Quem passa pela Praça de Espanha, em Lisboa, não passa sem deparar-se com outdoors durante todo o ano. Refiro a Praça de Espanha como poderia referir outras praças de Lisboa ou de outras cidades deste país, mas se refiro a Praça de Espanha é porque, para além de cartazes de todo o ano de partidos políticos prometendo-nos, todos eles, o melhor dos mundos, a Junta de Freguesia das Avenidas Novas colocou ali, e em outros locais da sua área, grandes cartazes com uma mensagem "SE FOSSE EU A MANDAR", acompanhada de fotografia de dois figurantes, e a indicação do anunciante - a Junta de Freguesia das Avenidas Novas.
A mensagem pretende, segundo me disseram, convidar os fregueses (a designação é dúbia mas parece ter ganho raízes) a participarem na eleição de três projectos sustentados por um minúsculo orçamento total de 150 mil euros. Quanto vai despender a Junta de Freguesia das Avenidas Novas na promoção do convite à participação dos seus fregueses se considerarmos que os outdoors são apenas uma parte, mas a mais visível, das despesas para promover a ilusão da participação no governo da freguesia?
Reconheça-se que esta acção da J F das Avenidas Novas, mais promocional dos políticos que das políticas, não é original nem pioneira. Outros municípios, outras juntas de freguesia, embarcaram alegremente nesta forma de iludir o pagode gastando-lhe dinheiro com proveito para a promoção política dos autarcas e o dos produtores dos outdoors.
Para além da demagogia do dispêndio acresce a chocante conspurcação do ambiente. Naquela praça, como em outras praças, avenidas e ruas, deste país à beira da falência, os outdoors sobrepõem-se à vegetação ali plantada transformando-a visualmente numa floresta de cartazes. E se outras as freguesias de Lisboa, ou todas, por que não?, se todas as freguesias deste país, colocassem outdoors a promoverem os seus orçamentos participativos?
Alguém mais se indignaria?
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