Enviam-me ontem por e-mail "para desanuviar da indecente propaganda anti-russa em curso" cópia do artigo de José Pacheco Pereira no Público de ontem - "O agressor não é o povo russo, é Putin e a sua corte militar e civil, mas o agredido é o povo ucraniano, seja quem for quem o governe. - aqui"
Estamos neste momento sujeitos a uma indecente propaganda anti-russa?
Se
estamos, não tenho notado, talvez por estar geralmente mal informado.
Portanto, admito que sim, que haja uma propaganda indecente anti-russa.
Na falta de melhor prova, recorro ao que afirma Pacheco Pereira.
Afirma
Pacheco Pereira que tem as melhores memórias da Rússia e por isso
repugna-lhe confundir Putin com "os russos", ... admitindo que a maioria
dos russos apoia esta guerra e não é apenas porque a censura de Putin
evita o conhecimento do que se passa ...
Passa neste momento no mundo ocidental um certo olhar que confunde Putin com "os russos" (entre aspas)?
Há,
e não me parece que seja um olhar vesgo, é mais um olhar desconfiado,
mesmo amedrontado, aterrorizado, porquanto é conhecido (afirma Pacheco
Pereira) que a maioria dos russos (aqui, sem aspas) apoia esta guerra.
Em
que ficamos: as responsabilidades pelo arrasamento da Ucrânia são da
exclusiva do czar e dos seus colaboradores mais próximos ou envolvem
também os russos que apoiam a guerra e a ameaça de Putin & Companhia
recorrer ao seu stock de armamento nuclear para num "golpe relâmpago",
palavras dele, atingir os seus insondáveis objectivos?
Se
há uma propaganda anti-russa, a que vejo, é transmitida pelos órgãos de
comunicação abertos a toda a população e não aos entusiastas das redes
sociais, a que não adiro. E é terrível, porque são repugnantes as
imagens dos arrasamentos russos (sem aspas).
Em
apoio da sua admiração pelos russos (com aspas ou sem aspas) Pacheco
Pereira refere os grandes nomes da literatura, da música, das artes..
Não
precisava de invocar tamanha ilustração porque a quem já tenha passado a
maior parte da caminhada, se esteve atento, não escaparam ao seu olhar,
à sua visão, à sua intrínseca capacidade emocional, pelo menos algumas
das maiores criações dos grandes génios nascidos nos impérios russos.
Mas
são eles a imagem colectiva de um povo que, na sua esmagadora maioria,
se habitou e, ainda não perdeu o hábito, de servir sem reclamar?
Já
agora, como contrapeso, penso: E não há na Europa, dita ocidental, um
evidente anti-americanismo latente, que já se esqueceu ou nunca soube
que morreram dezenas de milhares de americanos para resgatar a Europa do
nazismo durante a Segunda Guerra Mundial?
Dando um salto no
tempo: Se Trump (ou os trumpistas) voltarem ao poder em Washington, se a
mancha extremista que alastra na Europa prevalecer e democracia liberal
tombar, e com esse trombo se estilhaçarem os valores democráticos,
somos todos responsáveis ou irresponsáveis por isso?
Há
dias reparei que, mais uma vez, se citava nesta circulação de ideias, a
afirmação "duas pessoas com a mesma informação chegam a resultados
idênticos" para salientar o enorme erro de ausência da ponderação das
ideologias na citação.
Há, também neste caso, uma confusão de
termos: conclusões, ou resultados, não são pareceres, perspectivas,
objectivos, políticas.
Se, no hemisfério norte, pela manhã,
qualquer pessoa que se volte voltar para o nascer do sol e alargue os
braços em posição paralela ao horizonte, constata que à esquerda fica o
norte e à direita o sul. A mesma informação, conduz ao mesmo resultado,
independentemente de critérios subjectivos dos observadores.
Mas
se dois mísseis são lançados da Crimeia e atingem Kyiv destruindo
edifícios localizados próximo do lugar onde o Secretário-geral das
Nações Unidas conferenciava com Zelensky, depois de no dia anterior ter
estado numa ida ao Kremlin, onde foi recebido há distância de uma mesa
de seis metros de comprido, que conclusões podem retirar quem ouviu
estas notícias:
Eu concluo que o terrorista Putin é isso mesmo um terrorista aterrador global com a opoio maioritário dos russos (sem aspas).
E tu, JB, que conclusão retiras?
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