Wednesday, December 06, 2023

A CONSPIRAÇÃO CONTRA A EUROPA - PARTE SEGUNDA

A guerra será ganha pela Rússia se, como nesta altura tudo leva a crer que sim, os EUA e a UE traírem os ucranianos.
Uma traição em vias de gestação. 
Nos EUA, Biden não conseguirá fazer passar no Congresso o apoio militar que os ucranianos precisam e que lhes foi prometido. A União Europeia não tem poder militar para, sem os EUA, fazer decidir a guerra a favor das pretensões ucranianas de recuperar a parte do seu território ocupado pelos russos. E nós, os europeus, que afirmámos e continuamos a reafirmar continuar ao lado dos ucranianos, estamos titubeantes porque a guerra exige sacrifícios que não queremos suportar.
Isto, se não é uma traição, é uma enormíssima vergonha.
 
Há 100 anos germinavam na Europa as sementes de uma guerra, sementes caídas de outra guerra terminada meia dúzia de anos antes, que abalou toda a humanidade, desencadeada por um louco que mobilizou e arrastou atrás de si um povo culturalmente adulto amarrado ao medo de dizer não ao ditador.
Valeu à Europa, naquela emergência, a coragem inabalável de Churchill e dos povos britânicos. 
 
A grande maioria das nações que hoje fazem parte da União Europeia, abriu quase sem resistência, as portas de entrada às tropas nazis. Em Paris aplaudiram-nas em desfile pelos Campos Elíseos. De Gaulle, o grande De Gaulle, tinha 1,96m de altura, refugiara-se em Londres, Churchill acolheu-o mas não o considerava; de Itália, Mussolini foi oferecer ao Führer os seus préstimos e queria dinheiro, Hitler correu com ele; Franco também precisava de dinheiro mas Hitler não precisava de Franco. Salazar manobrou nos apoios, Hitler nem queria saber de quem se tratava.
Putin não é Hitler, é pior, porque Hitler não estava, como está Putin, sentado no maior arsenal nuclear, e na União Europeia não há outro Churchill. E se houvesse, que faria esse suposto outro Churchill, quase desarmado, sem potencial nuclear,  se do lado norte-americano não há um Roosevelt, haverá um Trump que, declaradamente, é amigo do peito de Putin? E enquanto Trump não volta ao Capitólio que, todo o mundo viu, ele incentivou ser assaltado, o Congresso, maioritariamente trumpista, está já a trair os compromissos feitos, em nome dos norte-americanos, ao povo ucraniano.
 
Foi na Finlândia, com uma fronteira extensíssima com a Rússia, que Estaline, antes da Segunda Grande Guerra, encontrou uma resistência tenaz que, na altura ninguém, senão os finlandeses, acreditava que fosse possível. A "Guerra de Inverno" provocou largos milhares de mortos e feridos de ambos os lados, mas cinco vezes mais do lado soviético, até a Finlândia acabar por aceitar terminar os combates cedendo uma parte do seu território. 
Na população finlandesa ficaram marcas indeléveis desse roubo cometido pelos soviéticos e a lembrança dos seus mortos em combate ainda permanece muito viva. Falei, há muitos anos, demoradamente, com alguém que viveu nessa época de terror.
A Finlândia não pertencia à NATO até ao momento em que Putin entrou na Ucrânia para a  incorporar na Rússia. Estaline tinha as mesmas intenções quando bombardeou Helsínquia e começou a "Guerra de Inverno". A Finlândia entrou para a NATO porque se reabriram as feridas na sua memória colectiva.
A NATO aceitou a Finlândia como seu membro.
Mas Trump, ele o afirmou durante o seu mandato, é anti-NATO.
Estaremos perante uma traição que não se ficará pela Ucrânia mas trairá todos os membros efectivos da NATO? 
 
A traição, está em vias de gestação. Só os norte-americanos a poderão abortar.

1 comment:

Anonymous said...

Notável texto, caro Rui. Parabéns. Subscrevo por inteiro
Abraço
António