Thursday, December 21, 2023

BIDEN NÃO SERÁ REELEITO. TRUMP TAMBÉM NÃO.

Porquê?
 
As razões, não sei se poderemos considerá-las assim, estão aqui:

Why neither Biden nor Trump will be the next president

Uma hipótese com 33% de sucesso.

Para quem prefira o texto traduzido pela google, aí vai ele: 

"Estamos agora a menos de um ano do dia das eleições de 2024.
Do lado republicano, já foram realizados três debates com um grupo diversificado de candidatos presidenciais. A única pessoa que esteve ausente foi o favorito nas sondagens, Donald Trump, recusando-se a participar. Não é de surpreender que o número de candidatos tenha continuado a diminuir, de oito no primeiro debate, para sete no segundo debate e para cinco no terceiro debate. O número definido para o quarto debate, em 6 de dezembro, era de três, com a campanha de Chris Christie a querer manter-se visível esperando chegar ao palco.

Do lado democrata, presume-se que o atual presidente Joe Biden esteja concorrendo a um segundo mandato. As pesquisas estão-se concentrando numa revanche entre Biden e Trump, com as primeiras pesquisas dando a Trump uma ligeira vantagem em vários estados importantes.

Apesar deste drama político, os dados sugerem que nem Trump nem Biden serão eleitos presidentes em 8 de novembro de 2024. Aqui está o porquê.

As Treze Chaves para a Casa Branca forneceram um histórico confiável na previsão de quem vencerá as eleições presidenciais. Uma das chaves (nº 3) dá vantagem ao presidente em exercício. Isto motiva os democratas a manter Biden na corrida como seu candidato.

O problema é que Biden está perto dos 81 anos, colocando a sua candidatura baseada na idade em território desconhecido. Todos os eleitores, incluindo a maioria dos Democratas, estão preocupados com esta situação. A idade de Biden levou o congressista Dean Phillips, de Minnesota, a anunciar sua própria campanha para a nomeação. Outros estão a esperar silenciosamente nos bastidores se Biden vacilar ou se afastar, incluindo Cory Booker, de Nova Jersey, e JB Pritzker, de Illinois. Se Phillips se revelar viável, isto será mais uma chave contra Biden (nº 2).

Para complicar ainda mais a situação, Robert F. Kennedy Jr. lançou a sua própria campanha independente, tal como Cornell West. Isto turva ainda mais as águas para Biden, pois terá de evitar a deserção de eleitores para estes dois candidatos, que provavelmente atrairão alguns eleitores democratas.

Mais uma vez, as Treze Chaves para a Casa Branca penaliza os titulares quando um candidato viável de um terceiro partido está na disputa (nº 4). Pesquisas recentes sugerem que Kennedy irá alimentar ventos contrários adicionais para que Biden ganhe um segundo mandato, embora alguns eleitores republicanos também possam ser atraídos pela posição antivacinas de Kennedy.

É claro que muitos democratas esperam que Biden consiga chegar à linha de chegada e ser reeleito. Uma vez no cargo, quaisquer problemas de saúde podem ser resolvidos com o vice-presidente substituindo-o. Claramente, o seu objectivo é vencer as eleições e não Biden cumprir um mandato completo de quatro anos.

O maior problema enfrentado por Biden e pelos democratas é que a natureza é imprevisível, pois os problemas de saúde surgem a cada mês que passa, quando se atinge uma certa idade.

Se Biden conseguirá manter a sua viabilidade e chegar ao dia das eleições, ninguém sabe. E mesmo que o faça, muitos eleitores verão um voto nele como um voto em Kamala Harris, a suposta companheira de chapa de Biden. Os eleitores compreendem isto, o que alguns eleitores independentes e aqueles que estão em cima do muro podem considerar menos do que ideal. Como isso vai acontecer ainda não está claro.

Todos esses fatores aumentam a probabilidade de Biden não tomar posse em 20 de janeiro de 2025.

Se os democratas pesarem os riscos e benefícios da candidatura de Biden a um segundo mandato, perceberão que quanto mais cedo retirarem a sua candidatura, mais tempo terão para preparar a campanha para a sua substituição e maiores serão as probabilidades de sucesso. mantendo a Casa Branca.

Cada opção acarreta alguns riscos que não podem ser completamente mitigados. No entanto, os riscos podem ser geridos e apresentar uma opção viável parece ser o caminho mais plausível para o sucesso.

A situação do lado republicano para Trump não é muito melhor.

O campo de candidatos republicanos continua a diminuir, já que Tim Scott encerrou recentemente a sua candidatura de campanha. Isto deixa Ron DeSantis, Nikki Haley, Chris Christie e Vivek Ramaswamy entre aqueles que participaram no terceiro debate republicano.

O favorito que não participou, Donald Trump, não tem motivos para se envolver com estes candidatos. Ele está bem à frente nas pesquisas. Ele também tem inúmeras questões jurídicas que, ironicamente, estão proporcionando ampla cobertura da mídia, embora contaminada, o que o mantém sob os olhos do público.

Um grande grupo de candidatos republicanos contribui bem para que Trump obtenha a nomeação do partido. No entanto, à medida que este grupo continua a diminuir, ele pode ser mais facilmente contrastado com um ou dois candidatos à esquerda, tornando mais fácil para os eleitores verem o que estão a conseguir com ele – e os riscos de ele obter a nomeação.

Embora a base de Trump continue estável, ainda não está claro se só eles conseguirão empurrá-lo para a linha de chegada. Com os eleitores não-Trump a dividirem o seu apoio entre os poucos candidatos republicanos restantes na corrida, a vulnerabilidade de Trump ficará exposta. Dado que ainda faltam dois meses para a primeira convenção política e as primárias, isto proporciona tempo suficiente para a fumaça se dissipar, colocando Trump em oposição direta a, idealmente, um candidato, embora mais provavelmente dois. Vale lembrar que em 2016 o campo lotado jogou a seu favor; um campo cada vez menor poderia criar ventos contrários suficientes que provariam ser sua criptonita.

Não esqueçamos que Trump tem 77 anos. Se eleito, ele seria mais velho no dia da posse em 2025 do que Biden era no dia da posse em 2021. Isso também afetará a forma como os eleitores veem sua candidatura?

Todos estes factores sugerem que o próximo ano será repleto de surpresas que poderão alterar o que se espera. Quem ganhará a Casa Branca em 2024 permanece desconhecido. Os dados sugerem que a probabilidade de uma revanche entre Biden e Trump é altamente improvável e que qualquer um deles vencer a Casa Branca é pequena.

Sheldon H. Jacobson, Ph.D., é professor de Ciência da Computação na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign. Ele aplica sua experiência na tomada de decisões baseadas em riscos e orientada por dados para avaliar e informar políticas públicas. Ele estudou previsões eleitorais há mais de duas décadas.

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Monday, December 18, 2023

TEMPESTADE AINDA

 

TEMPESTADE AINDA

TEATRO ABERTO 

"Tudo se passa na paisagem montanhosa de Caríntia, na Áustria meridional, na região dominada pela língua alemã onde o escritor nasceu, em dezembro de 1942, e no tempo em que nasceu, em pleno conflito mundial, sob domínio das forças de Hitler. Handke toma por referência a família, vinda da minoria eslovena – os avós maternos, a mãe e os irmãos desta -, convoca-os, entre realidade e ficção, entre figuras reais e imaginadas, para que falem da opressão nazi e dessa verdade.
A proibição de falarem a língua materna, o esloveno, a obrigação de os homens partirem para a guerra em defesa da Alemanha de Hitler, e a resistência à anexação nazi ocorrida em 1938, feita a partir das montanhas pelas brigadas de ‘partisans’, estabelecem a ação de cada um dos cinco atos da tragédia.
“Tempestade ainda” é “uma tempestade contra a história, contra a história como ideia de progresso”, disse Peter Handke ao jornal Die Zeit, em novembro de 2010, quando concluiu a obra.
Ao misturar factos com recordações e ficção, o escritor, que foi Prémio Nobel da Literatura em 2019, homenageia os seus ascendentes, carregando para o palco acontecimentos que foram esquecidos ou ofuscados pelos livros de História, como afirmou à Lusa o encenador João Lourenço, no final de um ensaio de imprensa de “Tempestade ainda”.
Publicada em setembro de 2010 e estreada em agosto do ano seguinte, no Festival de Salzburgo, a peça põe em palco duas famílias: uma eslovena que colabora com os alemães e outra que se opõe a eles.
Em “Tempestade ainda”, dois irmãos da mãe de Handke, o cronista da peça, partem para a guerra com uniforme nazi e morrem na frente, enquanto ela engravida de um alemão, com quem depois vem a casar e que adota o autor. Na ficção, outros dois irmãos juntam-se à resistência.
Para João Lourenço, Peter Handke mostra todo o seu amor pela controvérsia vivida na região da Caríntia pelos seus habitantes, que foram “os únicos austríacos a revoltarem-se contra o Terceiro Reich”.
A atitude britânica, assente no modelo do imperialismo inglês, também não passa incólume. Quando as tropas aliadas chegaram à região, na última fase do conflito, os britânicos “portaram-se pior do que nas suas ex-colónias”, escreve o autor.
O título “Tempestade ainda” (“Immer noch Sturm”, no original) tem origem na didascália (indicação) “Storm still” usada por Shakespeare na abertura da segunda cena do terceiro ato de “Rei Lear”, uma peça de que Handke traduziu sequências para a produção do encenador e realizador suíço Luc Bondy, estreada em Viena em 2007.
João Lourenço e Vera San Payo de Lemos, responsável pela dramaturgia de “Tempestade ainda”, queriam fazer uma peça do escritor austríaco, assumir o desafio que mostrasse “a beleza e poesia da linguagem de Handke, a história dele e por que motivo vai às origens”.
“Éramos para fazer isto há dois ou três anos e acabámos por não fazer. E hoje, infelizmente, com todas as guerras, a Segunda Guerra Mundial torna-se muito atual”, fundamentou o encenador.
Para João Lourenço trata-se de um “reencontro feliz” com um autor cuja escrita e produção para cinema foi acompanhando sempre, mas no qual não voltou a tocar desde que, em 1972, encenado por Fernando Gusmão, interpretara “Insulto ao público”, com Rui Mendes, Irene Cruz, José Morais e Castro e José Messias. Foi no antigo Grupo 4, companhia que viria a estar na base do Novo Grupo – Teatro Aberto, em 1982.
Ao ler esta tragédia – que Peter Handke configura em tragédia, onde não faltam sequer os clássicos cinco atos deste género dramático –, João Lourenço resolveu voltar ao autor que, ao longo de toda a obra, tem abordado a figura da mãe.
“A mãe de Handke, uma atriz amadora da Caríntia, está em toda a obra do escritor, assim como vai estar no palco, pois ele convoca-a ao longo da peça, dialogando sempre com ela, incluindo quando ela ainda o traz na barriga”, sublinhou o encenador.
A cadeia de acontecimentos associados ao passado de Handke surge em obras iniciais, como “Wunschloses Unglück” (“Infortúnio indesejável”, em tradução livre), de 1972, em que aborda o suicídio da mãe, ocorrido no ano anterior.
Em 1986, retomou a história da família em “A Repetição” (título da edição brasileira), ligando-a pela primeira vez ao movimento de resistência eslovena, no sul da Áustria, “drama real” que retoma em 1997, em “Zurüstungen für die Unsterblichkeit” (“Ligações à imortalidade”, em tradução livre) e em “A noite do Morava”, de 2008, romance publicado há dois anos em Portugal pela Relógio d’Água, passado num cenário posterior a uma imaginada nova guerra mundial.
“A minha mãe sempre me falou muito sobre os mortos, sobre os irmãos que ela amava e que morreram na guerra”, disse Handke ao jornal Die Zeit, na entrevista de novembro de 2010. “A vida dos mortos sempre me absorveu. O meu primeiro romance, ‘Die Hornissen’ [“As vespas”, em tradução livre], é baseado numa história que ela me contou.”
A crítica internacional vê na abordagem das origens eslovenas de Handke, e na experiência de guerra da família, uma ligação às suas posições controversas e contestadas sobre os Balcãs e a desintegração da antiga Jugoslávia.
“Talvez possam ser vagamente explicadas, se não perdoadas, como parte da necessidade de Handke de ser inconveniente e errado, aquele impulso de descobrir o ninho de vespas e de ser picado”, escreveu o autor irlandês Hugo Hamilton, no jornal britânico The Guardian, quando da atribuição do Nobel da Literatura ao escritor austríaco, em 2019.
“Tempestade ainda” tem versão dramatúrgica de João Lourenço e Vera San Payo de Lemos, que também são responsáveis pela encenação e dramaturgia, respetivamente."

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Saturday, December 09, 2023

COMO IMPEDIR A DITADURA DE TRUMP

“Under no circumstances, you are promising America tonight, you would never abuse power as retribution against anybody?” Hannity asked Trump in the interview taped in Davenport, Iowa on Tuesday.
“Except for day one,” Trump responded. Trump said on the “day one” he referred to, he would use his presidential powers to close the southern border with Mexico and expand oil drilling. - Trump says he will be a dictator only on ‘day one’ if elected president
 
Foi assim, o mais despudoradamente possível, que Trump anunciou à América que será, se for eleito para um segundo mandato, ditador apenas no primeiro dia.
Nesse dia, diz ele, encerrará a fronteira com o México e começará a expandir a procura de petróleo.
Tudo às claras, tudo directo, tudo descaradamente frontal.
A assistência, obviamente trumpistas fanáticos, fica exponencialmente excitada com as ameaças, as invectivas, os insultos, tudo o que Trump atira para quem o idolatra, diga o que o seu herói disser mesmo que atire as maiores barbaridades contra a Constituição e as instituições do Estado.
 A economia norte-americana atravessa um bom momento, o que, normalmente seria condição necessária e suficiente para garantir ao incumbente na presidência a renovação do mandato.
Agora não.
Trump tem a brutalidade no discurso que concentra todas as frustações, todas as crenças, designios opostos, ambições de sinais contrários, porque os ventos dos populismos voltaram a soprar de diversos quadrantes varrendo os valores democráticos que nos tínhamos habituado tomar como referentes de segurança da convivência entre povos de consciência adulta e livre.

O texto, que transcrevo a seguir, publicado anteontem no Washington Post, da autoria do editor principal do jornal, é sintomático do desnorte que a persistente revoada de agitações que as intervenções públicas de Trump e dos seus seguidores provocam numa democracia que se supunha imune às crises comuns nos jovens ou adolescentes.
Biden recandidata-se para não oferecer a Trump o trunfo que ele mais desejaria, o de falta de comparência. Deste modo, do lado democrata os dados são conhcidos.
Resta aos norte-americanos descortinar como barrar Trump e impedir que uma nuvem de populismo desenfreado lhe dê a possibilidade de semear a confusão para trair os valores que consolidaram a mais antiga e robusta democracia do mundo. 
A via mais óbvia parece ser a conjunção num só opositor republicano a Trump de todos os candidatos republicanos contrários à recandidatura de Trump. Mais óbvia, mas de sucesso pouco provável considerando a incomensurável dimensão do lugar a concurso.

Para a União Europeia os resultados presidenciais nos EUA, no dia 5 de Novembro serão, como nunca antes, decisivos do seu futuro. 
É nos EUA que se forja a conspiração de Trump contra a Europa. Com toda a transparência, ainda que pouca gente veja.


The Trump dictatorship: How to stop it 

By - Editor at large . December 7, 2023 at 6:00 a.m. EST



sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

A Trump win would change the world Were he to return to the White House, the implications for the US, its allies and the global economy are sure to be profound

https://www.ft.com/content/4a14c19e-8285-4688-aa19-542023520798
 
On November 19 1919, the US Senate repudiated the Versailles Treaty. With that decision, the US withdrew its might from maintaining what had been agreed in the aftermath of the first world war, leaving this task to the British and French, who lacked both the will and the means to do so. The second world war followed. After that conflict, the US played a far more productive role. Today, the world is still in many ways the one the US made. But for how much longer will that be the case? And what might follow it? The outcome of the next presidential election might answer these questions, not just decisively, but, alas, very badly. Recent polls suggest that almost 55 per cent of US voters disapprove of Joe Biden’s performance. They also suggest that Trump is slightly ahead of Biden in head-to-head polling before the election now a year away. Finally, they suggest that Trump is ahead of Biden in five of the six most important “battleground” states. In all, a Trump victory is clearly and disturbingly plausible. What would that mean? The most important answer is that the US, not just the world’s most powerful democracy, but its saviour in the 20th century, is no longer committed to democratic norms. The most fundamental of such norms is that power has to be won in free and fair elections. Whether US presidential elections are “fair” is debatable. But they do have rules. Efforts by the incumbent to overthrow those rules amount to insurrection. That Trump attempted to do so is not debatable. Neither is the absence of evidence of fraud to support his attempted coup. He is properly under indictment. Yet he might still win a presidential election. One reason why he might do so is that close to 70 per cent of people who identify as Republicans say they believe his lies. This is shocking, though, alas, not that surprising. What would another Trump presidency mean for the US, beyond an endorsement of a man who attempted to overthrow the constitution? Obviously, the answer would depend partly on the balance in Congress. Yet it would be wrong to draw additional comfort from how he behaved last time. Then he relied on quite traditional figures from the military and business. Next time will be different. “Maga” is now a cult with a sizeable number of believers. A crucial domestic plan of Trump’s is to replace the career civil service with loyal servants of the president. The excuse is the alleged existence of a “deep state”, by which critics mean knowledgeable career civil servants whose loyalty is to the law and the state, not to the person in power. One reason this is objectionable is that modern government cannot run without such people. The bigger reason is that if the intelligence, homeland security and internal revenue services, the military, the Federal Bureau of Investigation and the Department of Justice are subservient to the whims of the head of state, one has autocracy. Yes, it’s that simple. With a vengeful head of state, abuses of power could be pervasive. This would not be the US we have known. It might be more like Viktor Orbán’s Hungary or even Recep Tayyip Erdoğan’s Turkey. Line chart of Per cent of US voters saying that Joe Biden won due to voter fraud (total and by party affiliation) showing Voters are deeply divided over who won the 2020 presidential election What might this mean for the world? Most obviously, embrace by the US of a man and a party that have openly repudiated the central norm of liberal democracy would dishearten those who believe in it and encourage despots and their lackeys everywhere. It is hard to exaggerate the effect of such a betrayal by the US. The mixture of this despair with Trump’s avowedly transactional approach would weaken, if not destroy, the trust on which current US alliances are based. Americans are right to decry the freeriding of most allies. There is no doubt, above all, that Europeans (among which the UK is included) must do more. But the alliance needs a leader. For the foreseeable future, the US has to be that leader. With Russia threatening Europe, and China a peer competitor, alliances are going to be more important than ever — not just for its allies, but for the US, too. Trump neither understands nor cares about this. Line chart of Share of global GDP* (%) showing The purchasing power of China’s GDP is bigger than that of the US or EU but remains far smaller than those of both together Then there are the implications for the world economy. Trump is proposing to introduce a 10 per cent across-the-board tariff on all imports. This would be a contemporary (albeit milder) version of the infamous Smoot-Hawley tariff of 1930. It would surely lead to retaliation. It would also do huge damage to the World Trade Organization, by repudiating US commitments to lower tariff barriers over many decades. As important is likely to be the impact on efforts to tackle climate change. The US itself would presumably reverse many measures in Biden’s Inflation Reduction Act. As significant might be a likely US withdrawal from efforts to promote investment in clean energy in emerging and developing countries. Line chart of Share of global trade in goods* (exports plus imports, %) showing China now trades more than the US or EU but less than both together Prospective relations with China must also be in question. Here the changes might not be that dramatic, because hostility to China’s rise is bipartisan. But the opposition to China would be less about ideology under Trump, who cares not a whit about such differences between autocracies and democracies. He rather prefers the former. It would become just a contest over power, with Trump trying to keep the US number one. How differently that would turn out is unclear. Trump might seek to turn Russia against China, as Nixon did China against the Soviet Union. Abandonment of Ukraine might be his bait. One Must-Read This article was featured in the One Must-Read newsletter, where we recommend one remarkable story each weekday. Sign up for the newsletter here A second Trump presidency might not ruin the US forever. But both it and the rest of the world would lose their innocence. We would have to adapt to the reality that the US had re-elected a man who had openly tried to subvert its democracy. It is possible that the indictments against Trump will save the day. But that fragile hope highlights today’s threat to democracy. martin.wolf@ft.com

Wednesday, December 06, 2023

A CONSPIRAÇÃO CONTRA A EUROPA - PARTE SEGUNDA

A guerra será ganha pela Rússia se, como nesta altura tudo leva a crer que sim, os EUA e a UE traírem os ucranianos.
Uma traição em vias de gestação. 
Nos EUA, Biden não conseguirá fazer passar no Congresso o apoio militar que os ucranianos precisam e que lhes foi prometido. A União Europeia não tem poder militar para, sem os EUA, fazer decidir a guerra a favor das pretensões ucranianas de recuperar a parte do seu território ocupado pelos russos. E nós, os europeus, que afirmámos e continuamos a reafirmar continuar ao lado dos ucranianos, estamos titubeantes porque a guerra exige sacrifícios que não queremos suportar.
Isto, se não é uma traição, é uma enormíssima vergonha.
 
Há 100 anos germinavam na Europa as sementes de uma guerra, sementes caídas de outra guerra terminada meia dúzia de anos antes, que abalou toda a humanidade, desencadeada por um louco que mobilizou e arrastou atrás de si um povo culturalmente adulto amarrado ao medo de dizer não ao ditador.
Valeu à Europa, naquela emergência, a coragem inabalável de Churchill e dos povos britânicos. 
 
A grande maioria das nações que hoje fazem parte da União Europeia, abriu quase sem resistência, as portas de entrada às tropas nazis. Em Paris aplaudiram-nas em desfile pelos Campos Elíseos. De Gaulle, o grande De Gaulle, tinha 1,96m de altura, refugiara-se em Londres, Churchill acolheu-o mas não o considerava; de Itália, Mussolini foi oferecer ao Führer os seus préstimos e queria dinheiro, Hitler correu com ele; Franco também precisava de dinheiro mas Hitler não precisava de Franco. Salazar manobrou nos apoios, Hitler nem queria saber de quem se tratava.
Putin não é Hitler, é pior, porque Hitler não estava, como está Putin, sentado no maior arsenal nuclear, e na União Europeia não há outro Churchill. E se houvesse, que faria esse suposto outro Churchill, quase desarmado, sem potencial nuclear,  se do lado norte-americano não há um Roosevelt, haverá um Trump que, declaradamente, é amigo do peito de Putin? E enquanto Trump não volta ao Capitólio que, todo o mundo viu, ele incentivou ser assaltado, o Congresso, maioritariamente trumpista, está já a trair os compromissos feitos, em nome dos norte-americanos, ao povo ucraniano.
 
Foi na Finlândia, com uma fronteira extensíssima com a Rússia, que Estaline, antes da Segunda Grande Guerra, encontrou uma resistência tenaz que, na altura ninguém, senão os finlandeses, acreditava que fosse possível. A "Guerra de Inverno" provocou largos milhares de mortos e feridos de ambos os lados, mas cinco vezes mais do lado soviético, até a Finlândia acabar por aceitar terminar os combates cedendo uma parte do seu território. 
Na população finlandesa ficaram marcas indeléveis desse roubo cometido pelos soviéticos e a lembrança dos seus mortos em combate ainda permanece muito viva. Falei, há muitos anos, demoradamente, com alguém que viveu nessa época de terror.
A Finlândia não pertencia à NATO até ao momento em que Putin entrou na Ucrânia para a  incorporar na Rússia. Estaline tinha as mesmas intenções quando bombardeou Helsínquia e começou a "Guerra de Inverno". A Finlândia entrou para a NATO porque se reabriram as feridas na sua memória colectiva.
A NATO aceitou a Finlândia como seu membro.
Mas Trump, ele o afirmou durante o seu mandato, é anti-NATO.
Estaremos perante uma traição que não se ficará pela Ucrânia mas trairá todos os membros efectivos da NATO? 
 
A traição, está em vias de gestação. Só os norte-americanos a poderão abortar.

Tuesday, December 05, 2023

A CONSPIRAÇÃO CONTRA A EUROPA*

B.,

Leio o teu comentário (sobre o artigo do The Economist - Putin seems to be winning the war in Ukraine—for now His biggest asset is Europe’s lack of strategic vision - de 30 de Novembro) e a minha primeira intenção foi não comentar porque, pela minha perspectiva, vejo que temos opiniões contrárias sobre o assunto em questão e de nada podem valer os meus débeis conhecimentos contra os teus, certamente muito bem fundamentados, argumentos.
 
Facilmente admitirei que não tenho como avaliar se na Ucrânia de hoje o despotismo e a corrupção imperam e a democracia é uma ideia peregrina. Tenho lido e ouvido, se tenho ainda capacidade suficiente para ler e ouvir razoavelmente, que a União Europeia tem observado a evolução da Ucrânia no sentido da democracia, afastando, se não todos, pelo menos grande parte dos oligarcas e introduzido controlos de redução da corrupção.

Consideras que não é a melhor ideia para garantir a segurança e o bem estar dos povos envolverem-se, e, com esse envolvimento, empobreceram os povos de países completamente alheios a uma disputa entre duas cleptocracias, porque a fronteira leste ideal para a União Europeia tem muito que se lhe diga. E que em vez da perpetuação de uma guerra o importante será negociar uma paz numa base realista.

Pois será. E até já sabemos quem se propõe cessar a guerra numa semana e obter um acordo de paz no dia seguinte.
É Trump.
É muito evidente que se Trump ganhar, em grande medida com esse argumento, as presidenciais de Novembro do próximo ano, o Boeing presidencial voará poucos dias depois para Moscovo para entregar a Ucrânia a Putin. E a fronteira ideal da União Europeia será desenhada nesse momento histórico.
Mas não será um desenho a traço cheio, será antes, um esboço, uma mancha de geometria variável à disposição de Putin que, ele o disse, pretende recuperar o sonho de uma União Soviética com a bênção de Cirilo I.

Não estamos, está visto que não estamos do mesmo lado de uma fronteira ideal da União Europeia.
O que me causa estranheza é ver-te desse lado onde se perfilam ao lado de Putin, a srª. Marine Le Pen (muito provavelmente próxima presidente dos franceses), da srª. Giorgia Meloni, (primeira-ministra dos italianos)  do Sr. Viktor Orbán (primeiro-ministro dos húngaros), além de outros personagens que saltarão para esse lado logo que Trump chegar lá. De cá, o sr. Paulo Raimundo já lá está e o sr. André Ventura vai a caminho.

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* De Philip Roth foi publicado em 2004 - The Plot Against America - uma ficção retrospectiva de uma hipótese que não tinha acontecido: se nas eleições presidenciais norte-americanas de 1940 (em plena Segunda Guerra Mundial) Roosevelt tivesse perdido para Charles Lindbergh, um piloto de aviação famoso que em 1927 tinha feito, pela primeira vez, um voo sem escala entre Nova Iorque e Paris, que rumo teria levado o mundo? Lindbergh , que nem concorreu, era simpatizante do nazismo. Philip Roth quis neste livro evidenciar aos norte-americanos o perigo de os destinos do país serem alguma vez entregues a um conspirador contra o seu próprio país.

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Putin seems to be winning the war in Ukraine—for now

His biggest asset is Europe’s lack of strategic vision - c/p The Economist

 

image: Agnew/Getty Images/Eyevine

FOR THE first time since Vladimir Putin invaded Ukraine on February 24th 2022, he looks as if he could win. Russia’s president has put his country on a war footing and strengthened his grip on power. He has procured military supplies abroad and is helping turn the global south against America. Crucially, he is undermining the conviction in the West that Ukraine can—and must—emerge from the war as a thriving European democracy.

The West could do a lot more to frustrate Mr Putin. If it chose, it could deploy industrial and financial resources that dwarf Russia’s. However, fatalism, complacency and a shocking lack of strategic vision are getting in the way, especially in Europe. For its own sake as well as Ukraine’s, the West urgently needs to shake off its lethargy.

The reason a Putin victory is possible is that winning is about endurance rather than capturing territory. Neither army is in a position to drive out the other from the land they currently control. Ukraine’s counter-offensive has stalled. Russia is losing over 900 men a day in the battle to take Avdiivka, a city in the Donbas region. This is a defenders’ war, and it could last many years.

However, the battlefield shapes politics. Momentum affects morale. If Ukraine retreats, dissent in Kyiv will grow louder. So will voices in the West saying that sending Ukraine money and weapons is a waste. In 2024 at least, Russia will be in a stronger position to fight, because it will have more drones and artillery shells, because its army has developed successful electronic-warfare tactics against some Ukrainian weapons and because Mr Putin will tolerate horrific casualties among his own men.

Increasing foreign support partly explains Russia’s edge on the battlefield. Mr Putin has obtained drones from Iran and shells from North Korea. He has worked to convince much of the global south that it has no great stake in what happens to Ukraine. Turkey and Kazakhstan have become channels for goods that feed the Russian war machine. A Western scheme to limit Russian oil revenues by capping the price for its crude at $60 a barrel has failed because a parallel trading structure has emerged beyond the reach of the West. The price of Urals crude from Russia is $64, up nearly 10% since the start of 2023.

Mr Putin is also winning because he has strengthened his position at home. He now tells Russians, absurdly, that they are locked in a struggle for survival against the West. Ordinary Russians may not like the war, but they have become used to it. The elite have tightened their grip on the economy and are making plenty of money. Mr Putin can afford to pay a lifetime’s wages to the families of those who fight and die.

Faced with all this, no wonder the mood in Kyiv is darker. Politics has returned, as people jostle for influence. Volodymyr Zelensky, Ukraine’s president, and Valery Zaluzhny, its most senior general, have fallen out. Internal polling suggests that corruption scandals and worries about Ukraine’s future have dented Mr Zelensky’s standing with voters.

 

Friday, December 01, 2023

PRIMEIRO DE DEZEMBRO

No dia 1 de Dezembro de 2008, anotei aqui neste bloco de notas algumas considerações sobre o feriado no dia de hoje.

Quinze anos depois, considero que não tenho nenhuma razão para alterar o que me ocorreu escrever naquela altura sobre este feriado nacional.

Um velho amigo meu comentou, então, 
"a maior parte dos portugueses não faz a mínima ideia por que lhes dão estes dias de folga”. Testei o reparo e confirmo: desde «foi por causa do Conde Andeiro» até «por os espanhóis nos terem invadido» encontrei de tudo num pequeno inquérito em círculo restrito (pequenos equívocos, mas também muitos acertaram). Nos dias de hoje concordo que será um feriado sem sentido, mas há mais alguns. “A grande vantagem, percebe-se agora, foi passarem os portugueses a terem mais um feriado». Está historicamente comprovado que a administração castelhana foi economicamente ruinosa para Portugal..." 
 
Terá sido, como disse o meu amigo, "a administração castelhana ruinosa para Portugal"?
 
A adjectivação ruinosa pode ser abordada sob múltiplas perspectivas, inclusivamente a da projecção da evolução histórica, observando que continuam ainda agora a reclamar independência de Espanha os povos da Catalunha que viram sufocada a sua rebelião quando se separaram os portugueses da coroa vizinha. Inquestionável, é o facto de a recuperação da independência de Portugal ter estrangulado, deprimindo-as, as regiões fronteiriças de um lado e do outro, condenando-as, ainda hoje, aos níveis de menor desenvolvimento económico e social em toda a Península Ibérica.
 
Analisado, de modo simples, o período da administração castelhana, recorrendo à Angus Maddison - The World Economy - A Millennial Perspective / Historical Statistics - observa-se, além do mais, que 
 
Em 1500 o GDP (gross domestic product) Per Capita, medido em dólares de 1991, era em
- Portugal - 632
- Espanha - 698, cerca de mais 10% que em Portugal
 
Em 1700
- Portugal - 854
- Espanha - 900, cerca de 5% mais que em Portugal
 
Serão muito poucos os que nos dias de hoje festejam o Primeiro de Dezembro de 1640. 
A grande maioria esqueceu ou nunca soube por que razão histórica hoje foi feriado. 
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