Thursday, November 24, 2005

A BOTA

Se um dia destes, neste País, um qualquer objectivo nacional for consensual ou quase, é quase certo que nos mudaram a todos as meninges ou estamos a falar de mais estádios de futebol. Os políticos mudam de opinião como quem muda de camisa, estando na oposição dizem branco, estando no governo, preto, e vice-versa. O pagode fica baralhado e anda de um lado para o outro sem saber bem onde param as modas.

Vejam só o caso da Ota:

O Governo concluiu que o aeroporto da Portela não aguenta mais de 10 anos. Os anteriores governos, ao que parece, também.

Manter a Portela e construir um segundo aeroporto é economicamente inviável.

De modo que das dezasseis hipóteses, sobraram três menos más: a Ota, o Montijo e Rio Frio. Como estas duas últimas não são apoiadas pela União Europeia por razões ambientais, sobra a menos menos má: a Ota.

Isto é, em síntese, o que diz o Governo.

Mas os do Turismo não concordam porque…

Os da CIP não concordam porque…

Os do Porto não concordam porque…

O Presidente da Câmara de Lisboa não concorda porque…

E quem não é especialista em aeroportos, nem tem pretensões, pergunta:

Afinal é preciso ou não sair da Portela dentro de 10 anos? Ou 15, ou 20.
Devíamos começar por aí. É uma questão de números, e muito prosaicamente de estatísticas e aritmética, não? É assim tão difícil porem-se os senhores políticos de acordo sobre este assunto? Ou teremos de concluir que não sabem fazer contas?
É do mais elementar bom senso que uma bota se descalça mais facilmente pressionando primeiro no calcanhar e só depois se empurra o cano e puxa na biqueira.

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