O Presidente russo, Vladimir Putin, disse esta segunda-feira que não pode haver vencedores numa guerra nuclear e que nenhuma guerra desse tipo deve ser iniciada.
Numa carta aos participantes de uma conferência sobre o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNPN), mais de cinco meses após o começo da guerra contra a Ucrânia, Putin escreveu: “Partimos do facto de que não pode haver vencedores numa guerra nuclear e que esta nunca deve ser desencadeada, e defendemos uma segurança igual e indivisível para todos os membros da comunidade mundial”.
As palavras parecem ter como objectivo tranquilizar o mundo e retratar a Rússia como uma potência nuclear responsável. Contrastam com declarações anteriores de Putin e de outros políticos russos que foram interpretadas no Ocidente como ameaças nucleares implícitas.
Num discurso a 24 de Fevereiro, no arranque da invasão russa da Ucrânia, Putin referiu-se ao arsenal nuclear russo e avisou as potências externas que qualquer tentativa de interferência “conduziria [esses países] a consequências que nunca encontraram na sua história”.
Dias mais tarde, ordenou que as forças nucleares russas fossem colocadas em alerta máximo.
A guerra elevou as tensões geopolíticas a níveis não vistos desde a Crise dos Mísseis de Cuba de 1962, com políticos tanto na Rússia como nos Estados Unidos a falarem publicamente do risco de uma Terceira Guerra Mundial.
O director da CIA, William Burns, afirmou em Abril que, tendo em conta os reveses que a Rússia sofreu na Ucrânia, “nenhum de nós pode encarar de ânimo leve a ameaça representada por um potencial recurso a armas nucleares tácticas ou a armas nucleares de baixo rendimento”.
A Rússia, cuja doutrina militar permite a utilização de armas nucleares em caso de ameaça existencial ao Estado russo, acusou o Ocidente de empreender uma “guerra por procuração”, armando a Ucrânia e impondo sanções a Moscovo.
Esta segunda-feira, uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo questionou a seriedade dos comentários do Presidente dos EUA, Joe Biden, apelando a conversações sobre um quadro de controlo de armas nucleares para substituir um tratado que expira em 2026.
Em Abril, a Rússia realizou um primeiro ensaio do seu novo míssil balístico intercontinental Sarmat, capaz de montar ataques nucleares contra os Estados Unidos, e disse que planeava utilizar as armas até ao Outono.
--- Correl.-