Monday, February 22, 2010

O JOGO DA CABRA CEGA


Declarações da senhora directora do DCIAP : Escutas a magistrados defendem melhor o segredo de justiça
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Ela disse isto?
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Li o resumo da notícia no JNonline (aonde estou não chega o JN impresso) e fiquei pasmado. Sou um daqueles portugueses que ainda pasmam com algumas notícias que fazem de Portugal um País diferente. E admito que seja também para pagar algumas originalidades que pagamos alguns impostos.
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Segundo depreende o cidadão comum, que eu sou, as escutas fazem bem à justiça. A tal ponto que não as podem dispensar. Mas também fazem bem a outras coisas: por exemplo, aos media e, por tabela, aos profissionais dos media. Porque, como toda a gente sabe, os clientes dos media lambem-se com as escutas. De modo que da gulodice da malta por escutas até ao rendimento que as gulodices costumam dar vai um passo pequeno: a quebra do segredo de justiça. Sem quebrar o segredo, as escutas seriam o mel esquecido no cortiço. O problema, segundo parece, é que, como qualquer gulodice, a quebra do segredo de justiça faz mal à justiça.
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Ora se:
- as escutas fazem bem à justiça,
- mas a quebra do segredo de justiça faz mal à justiça, daí o estado calamitoso em que a justiça se encontra,
- porque as escutas só fazem bem à justiça se não forem do conhecimento do cidadão comum;
- se a senhora PGA está convencida que o segredo de justiça só será bem guardado se as escutas forem alargadas aos magistrados, porque os magistrados podem quebrar o segredo de justiça;
- Mas se os magistrados não estão acima da lei, a senhora PGA colocou-os acima da justiça ao não ter ordenado até agora que os seus pares suspeitos fossem escutados,
- tornando-se, pelo menos, objectivamente conivente com aqueles seus pares que supostamente quebraram o segredo de justiça.
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É assim ou tudo isto não passa de uma paródia?

6 comments:

aix said...

E se o disse está muito bem dito. Sou visceralmente contra escutas. Todo o escuta é um bufo. No 'antigamente' podia estar na mesa do café mesmo ao nosso lado. Mas se tiver que havê-las, que estejam sempre sob escuta os magistrados, pois assim será um meio de as neutralizar. Os casos que decorrem (Freeport,Presidência,Face oculta) são, como foi o Casa Pia, uma completa e descarada vergonha para a nossa justiça.

rui fonseca said...

Caro Francisco,

Depois de ter lido o teu comentário entendi colocar à consideração da tua formação filosófica um pequeno e ingénuo exercício de lógica, e escrevi uma paródia sobre o assunto.

Fico na expectativa da tua correcção.

aix said...

Caro Rui, o que escolheste, e bem, para frontispício do teu «Aliás» -“não há questões filosóficas, há questões de linguagem” – permite-me discordar dos teus silogismos. Primeiro: há que definir o que é ‘cidão comum’. Eu tenho-me por tal e não me considero incluído na classe ‘as escutas fazem bem à justiça’. Porque,segundo: ao dizeres ‘as escutas’ estás a pressupor ‘todas as escutas’, no que, obviamente, discordo. Talvez assim: ‘algumas escutas fazem bem a alguma justiça’. O problema aqui seria saber quais e a qual, e essa é que é a base da minha rejeição das escutas.
Agora quanto à incongruência da Srª PGA estamos de acordo: se acha que as devia fazer que as faça. Só que defender um ponto de vista não significa capacidade para o implementar. Poderá ela, 'ad libitum', proceder às escutas que bem entender? E como a minha tese é radical - escutas, mesmo atrás da porta, proibidas - não há problema em que sugira que todos os magistrados estejam sempre sob escuta, porque nenhum estaria.

rui fonseca said...

Caro Francisco,

Obrigado pelo teu comentário mas, se me permites, gostaria de defender a honra do meu pretenso silogismo.

Eu não afirmei, creio eu, que o homem comum está convencido que as escutas fazem bem à justiça. Não afirmei tal nem estou convencido de tal. Mas também não afirmei o contrário nem estou convencido do contrário. Quem afirmou isso foi a senhora coordenadora do DCIAP. O homem comum limita-se a ouvir.

Aliás, a coordenadora do DCIAP apenas pretende estender as escutas também aos seus pares porque escutas há, ao que parece, por aí por todo o lado.

Por quê excluir os magistrados? Se ela, directora do DCIAP, entende que também eles são suspeitos de quebrarem o segredo de justiça? Há outra interpretação possível para as suas palvras?

Há ainda uma questão que me baralha e que ainda não vi abordada por ninguém: Por que é que esta polémica das escutas tem uma projecção tão grande em Portugal? Sabes?

António said...

"Se ela, directora do DCIAP, entende que também eles são suspeitos de quebrarem o segredo de justiça? Há outra interpretação possível para as suas palavras?"

Há pois.
Há a certeza que trabalhando sózinha, pode fazer o que quiser com provas e factos, sem mostrar a ninguém o que faz. Como trabalha sózinha não fala com ninguém, muito menos telefona.Daí não ter problemas com escutas, por segredos é com ela.

Anonymous said...

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