Monday, March 23, 2020

SÓ NÃO GOSTA QUEM TEM ALTERNATIVA


E dos pássaros, por aqui, continuamos sem cantos, sem saltitos, sem voos. Só este silêncio de limbo.
Porquê? Não sei.
Diz-nos uma amiga nossa que é preciso dar-lhes de comer para aparecerem. No jardim dela tem comedouro e os pardais chegam em bandos e bulham uns com os outros.
A nós, parece-nos estranho que a passarada tenha desaparecido porque nunca os habituámos a dar-lhes comidinha no prato. Chegavam, saltitavam, debicavam na relva, onde quer que encontrassem o que procuravam, e agora sumiram-se. Porquê?
Seguimos a sugestão da nossa amiga e, desde esta manhã, têm ao dispor prato com arroz descascado, carolino, e flocos finos de aveia. É do que se consome cá em casa.
Por outro lado, recordo-me bem que em casa de meus pais se alimentavam os pintainhos, acabados de sair das cascas, com arroz. Rondava a passarada para petiscar mas a mãe galinha mantinha-os de fora a ver os seus pequenotes comer.
Os pássaros não aparecem, salvo um outro melro para se banhar na piscina deles, cá em casa não temos outra piscina. Porquê?
Dê-lhes alpista, diz-nos a nossa amiga.
Não tivemos alpista em casa. Nunca tivemos aves em cativeiro a pedir alpista, alpista nunca fez parte do nosso rol de compras.

Por outro lado, só não gosta quem tem alternativa.
Nunca ninguém morreu com fome tendo comida à sua frente.
Assim, sendo, concluo: a passarada anda por outro lado onde fisgou melhor petisco, alternativo ao que aqui sempre tiveram à sua vontade, e à ementa que, excepcionalmente, colocámos hoje à sua disposição.
Que lhes faça bom proveito.
Voltem quando entenderem.
Serão sempre bem vindos.



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