Thursday, January 12, 2012

VALHA-NOS O PASTEL DE NATA!


Por que é que não conseguimos exportar o pastel de nata?
Por quê, senhores?,
Como é que nunca ocorreu a ninguém
que o pastel de nata,
nascido em Belém,
notem bem!,
pode ser a nossa salvação?
Estranho,
não?
Temos uma mina aqui ao pé da mão,
e não temos ido além da bicha pró pastel ao fim-de-semana !!!!

Aliás,
o que não nos falta são minas de pastéis para exportar:
pastel de Tentúgal,
pastel de bacalhau,
não confundir com as pataniscas, outra delícia,
(mas patanisca não é pastel, não),
pastel de feijão,
pastel de cerveja,
é inesgotável a mina da pastelaria portuguesa
senhores!
A barriga de freira, uma tentação, não?
Abade de Priscos, outra,
O bolo-rei!
As escarpiadas,
Os coscurões,
As filhoses,
Senhores, fogo à peça!
Há alguma coisa que impeça exportar,
por exemplo,
o pão-de-ló?
E os Dom Rodrigos?
E a palha de Abrantes
mas, antes,
que não se esqueça a reexportação
do Álvaro.

6 comments:

aix said...

Parabéns pela 'charge' rimada.
Além dos que citas
temos ainda para exportar
'jesuitas'.
A ideia não é má,
Mas não vamos é exportar os Álvaros
Queremos que fiquem por cá
Para enganar os papálv(ar)os.
Abç até 4ªf.

rui fonseca said...

Até quarta!

Abç

Anonymous said...

Estranha conversa. Os pastéis de nata devem ser o produto alimentar português que mais se espalhou pelo mundo fora nos últimos tempos. Não café "trendy" em Bruxelas que não sirva umas "natas", por exemplo. Pelo que sei, são também muito populares na Ásia.

Eu penso que o que o Álvaro quis dizer foi que nenhuma empresa portuguesa teve a ideia de fazer deles uma "marca", como a McDonald com os seus hamburgers ou o Nando com os seus piri-piris. E a razão por detrás disso merece reflexão. Mas convinha que ele se explicasse melhor.

IsabelPS

rui fonseca said...
This comment has been removed by a blog administrator.
rui fonseca said...

Obrigado, Isabel, pelo seu comentário

Aiás, a Isabel dá resposta à dúvida que coloca.

Do que estamos a falar, mais do que de produtos é de marcas que falamos. O McDonalds vende hamburgers? Não. Vende uma marca e uma organização.

Há mais quem venda hamburgers, com outras marcas, sem chegar aos calcanhares da McDonalds.
Há uma diferença enorme entre uma coisa e outra.

Se em Bruxelas se vendem umas "natas" isso apenas significa que há quem aprecie "natas"
(eu aprecio) como há quem aprecie outros tipos de doçaria.

Fazer disso um negócio com impacto internacional talvez seja possível.

Talvez o Álvaro, se se dedicasse ao ramo, fizesse fortuna, quem sabe?

Comparar a exportação de pasteis de nata com a exportação de cerejas, ou outro fruto exótico, ou fora de estação não faz sentido nenhum.

Os restaurantes italianos vendem quase tudo procedente de itália: as massas, o vinho, águas, azeite, etc., e com isso divulgam e fazem entrar os mesmos produtos nos supermercados. Mas o "tiramisu"
é "home made".

Em contrapartida não se vêm produtos exportáveis portugueses: vinho, azeite, salsicharia, por exemplo.

Comparar o "pastel de nata" com o "donut" também não faz sentido.
Mesmo assim, tanto quanto julgo saber, o "franchisado" em Portugal está com grandes problemas

Há produtos que não são industrializáveis sob pena de perderem todo o seu carácter.
É o caso da pastelaria, em geral.

Salvo melhor opinião.

Anonymous said...

Transcrevo do DN de hoje, 14/01:

O pastel do Álvaro
por PEDRO MARQUES LOPESHoje29 comentários



Um cavalheiro que conhece as empresas e os empresários portuguesas através duns livros que leu na sua zona de conforto, lá para os lados da América do Norte, teve uma ideia brilhante: é preciso exportar o pastel de nata. Claro que não se preocupou em explicar como é que a coisa se faria, nem entrou em minudências como procurar saber se já se vendem os tais bolos por esse mundo fora e demais pormenores sem importância. Bastou-lhe dar o exemplo da sul-africana Nando's. Às tantas, essa companhia deixa uns milhares de euros todos os anos em Portugal e ninguém sabia.

Para mim, este tipo de ideias geniais não são propriamente uma novidade. Já ouvi essa conversa uns milhares de vezes. Ouvi-a em táxis, em jantares bem regados, durante paleios de café em soalheiros domingos de manhã, em programas de rádio e TV em que as pessoas desabafam e até em palestras universitárias muitíssimo sérias.

Estou convencido de que o cavalheiro ainda não frequentou com a assiduidade necessária esses locais. Só assim se explica não ter referido que o nosso café é o melhor do mundo, que não se percebe porque é que o nosso azeite não rega todos os alimentos do universo, que as nossas laranjas dão dez a zero às espanholas, porque diabo não exportamos sardinhas e o nosso extra- ordinário peixe ou o verdadeiro clássico: porque é que não se encontram garrafas do nosso vinho em todos os restaurantes e supermercados da terra.

Normalmente, depois da douta reflexão, vem a esperada conclusão: os nossos empresários são um bando de idiotas. Ali, defronte deles, a oportunidade de exportar, de ganhar dinheiro, e eles... nada. Uns nabos.

Escusado será dizer que todos aqueles sobredotados que mudariam o rumo das empresas portuguesas não fazem a mais pequena ideia do que estão a dizer, nunca arriscaram um tostão que fosse num empreendimento empresarial e têm raiva de quem arriscou e ganhou e desprezam quem apostou e perdeu. Claro que não é grave. No fundo é apenas converseta para matar o tempo e não passa disso mesmo.