Thursday, January 17, 2019

PARA UMA ANTOLOGIA DA PULHICE POLÍTICA À PORTUGUESA



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Recorde-se que a primeira grande polémica em que Armando Vara esteve envolvido ocorreu há quase 20 anos, com a famosa Fundação para a Prevenção e Segurança (FPS). Nos saudosos tempos de Guterres, em que se abriam fundações a pontapé para esturrar dinheiro fora do perímetro do Estado e alargar os jobs for the boys, a FPS tinha a grande missão de pôr de pé cartazes de prevenção rodoviária. Para isso, abocanhou logo dois milhões, uma quinta (de Santo António, na Pontinha) e um forte (de São João da Cadaveira, no Estoril). Autores da façanha: o ministro Armando Vara e o secretário de Estado Luís Patrão, que de caminho encheram a FPS com assessores seus. Com as notícias da fundação a enxamearem os jornais, Vara e Patrão foram obrigados a sair do governo, com um empurrão de Jorge Sampaio. Sobre eles, disse o então Presidente da República: “Há comportamentos que são politicamente inaceitáveis num Estado de Direito.”
Mas são mesmo? Em 2005, Sócrates borrifou-se para o passado de Vara e ofereceu-lhe um lugar na administração da CGD. E o mesmo Sampaio que impôs a sua saída em 2000 condecorou-o, em Abril de 2005, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, pelos serviços prestados à pátria – condecoração essa que é agora retirada com a sua condenação. Portugal é um país giro. Armando Vara está preso. Falta apenas tudo o resto.

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