Saturday, September 10, 2022

O VALOR ECONÓMICO E ESTRATÉGICO DA CACA

 

Falando da nossa caca, é um artigo de Jorge Almeida Fernandes, no Público de anteontem.

Transcrevo parte e concluo com informação que recebi de fonte fidedigna sobre o que é afirmado na parte final do artigo de JAF

"Olhemos dois números. Há 8015 mil milhões de seres humanos. E cada habitante do planeta produz diariamente 450 gramas de fezes. Que lhe fazemos? Não é um assunto repugnante que deva ser silenciado por tabus ou preconceitos. É uma questão de saúde pública, de ecologia e agricultura. Hoje, queremos livrar-nos das fezes. No Japão eram objecto de cobiça e foram o segredo da sua alta produtividade agrícola.

Parto de uma investigação da BBC, da jornalista Lina Zelnovich: "Por que é tempo de falar sobre a nossa caca". Os restos dos nutrientes humanos são desperdiçados, remetidos para os nossos oceanos e aterros sanitários em vez de serem devolvidos ao solo. As nossas fezes são um poderosíssimo fertilizante. Os cereais, a fruta e as verduras que comemos estão cheios de substâncias nutrientes, como azoto, fósforo, potássio e muitos outros. ...

Há hoje dispositivos para uso doméstico, que reciclam as fezes e limpam a água de factores patogénicos, permitindo, por exemplo, adubar e regar jardins. E há experiências em maior escala. A DC Water, de Washington, trata de forma inovadora toda a caca dos habitantes da capital americana, produzindo um fertilizante sólido, vendido por uma instituição sem fins lucrativos.

Mas é uma gota de água à escala mundial. E, como era de esperar, a sua aplicação na agricultura tem pela frente um poderoso lobby: a indústria de fertilizantes. Só pela força das crises se fará esta revolução: à terra o que vem da terra."

Sim, é verdade. 

Melhor ainda - não é só em DC- mas DC Water é provavelmente a maior entidade que tem esse programa. Inicialmente, DC Water oferecia o fertilizante a quem o quisesse ir buscar porque mandar o fertilizante para os aterros é mais caro. Mas a realidade económica mostra que as pessoas valorizam mais o que lhes custa comprar, e poucos se dirigiam às estações de tratamento para levantar os fertilizantes que necessitavam.

Foi, então, criada empresa que comercializa, embalando e distribuindo a preço conveniente. Está a ser bem sucedida.

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