Vejo* de relance algumas imagens repugnantes das atrocidades provocadas por ordens de Putin e do seu entourage - aqui - que horrorizam as pessoas de consciência limpa e vistas livres de antolhos, e revoltam-me as posições assumidas pelos comunistas portuguesas de defesa da história contada por Putin & Companhia para justificar o assalto que destrói indiscriminadamente instalações militares, edifícios residenciais, monumentos, hospitais, e mata civis, obrigando sobreviventes mulheres e crianças a abandonar o país, despedindo-se de maridos e pais.
Chegam-me por e-mail mensagens desses obstinados defensores da legitimidade da
invasão da Ucrânia pelo poder russo. Reconheça-se, considerando o longo
percurso do PCP, que há alguma despudorada coerência nessa
obstinação, insensível aos horrores do espectáculo desta guerra
transmitida em directo.
Em 1975 os comunistas portugueses moviam-se por alcançar o poder, guiados pelo farol da ditadura, dita do proletariado, pela qual haviam lutado e alguns morrido, durante décadas, que iria colocar Portugal na órbita da União Soviética, substituindo uma ditadura por outra.
Putin não será comunista mas o seu desideratum é o mesmo do Politburo instalado no Kremlin, de onde hoje Putin pretende reconstruir o domínio do império czarista, destronado em 1917 pelo regime comunista, que implodiu em 1991 depois de sete décadas de uma experiência encantatória esmagada sob o peso do seu fracasso total.
E os comunistas portugueses, ficaram náufragos e sem farol.
Eles não confundem, certamente, Putin com a União Soviética mas não condenam as atrocidades do regime plutocrático russo porque, sendo Putin hoje o czar detentor de um enorme poder bélico herdado do regime soviético, de que Putin foi parte, o revanchismo é lenitivo para a orfandade de quem ficou náufrago e sem o seu mágico farol.
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1975 - Julho
"Agora que os deputados comunistas, ou melhor, os deputados do Partido Comunista abandonaram a sala, aqueles que são contra a liberdade, eu só quero dizer, antes de continuar, que há naquelas bancadas do Partido Comunista gente que se acolheu em minha casa, que, nos duros anos do fascismo, procurou abrigo na modesta casa de um camarada antifascista como eles. Agora abandonam esta Assembleia, mostrando à evidência que eles não sabem sentir e compreender a palavra "liberdade".
Porque saíram da sala esses deputados? Um dia o povo português responderá" - António Arnault
--- act.
Hoje, 04/03, ouço esta manhã na rádio que Putin decretou a Lei Marcial no país e que, durante a noite, foram bombardeadas pelos militares russos instalações anexas à Central de Zaporizhia, a maior central nuclear da Europa. Kiev fica a meio caminho entre Zaporizhia e Chernobyl, cerca de 350 quilómetros para cada lado.
1 comment:
Muito bem visto; e agem assim, apesar de estarem a defender uma ditadura fortemente capitalista e de extrema-direita.
Escrevi sobre isto em https://mosaicosemportugues.blogspot.com/2022/03/a-ucrania-e-o-inefavel-pcp.html, que convido a visitar e comentar.
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