Saturday, March 04, 2006

A 4 À HORA

Há dias a rádio anunciava a abertura de mais uma editora, a Guerra & Paz. Estreava-se com um livro de histórias da história de Portugal de Agustina Bessa Luis, que, deste modo, pretere transitoriamente a sua editora de sempre, a Guimarães Editores.
Ontem, os jornais noticiavam que, não apenas uma, mas quatro editoras se tinham estreado no negócio nos últimos quinze dias. Na Guerra & Paz dizem "assumir uma filosofia de inventar os próprios livros", deprendendo-se facilmente que os autores da G&P passam a trabalhar por encomenda com ante-projecto definido pela editora.

Na semana anterior, outro editor, do Norte, concluía, também numa estação de rádio, que em Portugal se observa uma situação bizarra porque o número de leitores é muito baixo mas o número de edições muito elevado, quando comparados com os observados nos nossos parceiros da Europa. Segundo este editor do Norte, em Portugal publicaram-se no ano passado cerca de 4 livros, em média, por dia.

É também sobejamente sabido que temos, desde há muitos anos, o maior número de títulos de jornais nacionais diários por habitante mas o menor número de leitores por jornal. Os jornais, aliás, tornaram-se editores de livros e discos, empolando a oferta.

Quanto a jornais locais a situação pende no mesmo sentido: Há mais jornais locais em Portugal do que em Espanha onde a população é quatro vezes superior e o grau de literacia mais elevado.

Quem entra numa papelaria ou num quiosque em qualquer cidade do País enfrenta uma avalanche de jornais, livros e revistas atafulhando mais o espaço que nas lojas do mesmo ramo dos aeroportos internacionais. Lisboa tem quiosques de jornais, livros e revistas em quase em todas as esquinas.

Esta confiança cega na premissa, ou promessa, de que a oferta cria a procura, e que não é apanágio apenas de editores e livreiros, coloca uma questão recorrente: por quanto tempo mais?

2 comments:

Rui Marques said...

Eu diria mesmo que são as leis do mercado, ou talvez a luta desmedida na caça ao consumidor, por parte de editores esfomeados...

Por outro lado, até se trata de um bom sinal, no combate ao facto de se ler pouco em Portugal. Pelo menos oferta não falta.

À parte disto, obrigado pela visita ao meu blog ( http://leunamiur.blogspot.com/ ), é sempre bem-vindo.

JMV said...

O papel é barato, as tintas também, e o mercado oferece muito lixo. As pessoas consomem,, consomem, consomem ...literatura da "trica" futebolística, social ou outra. As vendas dos jornais sérios andam pelas ruas da amargura.
Existe também um falso conceito publicitário, e daí os anunciantes gastarem fortunas. Será que é um investimento com retorno ?

www.adbusters.org
dá pistas para se perceberem as leis do mercado em relação à publicidade.