O Canhão do Czar (Tsar Pushka), junto à Igreja da Deposição das Vestes na Praça das Catedrais, no Kremlin, é visível no Google Earth Pro.
Construído em 1586, o Canhão do Czar pesa 39,312 toneladas, tem 5,34 metros de altura, 890 mm de calibre interno e 1200 mm de diâmetro externo, sendo considerado no Guinness World Records o maior canhão por calibre já alguma vez feito e passou a ser uma atração turística de Moscovo.
Feito para defender o Kremlin mas nunca terá dado um tiro, vindo a servir apenas como uma demonstração
simbólica do poderio militar e da engenharia russa no século XVI.
Nunca terá matado nem metido medo a ninguém.
Hoje o canhão do Czar do Kremlin é outro: Putin terá hoje sob as suas ordens (vid. aqui) 6257 armas nucleares.
Vladimir Putin invadiu a Ucrânia em 24 de Fevereiro e, três dias depois, colocou força nuclear estratégica da Rússia em "alerta especial" — o nível mais alto.
E, com esta notícia, assumiu-se como imbatível e capaz de ir até onde a sua ambição imperial quiser.
Reagiram os países da NATO, a que se juntaram outros europeus não integrantes da NATO, como a Suécia, a Finlândia e até a sempre neutral Suíça com a ameaça de sanções económicas que, no entanto, terão efeito limitado pela dependência de muitos desses países do gás russo.
Ângela Merkel, muito aplaudida à despedida do cargo de chanceler da Alemanha, é agora criticada por ter acreditado que as relações comerciais entre países criariam interdependências e reduziriam os riscos de confrontos bélicos.
Enganou-se.
Putin não é e já não era confiável, e as democracias, sujeitas à volatilidade dos votos dos povos, podem estilhaçar-se perante o paredão do poder, ainda que transitório, ilimitado dos tiranos que o suposto equilíbrio do terror nuclear não demove.
Neste sábado, Biden avisou Moscovo: "Nem pensem em avançar um centímetro que seja em território da NATO". - aqui.
E se os russos avançarem?
Começa a Terceira Guerra Mundial? Que será, certamente, a última porque o arsenal atómico global começará a estoirar como pipocas e só parará quando não houver mais pipocas para estoirar.
Ou deste lado recua-se e o Czar avança até onde lhe der na realíssima gana?
Admitamos que estas elucubrações são pesadelos de um octogenário mal dormido.
Admitamos que, no fim deste pesadelo, tudo sossega e o mundo volta à paz podre de uma outra guerra fria equilibrada no terror de um Apocalipse adiado.
Um dia, outro tirano, esteja ele sentado onde estiver, se tiver ao seu alcance um arsenal atómico disparará sem avisar. E da espécie humana não restará pegada sobre o planeta Terra.
Não há alternativa?
Há alternativa se o arsenal atómico for totalmente desactivado. Utopia?
Compete à juventude, sobre quem sempre pairará o fantasma do desaparecimento da espécie humana enquanto se mantiver o poder da destruição nuclear ao dispor de um louco, cujo aparecimento é muito provável e para o qual a sua vida vale o mesmo que a vida de toda a humanidade.
Greta Thunberg mobilizou o mundo para uma causa, apesar de tudo contestada por muitos.
O perigo de extinção da espécie pelo uso do poder destruidor nuclear quem é que pode, cientificamente, contestá-lo para além dos que, encolhendo os ombros, cuidam que o assunto não lhes diz respeito.
Escape eu ... pensa o mundo por esclarecer. Compete à juventude ameaçada unir-se no sentido do esclarecimento para a sobrevivência da espécie.
Dos mais velhos a juventude de hoje só pode esperar a repetição dos erros cometidos sustentados em fés ou convicções que arrastaram a humanidade, tão inteligente quanto estúpida, até ao ponto de ter inventado a arma que a pode auto eliminar sem deixar rebentos.
Um recorde que não terá lugar no Guinness.
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