O SOL DO FUTURO, na tradução portuguesa do título original italiano "IL SOL DELL´AVVENIRE", é a mais recente realização de Nanni Moretti, insatisfeito por produzir/realizar tão pouco.
A motivação de agora é a
Revolução Húngara de outubro de 1956, esmagada menos de um mês depois pelos tanques soviéticos. Nanni Moretti, enredado em dúvidas (e dívidas) sobre a forma como concretizar o seu objectivo artístico e no relacionamento com a sua mulher, também ela envolvida na arte cinematográfica, acaba por terminar o filme com uma saída irónica (só pode ser irónica) que resume as consequências das fracturas que a revolução húngara de 1956 teve no movimento comunista internacional, com particular incidência nos países não abrangidos pela constelação soviética: estamos com os que combatem pela liberdade em Budapeste mas continuamos fiéis ao nosso partido.
O drama vivido em Budapeste naqueles breves dias de uma revolução abafada que matou mais de 2,5 mil soldados húngaros e cerca de 700 soldados soviéticos e causou mais de 200 mil refugiados húngaros, prisões em massa e denúncias que continuaram durante meses, não faz parte do guião de Nanni Moretti.
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É curiosa a coincidência de há já muito tempo o governo húngaro após a fragmentação da União Soviética ser hoje, para além de membro materialmente interessado na União Europeia, um descarado apoiante do regime em Moscovo e admirador da sua política tendencialmente totalitária.
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O SOL DO FUTURO"Giovanni é realizador e marido de Paola, uma produtora de cinema com
quem trabalha há anos. Enquanto ele se dedica a uma longa-metragem sobre
a Revolução Húngara de 1956, ela começa a trabalhar numa outra produção
cinematográfica, algo que o deixa bastante ressentido.
E tudo parece estar contra o projecto de Giovanni: a indústria
cinematográfica enfrenta mudanças de paradigma difíceis de contornar, o
seu casamento aparenta alguns sinais de estar em crise e o co-produtor
do seu filme está à beira da falência. Com tudo isto a acontecer ao
mesmo tempo, ele vê-se a repensar a forma como encara a vida e a própria
arte, a quem se entregou de corpo e alma." - c/p aqui
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