Tuesday, December 03, 2024

TÂO INIMIGOS QUE NÓS ÉRAMOS

Há menos de dois meses, comentei aqui " A Vegetariana", o livro mais divulgado de Han Kang, Prémio Nobel da Literatura de 2024.
Para melhor entender o mérito da escritora sul-coreana, estou a ler "Atos Humanos", o livro que dias depois vi à venda.

Estive, por razões profissionais, na Coreia do Sul em 1990, e nem o ambiente social (atravessámos, por ignorância do perigo que corríamos, um dos bairros mais turbulentos de Seul) nem o vigor da economia daquele país, uma economia pujante, me denunciavam resquícios das convulsões políticas ocorridas naquele país dez a anos antes. 
Aliás, desde então, a Coreia do Sul evoluiu tanto economicamente como do ponto de vista do desenvolvimento humano avaliado pelo Programa das Nações Unidas, colocando-se no 19º. lugar do ranking em 2022, enquanto Portugal descia do 28º lugar em 1998  para o 42º. também em 2022.
Contribuiu para este sucesso o apoio dos EUA após a Segunda Guerra Mundial? Sem dúvida. Mas, só por si, esse apoio nunca justificou o admirável desenvolvimento sul-coreano.

Pelo que referi, surpreenderam-me, desde logo as considerações iniciais feitas na Introdução de "Atos Humanos" pela tradutora da edição inglesa: "No princípio de 1980, a Coreia do Sul era um barril de pólvora. Uns meses antes, Park Chung-hee, o militar que a tinha governado com mão de ferro desde o golpe de Estado que encabeçara, fora assassinado pelo chefe dos seus próprios serviços de segurança. Por ter presidido ao chamado "Milagre do Rio Han" - a rápida transformação da Coreia do Sul de país pobre e dizimado pela guerra em motor de desenvolvimento económico e industrial -, Park conquistara o apoio de vários sectores, mas as suas inúmeras violações dos direitos humanos fizeram com que nunca fosse verdadeiramente popular ..." 
 
O "Atos Humanos" é um relato comovente dos acontecimentos dramáticos desencadeados pela imposição da lei marcial imposta em 1979.
 
 
Ao cair desta tarde leio aqui: "A democracia sul-coreana recusou a lei marcial do Presidente Yoon.
O partido do chefe de Estado conservador, a oposição e milhares de sul-coreanos protestaram contra decisão dramática. Militares chegaram a entrar e bloquear a Assembleia, mas o “caos” durou pouco."
A democracia sul-coreana recusou a lei marcial do Presidente Yoon"

O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, surpreendeu tudo e todos quando, no final da noite desta terça-feira (hora local), tomou a decisão dramática e sem aviso prévio de declarar a imposição da lei marcial em todo o território. Seguiram-se horas de “caos” e tensão na Assembleia Nacional, em Seul, com o destacamento de soldados, a publicação de um decreto militar a proibir “toda a actividade política” e milhares de manifestantes em protesto nas ruas."...
 
"A democracia sul-coreana recusou a lei marcial do Presidente Yoon
Tudo começou quando Yoon fez um comunicado ao país a acusar o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, de “actividades anti-estatais”, de “conspiração para uma rebelião” e de simpatizar com a Coreia do Norte."
 
E, no mesmo artigo do "Público" : "A última vez que a lei marcial tinha sido declarada na Coreia do Sul foi em 1979, depois do assassinato do ditador Park Chung Hee. Pouco depois, o general Chun Doo-Hwan liderou um golpe militar e assumiu o poder, tendo governado o país com mão de ferro, antes de permitira transição para a democracia"
 

Agora, se bem entendo a notícia, o presidente da Coreia do Sul impôs a lei marcial, mas depois recuou, acusando o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, de “actividades anti-estatais”, de “conspiração para uma rebelião” e de simpatizar com a Coreia do Norte.". 

Perceberam tudo até aqui?
Ainda bem. Percebi que, a partir daqui,

Trump é amigo de Putin, que é amigo Kim Jong-un, do qual é amigo o partido maioritário da Coreia do Sul. 
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Actualização - 14/12/24
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Hoje, tinha iniciado comentário sobre BOMBEIROS BOMBISTAS, 
quando caiu a notícia sobre o que se passa nas Coreias.

 

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