Sunday, March 21, 2021

CRIPTOARTE

O kitsch vende na Internet

Como se numa realidade paralela, que é a do digital, fala-se de uma nova arte, a criptoarte, mas, a julgar pelas obras, o escândalo é mais económico do que estético.

Obra "#444 - The Fork" do artista português Rodolfo Oliveira
 
Uma nova arte ou (apenas) mais um modo de mostrar, circular e vender produtos? A pergunta é pertinente no lastro da notícia que chegou da Internet e da Christie's. A casa leiloeira britânica vendeu uma obra digital intitulada Everydays — The First 5000 Days, uma colagem de imagens que o artista americano Beeple (Mike Winkelmann) colocou online desde 2007. Um comprador conhecido como Metakovan, arrecadou o trabalho por 69,3 milhões de dólares, mas a compra não se realizou com a moeda oficial dos EUA. O que possibilitou a transacção foi uma criptomoeda conhecida como ether.
 
Em poucas horas, o acontecimento estava transformado em notícia: a venda ultrapassara os recordes anteriores da Christie’s (Jeff Koons e David Hockney), mas a obra em causa, Everydays — The First 5000 Days não era uma pintura ou uma escultura, antes um arquivo de imagem, um .jpg. Em termos visuais, nada tinha de singular ou disruptivo: tratava-se, simplesmente, de uma imagem digital composta de várias imagens digitais, passível de ser reproduzida e distribuída. Mas aquela venda foi descrita, pela leiloeira e pelo artista, como um objecto não fungível, no original, em inglês, um non-fungible token (NFT), isto é, uma coisa não trocável, único.
 
 (c/p aqui)

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Mas isto é arte?
Se dizem que é arte, é arte.

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Inútil seguir vizinhos,
que ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

c/p aqui

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