Thursday, June 30, 2011

NÂO DIGAM AO JERÓNIMO

De volta a casa, ouço na Antena 1 parte da transmissão da apresentação do programa do Governo na AR.
Uma recepção cordata do PS, encomiástica, como seria de esperar por parte dos dois partidos que apoiam o Governo. Quando chega a vez de Jerónimo de Sousa, o líder do PCP, deseja boa saúde ao primeiro-ministro e passa ao ataque. Acaba por desafiar o primeiro-ministro "a fazer o que deve ser feito, isto é, a reestruturação da dívida". Passos Coelho devolve com diplomacia e repõe o discurso no campo do respeito pela diferença de opiniões de cada um na defesa dos interesses nacionais por parte de todos. Quanto à reestruturação da dívida , a posição do chefe do Governo é clara: Não haverá reestruturação, Portugal pagará a integralidade das suas dívidas.

Percebe-se o discurso de Passos Coelho, idêntico ao de Sócrates, neste caso. Um chefe de Governo não pode dizer outra coisa. Faz sentido que um líder de um partido minoritário na oposição insistir num ponto que, apesar da sua pertinência, não pode ter outra posição pública por parte de quem governa? Só faz sentido do ponto de vista dos interesses partidários, e só desses, de quem não tem responsabilidades governativas.

Tivesse Jerónimo lido o que o actual ministro da Economia comentou aqui, e teria enchido o saco.

A REESTRUTURAÇÃO SEGUNDO ROGOFF

Kenneth Rogoff, um dos mais respeitados economistas mundiais e autor de um dos melhores livros sobre crises financeiras ("This Time is Different", escrito em co-autoria com Carmen Reinhart), continua a defender que a crise da dívida soberana europeia só será resolvida com uma reestruturação da dívida de alguns países. Aqui está um excerto do seu artigo de opinião mais recente:

"Europe is in constitutional crisis. No one seems to have the power to impose a sensible resolution of its peripheral countries’ debt crisis. Instead of restructuring the manifestly unsustainable debt burdens of Portugal, Ireland, and Greece (the PIGs), politicians and policymakers are pushing for ever-larger bailout packages with ever-less realistic austerity conditions. Unfortunately, they are not just “kicking the can down the road,” but pushing a snowball down a mountain.

True, for the moment, the problem is still economically manageable. Eurozone growth is respectable, and the PIGs account for only 6% of the eurozone’s GDP. But by stubbornly arguing that that these countries are facing a liquidity crisis, rather than a solvency problem, euro officials are putting entire system at risk. Major eurozone economies like Spain and Italy have huge debt problems of their own, especially given anemic growth and a manifest lack of competitiveness. The last thing they need is for people to be led to believe that an implicit transfer union is already in place, and that reform and economic restructuring can wait.

European Union officials argue that it would be catastrophic to restructure any member’s debts proactively. It is certainly the case that contagion will rage after any Greek restructuring. It will stop spreading only when Germany constructs a firm and credible firewall, presumably around Spanish and Italian central-government debt. This is exactly the kind of hardheaded solution that one would see in a truly integrated currency area."

O resto do artigo pode ser lido aqui.

BRUNO

Sou da Rondónia, isso, não longe de Manaus, não, já na Amazónia. De onde lhe vem o nome de Rondónia, não sei, não. Eh! mas posso ver no google, e da próxima já sei dizer ao senhor de onde vem esse nome. Rondon?* Não, nunca ouvi falar. De Ferreira de Castro? Também não. Nunca. É brasileiro? Ah!, é português? Pois também nunca ouvi falar, não. E saiu daqui com doze anos para o Brasil? Para Rondónia?!! Uh! Sozinho? Há cem anos? Incrível, não é? Sair daqui há cem anos para a Rondónia ... com doze anos? Verdade? Nesse tempo a Rondónia ficava no fim do mundo, senhor. O seringal era o inferno para quem lá caía. De fora, é uma coisa, lá dentro é outra. Agora o negócio da borracha não existe mais. Não li, não. Como se chama esse livro? A Selva? Não, esse não li. Mas conheço o rio Madeira, sim senhor, nem podia deixar de conhecer, passa por Porto Velho, nós vivíamos pertinho de Porto Velho ... Se, um dia destes, arrumar esse livro, vou ler. Eu vim para cá há quatro anos com a mãe e quatro irmãs. Pai? Não... Pai não tenho... Lá, em Porto Velho, Porto Velho é a capital do estado, a coisa estava ruim, por isso viemos, eu, a mãe, e minhas quatro irmãs da parte da mãe. Da parte do pai tenho mais sete irmãs. Onze, no total.  Tudo mulher, menos eu. Uma é surda-muda. Você sabe como é: não ouve, não fala. Devia estar em ensino especial, mas sabe como é, não dá. As outras irmãs? Oh! Estudam... Eu, na Rondónia, estudava. A mãe era doméstica, como aqui. As outras, as da parte de pai, não sei. Faz muito tempo que não sei nada delas. Eh! Gosto de cá estar. Mas isto agora começou a ficar mal, não começou? Esperemos que melhore, se não lá terei de voltar a Porto Velho. Pois fica combinado: vou ao google, e na próxima,  já sei de onde veio esse nome de Rondónia.

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Ferreira de Castro, O Instinto Supremo, romance que narra a missão de pacificação dos índios parintintins, na selva amazónica, por um grupo de discípulos do general Cândido Rondon, no início dos anos 20 do século XX. O famoso lema de Rondon orienta a acção dos homens enviados pelo Serviço de Protecção aos índios e transmite-se aos trabalhadores por eles recrutados: «Morrer se necessário for; matar, nunca!».

O etnólogo Curt Nimuenda jú, um alemão naturalizado brasileiro, é a personagem que assume maior relevância, servindo de porta-voz do autor, na defesa da civilização indígena. c/p de aqui

Wednesday, June 29, 2011

O BRANCO DE PORTUGAL

Só não via quem não queria ver. O Banco de Portugal não quis ver. Os da troica, mal chegaram, estranharam: como é que podia um sistema financeiro mergulhado numa crise de crescimento e num endividamento brutal apresentar índices de crédito mal parado tão baixos? O enigma do rabo de fora do gato escondido resolve-se sempre puxando pelo rabo. O Banco de Portugal, viu o rabo, olhou para o lado, e assobiou para o ar. O caso é contado aqui. Nada a que não estejamos já habituados: O BCP, o BPP, o BPN, entre outros, são exemplares do adormecimento a que se dedicaram os responsáveis pelo Banco de Portugal no tempo em que, o entretanto promovido a vice do BCE, com responsabilidades de supervisão, nunca se deram ao trabalho de puxar com convicção pelos ostensivos rabos dos evidentes  gatos escondidos.

Agora, que o caldo se entornou, os contribuintes que paguem a indolência do agora vice e companhia.
O BPN, classificado caso de polícia, continua nos cuidados rame rame da justiça. Entretanto, uma primeira factura de mais de dois mil milhões de euros já está  a pagamento dos inocentes porque os culpados serão dispensados juridicamente por prescrição de prazos processuais; os outros, os que por laxismo ou conivência permitiram o roubo, nem sequer serão ouvidos pela justiça.

Os outros, para além do Banco de Portugal, são também os outros bancos, a CGD à cabeça, por especiais responsabilidades enquanto banco do estado. A eles deveria ser apresentada a factura. Porque foi por eles, pelo risco sistémico do sistema (razão invocada) que foi feita a nacionalização do logro chamado BPN. A decisão mais justa e consequente seria entregar-lhes, para distribuição equitativa entre eles, o buraco que viram abrir-se e fizeram vista grossa. Incluindo o presidente da Associação Prtuguesa de Bancos, de então.

A CRISE DA AUSTERIDADE

Why austerity alone risks a disaster
By Martin Wolf

Enjoy the coming slump. That is not what the Bank for International Settlements says to the US and other overindebted economies. But it is what its latest annual report implies. I admired the warnings of monetary and financial excesses that the BIS gave under its former economic adviser, William White. I respect Stephen Cecchetti, his successor. But I disagree with the thrust of this report. It understates the obstacles to across-the-board austerity.

Persisting with monetary and fiscal accommodation is uncomfortable. But unconventional times demand unconventional policies. What makes these times unconventional? The answer is that a number of economies are in what the Jerome Levy Forecasting Center calls a “contained depression” – a period of sustained private sector deleveraging.

Implicitly, the BIS report rejects such a view. It argues for monetary and fiscal tightening across the globe. This argument rests on two beliefs. First, the world economy is close to full capacity. Second, “addressing overindebtedness, private as well as public, is the key to building a solid foundation for high, balanced real growth and a stable financial system. This means both driving up private savings and taking substantial action now to reduce deficits in the countries that were at the core of the crisis.”

Consider, first, monetary policy. Suppose we had an inflation-targeting central bank for the world. How should it respond to rising commodity prices when inflation expectations are also under control? Such a bank would recognise that this is a shift in relative prices, which reduces capacity and real wages. It would not know whether the rises are a one-off or a lasting trend. It would want to avoid a jump in inflationary expectation or a wage-price spiral. But would it also wish to reduce nominal wage rises, to offset the inflationary impact of the rise in commodity prices, even if that risked a significant slowdown? I think not. If it did, it would impart instability into the real economy in response to erratic and unpredictable movements in prices of commodities.

In practice, not only do we have no global central bank but inflation conditions are divergent. In high-income countries inflation is reasonably under control. In many emerging countries it is shooting upwards, partly because the latter consume commodities more intensely and partly because their economies have expanded more strongly.

The right monetary policy would also be diverse. This, happily, is just what our world allows: emerging countries should tighten; and high-income countries should tighten more slowly. This is happening but not enough, because many emerging countries are desperate to avoid exchange rate appreciation.

What should high-income countries do? On this the BIS report does a signal service: it demonstrates that hysteria about the impact of larger central bank balance sheets is unjustified. But it argues that economic slack has disappeared. That this is true of emerging countries seems plausible. The BIS also points to the mistake made in the 1970s, when the impact of the oil price shock on capacity was underestimated. It argues that today, too, the amount of spare capacity is exaggerated. Yet unit labour costs and expectations are far better under control than then. Now, I would argue, is when central banks use up their credibility. They must watch inflation expectations. But they do not have to act pre-emptively.

Now turn to the yet more debated question of fiscal policy. The question I have is this: does the BIS know that every sector cannot run financial surpluses at the same time?

Few doubt there is excessive private sector debt in a number of high-income countries. But how is it to be reduced? The BIS notes four answers: repayment; default; higher real incomes; and inflation. Let us rule out the last and focus on the first. Repayment means spending less than one’s income. That is what is happening in the US private sector. Households ran a financial deficit (an excess of spending over income) of 3.5 per cent of gross domestic product in the third quarter of 2005. This had shifted to a surplus of 3.3 per cent in the first quarter of 2011. The business sector is also running a modest surplus. Since the US has a current account deficit, the rest of the world is also, by definition, spending less than its income. Who is taking the opposite side? The answer is: the government. This is what a controlled depression means: every sector, other than the government, is seeking to strengthen its balance sheet at the same time.

The BIS insists this is not good enough: highly leveraged countries are running structural fiscal deficits, which must be eliminated as soon as possible. Fair enough, but where are the offsetting adjustments to occur?

The evidence suggests that the foreign surpluses are structural or at least highly persistent. Given these debt overhangs, surpluses of household sectors are also likely to be sustained. So a big reduction in these fiscal deficits probably demands an offsetting reduction in business sector financial surpluses. That can happen in two ways: a surge in business investment or a reduction in retained earnings. The former would be adjustment via growth and the latter adjustment via a slump. Which is more likely? If you believe a sharp monetary and fiscal tightening would result in an investment boom, I have a bridge to sell you. If the more plausible adjustment is via shrinking profits, that surely implies a fall in output. If so, this would preclude lowering the debt overhang via higher real incomes. That then leaves default. This would work, but via a slump and destruction of financial assets.

This process of thinking through offsets to a sharp fiscal tightening is inescapable. The answer that avoids yet more problems in the private sectors of overindebted countries is a shift in external balances. Thus, the external rebalancing – more or less blocked, at present – and fiscal rebalancing are two sides of a coin.

The BIS is right: normalisation of monetary and fiscal policy is needed. But it is impossible to eliminate structural fiscal deficits until either the private sector structural adjustment is complete or we see big shifts in the external balances. It is impossible, finally, for this external adjustment to occur without big changes in the surplus economies.

The BIS boldly calls for simultaneous private and public deleveraging. But what are to be the offsets? That is the question. The BIS provides no convincing answer.

Tuesday, June 28, 2011

POR 866 MIL EUROS

foi hoje vendido "Looking Back", de Paula Rego, um valor recorde da artista.

Looking Back
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Aqui, várias obras de Paula Rego recentemente expostas na Casa das Histórias, em Cascais.

WE, THE PEOPLE

Comemorando o próximo 4 de Julho, a Time dedica a sua edição desta semana à Constituição mais antiga do mundo. Aqui, um artigo que merece uma leitura atenta: Does The U.S. Constitution Still Matter? One document, Under Siege.

E POR QUE É QUE NÃO SE VENDE O OURO?

Fort Knox - What to Do with Old Yeller
Should the U.S. sell off its gold reserves to pay down debt? That's the latest idea being tossed around by gold bug Ron Paul. Not only would selling Old Yeller help the U.S. pay its bills, says libertarian Paul, but it would put more gold in the hands of the American people and pull back the reins on the Federal Reserve, which is printing money like mad and debasing the value of our currency. So insistent is Paul about this strategy that he challenged the government to a gold audit to make sure its stash of bullion at Fort Knox is really all there. (According to the Treasury's inspector general, it is.) So is selling it a good strategy, or is Paul just a crazy kook?

When it comes to the concept of gold, it can be hard to tell. With the price of gold up 24% in the past year, the gold bulls are everywhere. And our country has a long history of obsessing over gold, which Thomas Frank describes quite well in the latest issue of Harper's:

I do not mean to scoff at gold bugs — or not much, anyway. Money cranks are part of a long tradition in American life, and just as there was an attractive democratic subtext to the free-silver agitation of the 1890s, so there is an attractive moral idea behind the hard-money mania of the present day. It's the old story of hubris, of man getting above himself and crashing inevitably back to earth. Even if the central bankers' intentions are good, reasons the metalhead, they are still bound to screw things up…

These mandarins fiddle with mortgage incentives, they try to adjust the knobs and get the interest rate exactly right, they use the tax code to encourage this and discourage that, and when all else fails they rescue the big banks with drafts on the public treasury of a size that would be considered insane in any situation other than a world war. Sooner or later, the gold bug feels, this technocrat-made system will come crashing down.

For folks who generally believe in having a central government, it's easy to write off hard-money cranks like Paul and Utah Governor Gary Herbert, who last month signed a state law that renders gold and silver coins minted by the U.S. government legal tender. But what about all the wise and successful investors who have also been stashing gold in this economy? For instance, John Paulson, George Soros, Goldman Sachs, and Citigroup, to name a few. Are they just hard-money kooks too?

Not likely. The fact is, there are valid reasons to hold some gold in this economy. The Wall Street Journal's Dave Kansas describes a few:

Greece (and Portugal and Ireland and..). Athens runs out of cash in about a month. Out. Of. Cash. Eurocrats are scrambling to give Greece another band-aid, via more loans and a “voluntary” rescheduling of Greece's debt. Many are warning that a Greek default could lead to nasty repercussions for the common currency. Given that the euro-zone represents a giant chunk of the global economy (Germany, France, Italy), the frailty of the common currency makes sturdy gold attractive.

Inflation. We don't see much in the U.S., but it is creeping higher around the world (China, India, the euro-zone, the UK are all grappling with higher inflation). Plenty of level-headed people think the deeply indebted developed world will need inflation to make those debts less burdensome. With monetary policy extremely loose around the world, it could happen. In such a scenario, gold is a solid store of value.

Deflation. Okay, sort of having it both ways on the inflation/deflation front, but some gold backers still fear deflationary problems, similar to what Japan has dealt with for the past two decades following its asset-bubble collapse. Deflation is considered worse than inflation.

Middle East unrest. War (Libya), Civil Unrest (Syria, Yemen, Bahrain) and still unpredictable revolutions (Egypt, Tunisia) could spill into something nastier, putting the globe's oil markets on edge. Again, gold can make sense if chunks of the world look very unpredictable.

That raises the question: Even if you believe in selling off gold to pay down government debt, is it really the right time for the U.S. to sell? Ron Utt, an analyst at the Heritage Foundation, thinks the U.S. should strike while gold prices are high. He recently said: "Given the high price it is now, and the tremendous debt problem we now have, by all means, sell at the peak." But if, like Paul, you believe our paper currency is doomed, then the price of gold is surely still headed up. And in this market, selling off the government's gold wouldn't get you very far. The Treasury's roughly 262 million ounces of bullion is worth about $390 billion. That's only a fraction of our $1.5 trillion deficit and an even smaller slice of our $14 trillion in federal debt.

There are plenty of other reasons for the U.S. not to sell its gold (see list above). As with any investor, a dose of gold in the U.S.'s portfolio serves as a worst-case inflation hedge. Plus, the price of gold is historically very volatile -- up 10% one month, down 10% the next -- which is why governments don't go selling it off on a whim. And if the world's most successful investors think holding onto their gold is a good idea in this economy, the U.S. government should probably do the same.

ÀS ARANHAS


O JOGO DA CABRA CEGA

Quando ontem chegámos a casa, discutia-se no Prós e Contras a política do medicamento.
Ouvimos pouco, e quase nada novo. O programa insiste em terminar tardiamente e o modelo já deu o que tinha a dar.
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Mesmo assim ficámos a saber que os genéricos, que representam cerca de 20% do valor total medicado em Portugal, poderiam atingir um valor próximo do atingido nos países desenvolvidos, cerca de 50%, se não existissem alguns obstáculos a essa progressão. Quais são?
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Um deles, segundo o presidente do Infarmed, que os restantes membros do painel não contestaram, é a morosidade da justiça! Até nisto. Sempre que a justiça é chamada a meter o bedelho, encravam-se as portas. Sabendo disto, a indústria farmacêutica recorre ao expediente sempre que um processo de admissão de mais uma molécula na lista genérica dá entrada no Infarmed. Resultado: Aquilo que fora de Portugal pode demorar seis meses a desencravar, em Portugal encrava durante mais de seis anos! 

E não há quem tenha mão neles.  

ECLIPSE OVER ACROPOLIS


A Grécia mobiliza-se para a quarta greve geral do ano. Começou à meia-noite de hoje a quarta greve geral do ano na Grécia. Durante 48 horas, barcos, autocarros, comboios, metro e aviões deverão deixar de funcionar total ou parcialmente.

Ouço na rádio, esta manhã, Mário Soares comentar a greve geral na Grécia, mais ou menos nestes termos: Compreendo a revolta do povo grego, a Grécia é a pátria fundadora da democracia, das artes, das ciências, não se pode deixar cair a Grécia. O que é que deve ser feito? Bem, o que deve ser feito é derrubar os governos conservadores, os grandes responsáveis por toda esta crise. Veja só: Dos vinte e sete estados membros da União Europeia, só dois não são governados por conservadores!  Aí tem  a razão deste estado de coisas.

Percebe-se a confusão que paira à esquerda: A crise global, que ameaça de novo estilhaçar o sistema financeiro mundial, mergulha as suas raízes mais fundas na desregulamentação que induziu práticas perversas que agora mostram os frutos bichados. Paradoxalmente, contudo, os europeus têm vindo a eleger governos conservadores, neoliberais, e os extremistas de direita continuam a progredir na maior parte dos países mais desenvolvidos. Porquê?

Esta a pergunta que a esquerda não sabe responder. 

A resposta de Mário Soares não resiste à dúvida mais elementar: Que governo pretendem os gregos que, hoje, mais uma vez, estão em greve geral? Um governo socialista? Georgios Papandreou, o actual primeiro-ministro, é lider do Panhellenic Socialist Movement (PASOK). A greve geral, que, como cá, atinge sobretudo os serviços públicos, é convocada pelos movimentos sindicais liderados pelos comunistas, é implicitamente apoiada pelos conservadores, aqueles que endossaram ao actual governo socialista uma situação de desgoverno camuflada na mentira com que enfeitavam as contas públicas. 

Se os partidos socialistas governam actualmente em apenas em dois dos vinte e sete membros da UE, e um deles é o PASOK na Grécia, o outro, o PSOE, em Espanha, poderá perder também para os conservadores no próximo acto eleitoral, e, recentemente, os portugueses preferiram a coligação de direita ao governo socialista, é porque alguma coisa está mal no reino da esquerda. E, certamente, não serão as greves pseudo gerais que alterarão a tendência observada.
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A esquerda herdeira de uma tradição contestatária na rua esgota-se no objectivo de derrubar o poder constituido porque não dispõe de ideias para sustentar um debate democrático no lugar próprio:o parlamento. A greve de hoje na Grécia opõe-se à discussão, convocada para o parlamento, de novas medidas de austeridade. Percebe-se que a eventual aprovação dessas medidas desagrade aos gregos. Mas se o poder cai nas ruas quem, e como, é que levanta a Grécia? 

Monday, June 27, 2011

O JOGO DA CABRA CEGA

Administradores da GGD suspeitos de crime fiscal na compra da Compal (aqui)
A operação de fusão da Compal com a Sumolis está a ser passada a pente fino no âmbito de um inquérito pendente no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Évora, por suspeita de crimes fiscais, entre os quais burla tributária e abuso de confiança fiscal.
O montante em causa ascenderá a vários milhões de euros, e é relativo ao pagamento e posterior devolução de IMT (Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis), que os investigadores consideram ter sido recebido indevidamente. Mas diz respeito também à assunção, pela Compal, dos encargos financeiros relativos à operação de financiamento que esteve na base da sua própria compra, atirando-a para resultados negativos. Tal operação permitiu à empresa evitar o pagamento avultado de impostos, além de ter recebido verbas do Estado

Aconteceu há quantos anos?
O Estado é um animal manso.

MILAGRO

Eh! Eh! Eh! Mais uma oportunidade para a minha liberdade de expressão! A net é uma maravilha. Não fosse a net, e não teria qualquer possibilidade de desabafar, uma coisa que faz bem a tudo. O que eu me diverti ontem! Por um bom bocado esteve a casa cheia. A meio da tarde, dei logo conta que vinha alguém a chegar, e não eram os velhotes do costume, hum!!! era gente jovem, e acertei, é óbvio que acertei, às tantas vejo através das portas fechadas, dois como os de cá de casa, e o Mig e a Ri, que eu não conhecia mas já tinha ouvido falar, dois putos assim mais para a minha idade. Fiquei excitadíssimo, sabem? Nem todos os dias se tem tanta gente à volta, a gabarem-nos a elegância do andar, a originalidade das orelhas, a afabiliade do trato, a disciplina, e, melhor que tudo, miudagem que gosta de brincar comigo. Ralharam-me por me ter excitado. Uh!!! não nos podemos execeder numa terra destas... Ora é sabido que eu sou malaguenho, nascido em terra quente, tenho as minhas exuberâncias no sangue. Como Picasso, também malaguenho, e Banderas, outro de sangue quente, mas há mais, oh! se há!...Consultem a net, e verão o que Málaga já deu de ilustre a este mundo. Demos uma passeata pelo sopé da montanha, nada de escaladas altas, mas mal saí á rua, quem vejo eu? O meu vizinho. Quis-lhe apresentar as visitas mas devo-me ter excedido porque me ralharam , desta vez a sério. É assim, quando nos vem à pele o sangue quente do sul, é um escândalo. Tive de me conter, e portei-me todo o passeio como um verdadeiro suíço. Passava por amigos e conhecidos, e os cumprimentos não ultrapassavam a praxe. Aliás, toda os que vejo por estas redondezas, eles e elas, estão neutralizados. Eu também. Custa-me dizer, mas é verdade. De modo que as relações não vão além dos costumes olfactivos, passe bem  e eu também. A Cherry, nem isso. De vez em quando aparece um mais exaltado mas passa-lhe depressa. Aqui, é assim. Já na Itália, é bem diferente. O ano passado, ou terá sido já há dois anos?, uh!!!  tempo passa depressa, mas dizia eu que fomos até Itália. Gostei. Mas vim de lá acabrunhado. Lá não há neutralizações, de modo que quando passava por eles, depois dos cumprimentos da praxe, via-os olharem para trás a rirem-se de mim. Pior que isso, elas aceitavam-me mas cochichavam pesarosas. Tão elegante, tão cool, tão sex appeal, e impossibilitado, coitado. Como é que se pode consentir uma coisa destas, senhores? É uma prática de desorientação sexual forçada que não deveria ser legalmente consentida. Dormi mal noites seguidas, depois acabei por me conformar. É a vida!
Hoje,* subimos a montanha de teleférico. Para mim, banal. Mas os putos deliraram por me verem de novo. Quem não me gostou de ver, se não foi a mim não sei a quem poderá ter sido, foi o bilheteiro do teleférico. Antes que percebesse quantos éramos e quanto nos custava a ida, o homem, mal encarado, parecia um polícia do KGB a olhar e a remirar, esteve naquilo um tempão. Por fim, mexeu-se e lá fomos acima cantar os parabéns ao Mig. Agora não sei quando nos voltaremos a ver. É a vida. 
Já tinha dito isto, não tinha?
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*Junho, 26

Saturday, June 25, 2011

A HORA DA VERDADE

Hoje, paira no ar uma convicção generalizada que só não é oficialmente admitida porque ainda não chegou o momento em que a evidência não pode ser mais disfarçada: a Grécia, e não só, não tem a mínima possibilidade de pagar o que deve nas condições que aceitou par ser resgatada e, pela mesma razão, o bailout que foi aprovado esta semana é um paliativo que apenas prolongará a agonia.

A imposição de medidas de austeridade que excedem a capacidade de serem suportadas pelos mais atingidos por elas, obrigam a procurar os principais responsáveis - os bancos - pela embriaguez resultante da liquidez que irresponsavelmente entregaram sem cuidar do risco envolvido. E exigir-lhes que reconheçam o óbvio nos seus balanços: os activos que contabilizam não têm a consistência dos valores que apresentam. 

É isto que, por outras e mais palavras, defende o insupeito a este respeito Economist num artigo publicado esta semana que transcrevi aqui. Que acrescenta: Os bancos têm de recuar e esse recuo tem de ser organizado para que não redunde numa ameaça que pode destruir o sistema e lançar o mundo numa crise de consequências incalculáveis.

Também venho apontando neste caderno há muito tempo em sentido idêntico. Mas, mais que obviamente, a mim ninguém ouve.  Espero, no entanto, firmemente, que pensem muito atentamente no que escreve o Economist, entre outros igualmente reconhecidos.

É indiscutível que a responsabilidade pelo desastre (chamar-lhe crise é eufemismo) não é exclusiva dos bancos: os gregos, mas também os portugueses, e etc., gastaram inconscientemente muito mais do que deviam, os governos compraram, irresponsavelmente, criminosamente até, os votos dos povos com dispêndios incontidos, mas os banqueiros são os primeiros responsáveis porque, conscientemente, suportando-se na inimputabilidade que o sistema, no modo como está arquitectado lhe consente (moral hazard) concederam crédito pela ganância extrema de encherem os bolsos.  

E, até agora, nenhuma parte dos custos lhe foi assacada. Chegou a hora deles.

Friday, June 24, 2011

NO FIO DA NAVALHA

King at odds with ECB on eurozone crisis
By Daniel Pimlott

Mervyn King, governor of the Bank of England, warned on Friday that stopgap measures to extend new loans to countries such as Greece, Portugal and Ireland would not solve the eurozone debt crisis.
Presenting the Bank’s first analysis of financial stability in the UK banking system since taking over those responsibilities from the Financial Services Authority, he said the eurozone debt crisis was a crisis of solvency that would not be resolved by extending new loans.

“Right through this crisis from the very beginning ... an awful lot of people wanted to believe that it was a crisis of liquidity,” Mr King said. “It wasn’t, it isn’t. And until we accept that, we will never find an answer to it. It was a crisis based on solvency ... initially financial institutions and now sovereigns.”

The views of Mr King put him at odds with the ECB and eurozone governments which have extended hundreds of billions of euros in bail-outs to Greece, Ireland and Portugal in an attempt to solve the crisis.
But these countries have been faced with contracting economies as austerity measures introduced as conditions of the bail-outs have curtailed economic development and made it harder for the likes of Greece and Ireland to cope with their debts.
The European Central Bank, the IMF and governments in the eurozone are currently in talks about extending a €12bn aid payment to Greece to avoid inflicting a default on holders of Greek bonds that could reinflame the financial crisis.

“Providing liquidity can only be used to buy time,” Mr King said. “Simply the belief, ‘oh we can just lend a bit more’, will never be an answer to a problem which is essentially one about solvency.”

Mr King said that the eurozone debt crisis posed the biggest threat to the UK banking system but he noted that the risk was indirect because banks’ exposure to Greece was “remarkably small”.
The UK banking sector is less exposed to Greece than some of its continental peers, including France and Germany. Royal Bank of Scotland, still 83 per cent owned by the UK taxpayer, holds €1.1bn worth of Greek sovereign debt, while HSBC holds €800m, according to Barclays Capital. That compares with a direct sovereign exposure of €5bn at France’s BNP Paribas, and nearly €3bn at Germany’s Commerzbank.

The European Banking Authority is due to release country-by-country sovereign debt exposure for 90 EU big banks in mid-July as part of its stress tests.
The Bank governor said greater disclosure was needed by banks of their exposure to sovereign and banking debt.
He recommended that smaller banks, excluded from EU stress tests, should gather more data on sovereign and banking debt exposure.
In its analysis, the Financial Policy Committee, the new body charged with overseeing the financial system, said that authorities needed to maintain a closer eye on complex and opaque financial instruments, such as exchange traded funds, that banks are using to raise funds.

Speaking at a European Council summit in Brussels to discuss a solution to the Greek debt crisis, David Cameron, UK prime minister, said: “Every bank needs to make absolutely clear what its exposure is [to European sovereign debt].
“As I have said, and secured in these Council conclusions, we need to make sure all our banks are being strengthened in terms of their capital reserves and what they can withstand.”

The report also said that banks should give more information on the extent of forbearance currently being given to the household and corporate sector.
The Bank has been asked to take on additional financial stability roles by the coalition government, including absorbing the FSA into its structure. The reforms vastly extend the Bank’s reach and responsibility in the UK economy and financial sector.

MILAGRO

Eh!Eh!Eh! Hoje, toca-me a vez de escrever o que penso. Para começar, penso que o meu passeio matinal deveria começar mais cedo. Ou então, que me abrissem a porta do quintal para eu poder fazer o que toda a gente costuma fazer logo que se levanta. Assim, não: obrigam-me a apertar, a apertar, até que abram a porta e eu possa chegar ali acima, aquela curva onde começa o relvado.  Mas antes, farejo a ver se o sítio continua conveniente. Depois vamos por ali acima, mais uma mija aqui, uma cagada ali... Eh!Eh!Eh! Vá lá, abre lá o saco, apanha e dobra para dentro. Isso, agora dá um nó e mete no cagão. Não há por perto? Aguenta até que apareça. O Urs costuma por no bolso. Aquece-o, penso eu. O Urs é um tipo catita. A Cherry nem tanto. Não é má cachopa, mas com aquele ar de quem está a olhar sempre contra o governo, nem alegra nem chateia. E passa pelos outros como se não os visse. Eu, não. Cada encontro é uma confraternização. Cheiramo-nos como e onde é da praxe, abraçamo-nos, e corremos doidos de alegria. Nisto, o Urs é mais parecido comigo. Cada encontro dá para uma conversa longa. Não é do tipo para passar, grüezi, e está feito. Não. Em cada encontro põe a escrita em dia. Já no físico, parece-se com mais com a Cherry: aquele andar a tombar para um lado e para o outro, ou o copiou da Cherry ou a Cherry o copiou dele, vá lá a gente saber quem é que começou a balançar-se. Toda a gente me conhece. Não admira: sou civilizado, cordato, gosto que me cumprimentem, que gostem de mim, e correspondo.

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 Já por aqui ando há algum tempo, uns três anos, talvez. Cheguei cá de avião, sim senhor. Eu e os da mesma ninhada, nascidos em Málaga. Eh! Sou um emigrante espanhol. Chegados cá, cada qual foi para onde o levaram. A mim, coube-me a sorte de cair aqui, ao pé da montanha, onde se pode caminhar entre as árvores, ouvir a passarada e farejar relva todo o caminho. Há tempos, fizeram um encontro de famílias. Lá fui encontrar-me com os meus irmãos. É sempre bom o reencontro familiar, não acham?Foi uma festa em grande, sim senhor. Reconheci-os à distância, claro. Todos me gabaram a pele sedosa, o ar lavado, a elegância. Disse-lhes o mesmo, como é norma nestas circunstâncias. Mas não fui franco com eles. Deveria ter sido?Também não me pareceram muito disciplinados. Nem toda a gente aqui é disciplinada. Dizem que são, mas não é verdade. O Urs, por exemplo, é disciplinado. Sempre que encontra um saco de plástico no chão ou uma lata vazia no meio da erva, pega neles e coloca no lixo. E pragueja. Coloca, mas pragueja: Estúpida gente! Gente estúpida! Depois faz-me umas festas e dá-me uma cookie. O Urs não gosta é dos gregos. Volta e meia, gregos à parada para uma ensaboadela! Lá terá as suas razões mas não sei se os gregos o ouvem. Desconfio que não. Hum! Para a semana tenho responsabilidades redobradas: o Urs só vem às terças e quintas, nos outros dias tenho de acompanhar a C., e a Bébé. E, se chove? A mim, lava-me o pêlo.

CÁ E LÁ, NO FIO DA NAVALHA

US technical default would convulse markets. Nothing else is certain

AMERICA’S debt is supposedly the world’s safest, backed by trustworthy courts and an unrivalled capacity to raise taxes and print money. Yet thanks to a quirk of law, talk of default is not confined to the European side of the Atlantic.

Unlike most countries America requires two legal steps to run a deficit: one to pass budget bills, the other to borrow the money. Congress sets a ceiling on how much the country may borrow. In the past it has always raised the ceiling before the Treasury ran out of cash, doing so on 16 occasions since 1993 alone. But it often attaches conditions, and this year Republicans who control the House of Representatives are insisting on particularly onerous terms. With the debt and the deficit at their highest in 60 years, they want to see at least $2 trillion in spending cuts over ten years and no tax increases.

If a deal cannot be reached before August 2nd the Treasury says it will be forced to default. It has not specified on what: it could choose to stop paying pensioners and soldiers before it stopped paying interest on its debt. But outright default cannot be entirely ruled out. What happens if the world’s most trustworthy borrower reneges on its debt?

The possibility has not gone unnoticed. Trading in credit-default swaps (CDSs) on Treasury securities has picked up and the price of protection against default, as measured by the CDS spread, has risen (see chart). One-year protection is now almost as expensive as five-year protection. This is more often seen in distressed markets where investors are pricing in an imminent default than with otherwise healthy borrowers with long-term problems.


The illiquidity of the CDS market means it can be prone to misinterpretation. The vast Treasury market itself—for Treasury bills, Treasury bonds and other government securities—remains largely free of anxiety. America’s biggest interest payments occur on the 15th of August, November, February and May. Priya Misra, head of US rates strategy at Bank of America Merrill Lynch, says anyone who thinks America might default for several weeks this summer should sell a bond with interest due on August 15th and buy one with interest due on November 15th, which would result in the price of the first bond falling relative to the second. But, she says, neither market pricing nor the chatter of clients shows such a trend.

There is a profound muddle about what a default would entail. Firms usually get a few weeks’ grace to make a payment. Sovereigns typically do not so default would probably be declared the day the Treasury missed a payment.

Some market participants argue such a default would be quickly “cured” and be therefore merely technical. Yet history suggests that even a technical default can be costly. America’s only known instance of outright default (other than refusing to repay debts in gold in 1933) occurred in 1979 when the Treasury failed to redeem $122m of Treasury bills on time. It blamed unprecedentedly high interest from small investors, a delay in raising the debt ceiling and a word-processing-equipment failure. Although it repaid the money and a penalty to boot, a later study by Terry Zivney, now of Ball State University, and Richard Marcus of the University of Wisconsin-Milwaukee found it caused a 60-basis-point interest-rate premium on some federal debt. Today that would cost $86 billion a year or 0.6% of GDP, a hefty penalty for something so avoidable.

A default now would attract more attention, affect more debtholders and reach more deeply into the financial system. More than half of Treasury debt is held abroad, principally by foreign central banks. Such investors would be unlikely to sell overnight since they have few ready alternatives. But they would be reluctant to hold as much in the future; some, like China, are already diversifying their reserves. After Fannie Mae and Freddie Mac, two giant mortgage-financing agencies, had to be rescued by the federal government in 2008, foreigners cut their holdings of these securities and have yet to raise them again even though the firms never defaulted.

Domestic banks would not have to classify their sizeable holdings of Treasuries as non-performing if they thought the default short-lived. But they would suffer nonetheless. Currently Treasuries represent roughly 30% of the collateral that financial institutions such as investment banks use to borrow in the $4 trillion repurchase (“repo”) market. They represent another 4-5% of the $1 trillion in collateral used in the derivatives market. A default could trigger demands by lenders like money-market funds for more or different collateral.

Matthew Zames of JPMorgan Chase, writing on behalf of the securities industry in April, gave warning that this could “lead to deleveraging and a sharp drop in lending”. Money-market funds themselves hold another $338 billion of Treasuries. In the event of a default at least one would probably “break the buck” (ie, fail to give the principal back to investors), threatening “a broader run on money funds”, Mr Zames said.

No one can be sure of any of this. Money-market funds, like banks, might argue their holdings are sound if the default is brief. A suspension of new sales of bonds could constrict supply of Treasuries, pushing yields down instead of up. On the other hand America responded to the crisis of 2008 by standing behind the obligations of banks, money-market funds, and Fannie and Freddie. It could hardly do the same for a crisis caused by an inability to stand behind its own debts.

Even if Congress were to tackle turmoil by quickly lifting the debt ceiling, the stain would linger. “In the past our assumption was interest would always be paid on time,” says Steven Hess of Moody’s, a ratings agency which has cautioned that even a brief default would cost America its coveted Aaa status. “If an actual payment were missed once, might that happen again? If you thought it could, that is clearly not compatible with Aaa.” Such warnings are having an effect. On June 19th Mitch McConnell, the Republicans’ leader in the Senate, opened the way to a short-term increase in the debt ceiling, even though his counterparts in the House demurred. They may not show it but Republicans, like Democrats, are scared of default, too.


If Greece goes…
The opportunity for Europe’s leaders to avoid disaster is shrinking fast

THE European Union seems to have adopted a new rule: if a plan is not working, stick to it. Despite the thousands protesting in Athens, despite the judders in the markets, Europe’s leaders have a neat timetable to solve the euro zone’s problems. Next week Greece is likely to pass a new austerity package. It will then get the next €12 billion ($17 billion) of its first €110 billion bail-out, which it needs by mid-July. Assuming the Europeans agree on a face-saving “voluntary” participation by private creditors to please the Germans*, a second bail-out of some €100 billion will follow. This will keep the country afloat through 2013, when a permanent euro-zone bail-out fund, the European Stability Mechanism (ESM), will take effect. The euro will be saved and the world will applaud.

That is the hope that the EU’s leaders, gathering in Brussels as The Economist went to press, want to cling to. But their strategy of denial—refusing to accept that Greece cannot pay its debts—has become untenable, for three reasons.


Explore interactive guide to Europe´s trobled economies

First, the politics blocking a resolution of the euro crisis is becoming ever more toxic (see article). Greeks see no relief at the end of their agonies. People are protesting daily in Syntagma Square against austerity. The government scraped through a vote of confidence this week; the main opposition party has committed itself to voting against the austerity plan next week and a few members of the ruling Socialist party are also doubtful about it. Meanwhile, German voters are aghast at the prospect of a second Greek bail-out, which they think would merely tip more money down the plughole of a country that is incapable either of repaying its debts or of reforming itself. As the climate gets more poisonous and elections approach in France, Germany and Greece itself, the risk of a disastrous accident—anything from a disorderly default to a currency break-up—is growing.

Second, the markets are convinced that muddling through cannot work. Spreads on Greek bonds over German bunds are eight points wider than a year ago. Traders know that Greece, whose debts are equivalent to around 160% of its GDP, is insolvent. Private investors are shying away from a place where default and devaluation seem imminent, giving the economy little chance of growing. The longer restructuring is put off, the more Greek debt will be owed to official lenders, whether other EU governments or the IMF—so the more taxpayers will eventually suffer.

The third objection to denial is that fears of contagion are growing, not receding. Early hopes that Greece alone might need a bail-out were dashed when Ireland and Portugal also sought help. The euro zone has tried to draw a line around these three relatively small economies. But the jitters of recent weeks have pushed Spain and even Italy back into the markets’ sights again. The belief that big euro-zone countries could be protected from attack has been disproved. Indeed, far from fears of contagion ebbing, the talk is of a Greek default as a “Lehman moment”: like the investment bank’s bankruptcy in September 2008, it might unexpectedly bring down many others and devastate the world economy.

While the EU’s leaders are trying to deny the need for default, a rising chorus is taking the opposite line. Greece should embrace default, walk away from its debts, abandon the euro and bring back the drachma (in a similar way to Britain leaving the gold standard in 1931 or Argentina dumping its currency board in 2001).

That option would be ruinous, both for Greece and for the EU. Even if capital controls were brought in, some Greek banks would go bust. The new drachma would plummet, making Greece’s debt burden even more onerous. Inflation would take off as import prices shot up and Greece had to print money to finance its deficit. The benefit from a weaker currency would be small: Greece’s exports make up a small slice of GDP. The country would still need external finance, but who would lend to it? And the contagion risk would be bigger than from restructuring alone: if Greece left, why not Portugal or even Spain and Italy? If the euro zone were to break up it would put huge pressure on the single market.

The third way

There is an alternative, for which this newspaper has long argued: an orderly restructuring of Greece’s debts, halving their value to around 80% of GDP. It would hardly be a shock to the markets, which have long expected a default (an important difference from Lehman). The banks that still hold a big chunk of the bonds are in better shape to absorb losses today than they were last year. Even if Greece’s debts were cut in half, the net loss would still represent an absorbable proportion of most European banks’ capital.

An orderly restructuring would be risky. Doing it now would crystallise losses for banks and taxpayers across Europe. Nor would it, by itself, right Greece. The country’s economy is in deep recession and it is running a primary budget deficit (ie, before interest payments). Even if Greece restructures its debt and embraces the reforms demanded by the EU and IMF, it will need outside support for some years. That is bound to bring more fiscal-policy control from Brussels, turning the euro zone into a more politically integrated club. Even if that need not mean a superstate with its own finance ministry, the EU’s leaders have not started to explain the likely ramifications of all this to voters. But at least Greece and the markets would have a plan with a chance of working.

No matter what fictions they concoct this week, the euro zone’s leaders will sooner or later face a choice between three options: massive transfers to Greece that would infuriate other Europeans; a disorderly default that destabilises markets and threatens the European project; or an orderly debt restructuring. This last option would entail a long period of external support for Greece, greater political union and a debate about the institutions Europe would then need. But it is the best way out for Greece and the euro. That option will not be available for much longer. Europe’s leaders must grab it while they can.
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Uma nova pesquisa, divulgada hoje, aponta para que 60 por cento dos alemães consideram que o país tem de ajudar a Grécia a recuperar da crise de dívida soberana em que se encontra, gostando ou não.

A maioria dos alemães, segundo parece, já percebeu.
Uma minoria de gregos, ainda não.
Os bancos ainda muito menos.

Thursday, June 23, 2011

PERGUNTEM AO SEGURO

Ontem foi notícia que o PM decidiu não nomear novos governadores civis, que dos actuais, 14 pediram a demissão, que as atribuições (poucas) dos governadores civis passam a ser asseguradas  transitoriamente pelos secretários-gerais, que vários governadores civis que agora se demitiram tinham falhado a eleição em anteriores eleições legislativas ou autárquicas e foram repescados pelo anterior governo para a governação distrital.

Entretanto, hoje ficou a saber-se que se Seguro for eleito secretário-geral do PS não haverá revisão constitucional. Como Seguro domina o aparelho partidário e o aparelho é quem mais ordena, Assis tem poucas hipóteses de vencer, donde, se Seguro vencer e cumprir o que promete, a Constituição não será alterada.

Não sendo alterada a Constituição, os governos civis terão de ser mantidos, sem governadores. O que não constituirá nenhuma excepção ao reconhecido incumprimento do texto fundamental. Há vários aspectos constitucionais que nunca deixaram de ser letra morta e outros que morreram pelo caminho. Entre a Constituição e a realidade constituída há uma distância notável. Mesmo assim, apesar desse ajustamento automático que a sociedade consagrou, as divergências interpretativas são frequentes entre constitucionalistas, o que, evidentemente, lhes convém mais a eles que a ninguém.

Seguro, no entanto, faz da promessa de defender o obsoleto texto constitucional a marca da sua candidatura, não vá o diabo, que é neo-liberal, como se sabe, tecer um texto escorreito e adapatado à realidade que evoluiu muito desde que o texto inicial foi concebido para, indiscutivelmente, colocar Portugal a caminho do socialismo. 

Que socialismo? Em 1975 sabia-se. Hoje, quem sabe?

DIA R

Alemães já discutem reestruturação da dívida grega. aqui 
Segundo a Reuters o ministro das Finanças alemão iniciou hoje negociações com bancos e seguradoras do país. O tema a "participação voluntária" no segundo pacote de resgate à Grécia

Ainda segundo a Reuters, "iniciar-se-ão em toda a zona euro esta quarta-feira conversações entre governos e credores privados sobre uma participação voluntária no segundo plano de resgate à Grécia".

Segundo o The Wall Street Journal, na semana passada, os bancos alemães teriam uma exposição de €17 mil milhões à dívida grega que soma €341 mil milhões, ou seja 5%. O principal credor da dívida grega é o duo FMI/UE com 15,5% do total, seguido dos bancos gregos com 14,7% e do BCE com 13,8%.

Segundo o diário El País , semelhante iniciativa ocorreu em Espanha. Também em Paris, Milão e Amesterdão reuniões informais do mesmo tipo terão ocorrido, segundo o diário Le Figaro .

Uma das questões que os banqueiros têm colocado é que a nova dívida grega - fruto do reinvestimento "voluntário" dos credores aquando do vencimento dos títulos - tenha uma garantia europeia, eventualmente da Facilidade Europeia de Estabilização Financeira.

O ESTADO É UM ANIMAL MANSO

Duas das três entidades de supervisão do sistema financeiro – Banco de Portugal, CMVM e ISP – pagaram em 2009 prémios de seguros de saúde/doença não só aos colaboradores mas também a 569 “familiares mais próximos” e uma das entidades pagou a parte não comparticipada dos Serviços de Assistência Médico Social (SAMS) dos bancários “nas despesas de saúde dos 5551 trabalhadores e a 2017 familiares (no montante de 1,4 milhões de euros)”. aqui

Quase um terço dos bolseiros que receberam apoio para o seu doutoramento em 2009 “não cumpriram com a obrigação de envio de cópias das teses” e a entidade que atribuiu o dinheiro não suscitou “a sua regularização”. Em causa estão, segundo os resultados de uma auditoria da Inspecção-Geral de Finanças (IGF), 1432 bolseiros e apoios de 91,2 milhões de euros. aqui
"Graves deficiências" na contratação de consultoras e outros serviços por empresas do Estado
O relatório de actividades de 2010, publicado no site da IGF, salienta que foram analisados 46 contratos de consultorias e outras prestações de serviços em 2008 e 2009, num total superior a 39,9 milhões de euros. aqui

Do total das despesas do Estado com a comparticipação de medicamentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) em 2010, 40% é potencial fraude, conclui uma auditoria da Inspecção Geral das Finanças (IGF) ao sistema de prescrição e conferência de facturação de medicamentos do SNS.
 "para um valor de comparticipação do SNS de três milhões de euros, cerca de 1,2 milhões de euros (40% daquele valor), foi identificado como potencialmente irregular". O total de despesas irregulares detectadas nos vários sectores do Estado soma 27 milhões de euros, a que acresce mais 52 milhões de euros não relevados contabilisticamente pelas entidades alvo de auditorias.
A IGF já tinha alertado em relatórios anteriores para a fraude no sector dos medicamentos, o motivou, aliás, participações da IGF ao Ministério Público.aqui

Médicos usam receitas de mortos.
A Polícia Judiciária está a investigar uma megaburla de receitas falsas de medicamentos prescritos por médicos e dentistas que utilizaram as cédulas de colegas falecidos para pedirem vinhetas e passarem receitas. Foram detectados casos em que o doente, a quem foi prescrita a receita, também já tinha falecido. aqui

JUÍZES FALECIDOS RECEBEM SUBSÍDIOS
Uma auditoria da Inspecção-Geral das Finanças às despesas da Justiça detectou 165 mil euros de pagamentos em excesso de subsídio de compensação a magistrados jubilados já falecidos, por inexistência de comunicação do óbito pelo Instituto de Registo e Notariado. O subsídio de compensação é o suplemento remuneratório mais expressivo (39 milhões de euros em 2009 num universo de quatro mil magistrados). Segundo o relatório, foram feitos também pagamentos em excesso de 28,8 mil euros a oficiais de justiça. aqui

Falso PJ seduz e burla magistradas
Evadido da cadeia há oito anos, Lorosa de Matos apresentou-se a procuradoras do DIAP e vivia com uma até ser capturado. Dizia a M.B. que era polícia. aqui

Uma instituição do ensino superior adjudicou uma obra, no valor de 800 mil euros, a uma empresa cujo sócio-gerente era colaborador do próprio estabelecimento. A despesa, para fugir ao "visto" do Tribunal de Contas, foi fraccionada. aqui
Noutra instituição de ensino, que aderiu ao programa das energias renováveis, os gastos com energia aumentaram 10 mil euros em nove meses.
São exemplos como estes que constam do último Relatório de Actividades da Inspecção-Geral de Finanças (IGF) que mostram como, apesar da crise, a administração pública ainda não aprendeu a poupar.

Wednesday, June 22, 2011

O JOGO DA CABRA CEGA


O Ministério da Justiça não dispõe de “informação actualizada sobre os trabalhadores a quem processa as remunerações e suplementos e sobre a sua assiduidade” e não realiza “um controlo prévio das folhas de vencimento e comparações frequentes entre os valores pagos e as retenções na fonte”. Quem o diz é a Inspecção-Geral de Finanças (IGF) no seu relatório de actividades de 2010, com base na auditoria às despesas com o pessoal de um organismo da Justiça que não identifica.

E não se pode despedi-los.
O Estado é um animal manso.

CHINÊS, OU PAGA OU PRISA

Ai Weiwei foi o artista convidado pela Tate Modern para a instalação anual  turbinegeneration 2010/11, Unilever Series, patrocinada pela Unilever. Ai Weiwei, geralmente considerado o maior artista chinês vivo, é o Warhol chinês para o crítico de arte do Guardian, pela sua heterodoxia num país onde a liberdade de expressão continua cerceada, canaliza em parte a sua contestação ao regime como blogger.

Mas o que é no dia de hoje notícia não é a instalação do artista chinês, que aliás já encerrou em Maio para dar lugar à próxima, mas a sua libertação com caução depois de ter sido acusado e preso por evasão fiscal, uma acusação que ele, aliás, não contestou, e dispôs-se a pagar o que deve.

    

O JOGO DA CABRA CEGA

Gestores de execução de dívidas litigiosas suspeitos de faudes.

Dez agentes de execução de dívidas litigiosas estão a contas com a Justiça por desvios de créditos, detectados no último ano, para contas estranhas aos credores. A Comissão Para a Eficácia das Execuções fez queixa ao Ministério Público e ameaça apertar o cerco.
"Até ao fim do ano, vamos fiscalizar todos os agentes de execução", prometeu ontem a presidente da CPEE, Paula Meira Lourenço, na celebração de um protocolo com o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Coimbra. O acordo visa, justamente, agilizar a troca de informações e impor maior eficácia na prevenção e punição de "comportamentos desviantes" dos agentes de execução - solicitadores ou advogados.

Muita comissão há em Portugal. Esta, comissão para a eficácia das execuções, tal como as outras, acorda quando alguma grande bronca bate à porta. Até lá, dormem o sono dos escusados. 

Como é que agentes de execução, solicitadores ou advogados, segundo a notícia, se atrevem a desviar créditos? Simplesmente porque não são punidos com expulsão da profissão e das relações com o Estado, caso se atravessem. 

O Estado é um animal manso.

DE LUXO A LIXO

A Moody’s cortou hoje o “rating” do Banif de Baa3 para Ba2, uma redução de dois níveis que coloca a classificação da dívida do banco na categoria de “lixo”.
Aqui

Ainda não há muito tempo, os bancos estralejavam lucros de milhões e milhões em cada semestre que passava. Não havia presidente de banco que não fosse um fenómeno, nenhuma administração bancária que não embolsasse à grande e à americana.

Fiquei sempre espantado com tanto foguetório e à espera que um dia não me caíssem as canas em cima. Admirava-me, sobretudo, como é que num campo escasso de vacas magras aqueles ordenhadores tiravam tanto leite e, sobretudo, tantas natas. Há mais de trinta anos que tanta prosperidade me intrigava. Tanto, que, desde que comecei estes apontamentos, volta e meia volto ao tema.

Um dia, já lá vão muitos anos, disse a um administrador de um banco, actualmente presidente, que de tanto mungir a vaca, a banca acabaria debaixo da vaca caída. Respondeu-me o banqueiro (o moral hazard sempre existiu) que um banco em Portugal jamais iria à falência. Até agora, o banqueiro acertou.

Chegou a hora do cair das canas. Uns mais, outros menos, acabaremos todos por levar com elas para salvação do sistema e inimputabilidade dos banqueiros. 

AFIRMA ASSIS


O PS deve ser o primeiro partido em Portugal a escolher os candidatos a primeiro-ministro, deputados e autarcas em eleições primárias abertas à sociedade.

É uma boa ideia. Boa, sobretudo para a vitalidade e a idoneidade democrática. Fundamental, até.
Fundamental porque, as chamadas eleições directas dos principais responsáveis dos partidos não passam de um arremedo do que se dizem ser. Todos os líderes partidários em Portugal, sem excepção, acabam por ser aqueles que um número muito restrito de portugueses elege. Por outro lado, os membros dos partidos que são chamados a votar, para além da sua ínfima representatividade do universo eleitoral total, são condicionados pela máquina partidária e por quem mais a domina. 

Francisco de Assis sabe bem que assim é, e o seu opositor no próximo Congresso do PS também. Seguro tem feito toda a sua carreira política a investir tempo no relacionamento conivente com os líderes das distritais do seu partido. Passos Coelho também. Marcelo sabia disso. E Sócrates. E António Costa. As eleições directas partidárias são as menos democráticas porque, mais do que em qualquer outro sistema de eleição partidário, é nelas que prepondera o princípio perverso do caciquismo.     

Francisco Assis referiu, em declarações à Agência Lusa, que este ponto de "ruptura na orgânica de funcionamento dos partidos" faz parte da sua moção de estratégia para as eleições directas no PS, que se realizam a 22 e 23 de Junho.
Na sua moção de estratégia, que será hoje entregue formalmente, Francisco Assis propõe que os socialistas portugueses tenham como paradigma de escolha de candidatos o modelo norte-americano, sobretudo o dos Democratas.

Nas eleições primárias norte-americanas, todos os cidadãos, independentemente de estarem ou não filiados, podem registar-se em cada Estado para participar na escolha dos candidatos do seu partido de simpatia, incluindo a do candidato a presidente dos Estados Unidos.
Em Portugal, a escolha de candidatos dos partidos a cargos locais ou nacionais é feita pelos órgãos partidários, que por sua vez são eleitos por militantes.
No caso do PS e do PSD, os militantes escolhem por voto directo os líderes do partido e os dirigentes distritais, sendo os restantes órgãos eleitos por delegados em congresso.

Muito provavelmente, a moção de Assis será rejeitada. Muito provavelmente, Seguro será o próximo secretário-geral do PS. Não sei avaliar as qualidades e competências relativas de um e de outro. Mas sei que, enquanto subsistir o actual sistema eleições partidárias, e nomeadamente o sistema de eleições pseudo directas, nunca acontecerá aparecer um chefe de governo que, antes de o ser, se tenha imposto à consideração dos portugueses.