complicado porque mercado em queda não interessa ao negócio do agente, dir-lhe-á reticentemente que está a cair.
Os mercados financeiros não se distinguem muito, neste aspecto, dos mercados de comodities. Os agentes financeiros ganham nas compras e nas vendas mas, obviamente, interessa-lhes mais um mercado vendedor (bull market) que um mercado comprador (bearing market) porque o volume de transacções é, neste último caso, muito menos compensador."
Curiosamente, ou talvez não, porque o que não falta é gente a opinar sobre os mercados financeiros, um opinador no JNegócios - vd. aqui - depois de um circunlóquio disperso, tendo começado por afirmar que é "falta de senso absolouto" investir em dívida pública portuguesa acaba por informar que o que valeu a pena foi investir na bolsa de Paris em 2016. Saberia ele que essa era a melhor e mais segura aposta no começo do ano passado?
Por que não nos deu uma dica?
Curiosamente no mesmo JNegócios de hoje pode ler-se que "os investidores receiam o efeito Le Pen", e, ainda no mesmo jornal, que "O Frexit poderá custar 80 mil milhões aos franceses"
Quem dá mais?
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