Wednesday, February 21, 2024

O GÉNIO POLÍTICO DE PNS

Não era minha intenção anotar neste caderno de apontamentos qualquer reparo à unanimidade, salvo se me escapou alguma excepção, dos comentadores pós-debate entre Luís Montenegro de Pedro Nunes dos Santos: Pedro Nuno dos Santos ganhou o debate. 
E porquê?
 
Decisivamente, porque na sua primeiro intervenção, PNS fez questão de afirmar, alto e bom som, que não devem tolerar-se manifestações como aquela que, ruidosamente, se ouvia no interior do Capitólio, de polícias, guardas republicanos e outras forças a reclamarem condições que, segundo PNS, são justas e devem ser resolvidas com urgência. Montenegro, a quem coube ser o primeiro de pronunciar-se,  respondendo à moderadora de serviço, considerava que as reclamações dos agentes de segurança eram justas e tinham de ser satisfeitas. Não garanto que as palavras tenham sido, tal e qual estas, mas o sentido da resposta de LM não deve ter andado longe do que retive. 
PNS, que respondeu a seguir, foi demolidor da concentração autorizada. Soube-se depois que a concentração tinha sido autorizada pela Câmara de Lisboa para ser realizada na Praça do Comércio mas, dali, os manifestantes tinham atravessado até à entrada do Capitólio, num espaço donde só saía quem os manifestantes deixavam sair.

Com aquela atitude afirmativa de autoridade do Estado, PNS, segundo a unanimidade dos comentadores, ganhou o debate, Montenegro perdeu. E perdeu porquê?
 
Porque Montenegro poderia ter contraditado PNS lembrando-lhe que aquela concentração, que PNS veementemente reprovou com indignação, tinha como origem uma decisão do governo socialista (do partido que PNS ali representava) ao atribuir um prémio de risco à PJ, esquecendo-se as repercussões iriam ter nas polícias e guardas em geral.
Mas não só.
As responsabilidades do governo (agora provisório) poderão agora inibi-lo de realizar as negociações que deveria ter feito mas não fez. Mas não o inibem de continuar a segurar as rédeas da segurança dos portugueses.
Mais anda.
Esta manhã ouvi na antena 1 declarações de José Luís Carneiro, ainda membro do governo como ministro da Administração Interna, indignado por ter dado ordens aos comandos da PSP e da GNR de adopção medidas adequadas à garantia da segurança nos locais onde decorrem os debates. Pelos vistos, as suas ordens não foram observadas nem obedecidas.
Que fizeram os comandantes da PSP e da GNR?
Mandaram instaurar inquéritos remete-los ao Ministério Público. 
Até hoje, segundo anterior bastonário da ordem dos advogados, destes inquéritos nunca resultou a culpabilização de ninguém: A lei terá cerca de 50 anos e é suficientemente vaga para poder o MP inculpar alguém.

A culpa é, afinal, de Montenegro. 
E, talvez por isso, se tenha de demitir da presidência do PSD quando forem conhecidos os resultados de 10 de Março.

3 comments:

Rogério Silva said...

Bem analisado como é teu hábito nestes teus escritos.
Abraço

Pinho Cardão said...

Muito bom, caro Rui. O que é um hábito. A melhor análise que vi sobre o tema.
Abraço
APC

Rui Fonseca said...


Obrigado Rogério, obrigado António.
Abçs