Monday, May 25, 2020

O QUE DISSE RIO


- O maior crime de colarinho branco, diz Rui Rio como se o PSD não tivesse nada a ver com o assunto.
- O PSD teve a ver com  o assunto, mas o que disse Rio significa que ele não descarta as responsabilidades passadas do seu partido, uma atitude geralmente não adoptada pelos líderes políticos.
...
-... não consigo concluir que o PSD / CDS (ou pelo menos muitos dos seus protagonistas nos media) sejam as puras virgens no imbróglio em que nos meteram.
Também não acredito que todos tenham sido agora apanhados de surpresa pela necessidade de continuar a fazer injecções de capital no NB . isso sempre esteve claramente escrito nas estrelas do nosso pequeno firmamento e só um perfeito idiota não perceberia que era isso que iria acontecer sem apelo ou agravo
- Concordo com o que dizes mas, salvo erro, não contaste todas as virgens.
Também o PCP perdeu a virgindade ao viabilizar os orçamentos que incluíam o pagamento daquele compromisso negociado pelo governo anterior e assumido pelo governo seguinte. Quanto ao BE não sei se ainda era virgem, agora já não é de certeza.
Falou-se, na altura da procura de comprador para o aborto, na tina, there is no alternative. Ora, se bem me recordo, Vítor Bento saiu porque lhe tiraram o tapete, o Carlos Costa & Companhia. Se o Vítor Bento tivesse continuado, teriam sido analisadas as consistências dos activos. Levaria tempo, pois levaria, mas o sr. Costa, o Carlos, sabe-se lá porquê, nunca soubemos os porquês de várias decisões do sr. Costa, o Carlos, que cognominei no meu caderno de apontamentos de Constâncio Segundo, entendeu dispensar o Vítor Bento e embarcar no Fundo de Resolução, uma coisa que não podia deixar de sair furada, digo-o agora e escrevi isso na altura no meu caderno público de apontamentos. ... mas isto são peanuts que o tempo desvalorizará, até porque o ocidente não prestou atenção ao oriente e está irremediavelmente a afundar-se (com esta pandemia), se não me engano. 
Oxalá me engane.

5 comments:

Pinho Cardão said...

Claro, meu caro Rui, que a resolução do BES foi tomada no governo de Passos Coelho, é um facto. A responsabilidade, o vício ou a virtude foi desse governo, do BP e do BCE.
Outro facto é que a venda do Novo Banco foi feita pelo 1º governo de António Costa, em Outubro de 2017, dois anos após ter tomado posse (em Novembro de 2015). A responsabilidade, o vício ou a virtude tem que lhe ser assacada. Também aqui havia outras alternativas, mas a de vender, passar a propriedade e a gestão para outrém e ficar responsável por contingências de 3,9 mil milhões de euros nem ao diabo lembraria. Claro que foi a solução fácil, pois parte do princípio que quem paga são os outros Bancos via contribuições para o Fundo de Resolução. O que traz um enorme atentado contra a concorrência. Nestes termos, dentro de pouco tempo o NB estará facilmente saneado e depois ou será bem vendido ou, de qualquer forma, será um Banco muito rentável dada a sua base de clientes. Já agora, em devido tempo o BCP instaurou uma acção contra o Estado contestando a venda do NB nas condições em que se verificou.
Enfim, grande abraço e boa saúde

Rui Fonseca said...


Caríssimo António,

Obrigado pela tua informação : "em devido tempo o BCP instaurou uma acção contra o Estado contestando a venda do NB nas condições em que se verificou."

Nunca percebi porque é que a solução para o BES através do Fundo de Resolução não teve que ser aprovada/aceite pelos bancos responsabilizados nesse fundo.
Ou melhor, percebi que, de qualquer modo, a responsabilidade dos bancos era para contribuinte/eleitores ouvirem. Disse ouvirem, não disse verem, porque os contratos permanecem no segredo do ... Fundo de Resolução. Foi o que disse Costa, o António, ao Rio quando este lhe solicitou os contratos: "Tem de os pedir ao Fundo de Resolução ..."
Onde é que mora o Fundo de Resolução?
Abç
Saúde é que é preciso!

Pinho Cardão said...

Caro rui:
FdR foi criado em 2012 com a missão de prestar apoio financeiro às medidas de resolução que viessem a ser aplicadas pelo Banco de Portugal, na qualidade de autoridade nacional de resolução.
A lei determina as contribuições dos bancos e sociedades financeiras, sendo que BCP e Caixa contribuem com cerca de metade. Por isso, não tens razão, face à lei, quando dizes que "a responsabilidade dos bancos era para contribuinte/eleitores ouvirem". O que aconteceu, como sabes, é que o Fundo foi chamado a cobrir responsabilidades quando ainda não estava provido nem com um euro. Por isso, o Estado emprestou, e continua a emprestar dinheiro ao Fundo, cobrando juros que os Bancos têm que pagar.
Se isto se vai manter para sempre, isso não sei, não sabemos.
Face à lei, os Bancos não têm intervenção em qualquer caso de resolução, por isso a resolução do BES não teve participação de qualquer Banco.
No caso da venda do Novo Banco continuou a ser aplicado o mecanismo de apoio, agora de 3,9 mil milhões de euros, a eventuais contingências. E se o BCP não podia contestar a resolução do BES face à lei, já contestou que o F. Resolução tivesse que apoiar um Banco que acabara de ser vendido e em que se responsabilizava o Fundo por contingências cujo controle seria impossível ou difícil de fazer.
Aliás, os Bancos não têm qualquer representação no F. R., só pagam.
Como nota complementar, saberás que o primeiro Fundo de Resolução teve lugar nos EUA, no contexto de uma crise bancária no século passado. Mas foi uma criação voluntária de meia dúzia de bancos que obtiveram o apoio generalizado dos restantes para obviar a dificuldades de alguns deles. Aqui, houve imposição legal.
Grande abraço e mantém-te em forma
António

Pinho Cardão said...

Ainda como complemento e resposta onde mora o F. Resolução. Mora no B. Portugal e no M. Finanças, julgo que tem dias, ou tem noites...Mas é afagado por ambos, embora alimentado pela concorrência...

Rui Fonseca said...


Obrigado, caro António, pelo teu comentário que, do meu ponto de vista, confirma o que afirmei: os bancos foram envolvidos por imposição legal sem serem ouvidos e efectivamente obrigados, o que desde logo é uma contradição óbvia. Por essa razão o BCP contestou e os outros apanharão a boleia se, como tudo leva a crer, for dado provimento à contestação do BCP.
Referes a criação do primeiro Fundo de Resolução nos EUA. Não sabia.
É uma informação que vai no sentido que, desde o primeiro momento, me colocou uma enorme interrogação: Por que diabo se mete o Governo e o Banco de Portugal num embrulho que devia ser desembrulhado por quem embrulhou ou fechou os olhos aos embrulhanços, i.e., os bancos?
Forte abraço e saúde!