Tuesday, March 31, 2009

ENTRE RUÍNAS


O JOGO DA CABRA-CEGA

Provedor de Justiça está de baixa médica
Terminaria hoje o prazo dado por Nascimento Rodrigues ao Governo para que resolvesse o impasse da nomeação de um novo provedor. Mas Nascimento Rodrigues não se pode demitir, de acordo com o estatuto do provedor que o obriga a ficar em funções até à nomeação do sucessor. Agora está de baixa, com um vírus que lhe prova febre, conta hoje o “Jornal de Notícias”.
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Nascimento Rodrigues tem todo o direito a adoecer, e o médico conceder-lhe baixa, precisamente no dia em que o ainda provedor de justiça tinha anunciado que iria demitir-se do cargo se não houvesse substituto à vista. Pelos vistos não podia, porque tem de se manter em funções até que o seu sucessor seja nomeado, e ainda ninguém sabe quem será ele. Como a maleita é de natureza viral, em princípio cinco dias bastarão para que Nascimento Rodrigues possa ter alta e, contrariado, retomar funções. Mas, também se sabe, que nem todos os vírus se demitem ao fim de cinco dias. Há vírus que nunca se demitem.
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Pode acontecer que tudo não passe de uma comprometedora coincidência mas a justiça popular (aquela que prevalece quando a impopular falece) não deixará de ditar sentença em tempo oportuno: Nascimento Rodrigues precipitou-se na ameaça e para não recuar encomendou um atestado médico. Ele que era (e ainda é) o provedor de justiça não se escusou de lançar mão de um expediente geralmente utilizado por professores de pacotilha e alunos cábulas.
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Sentença, possivelmente, injusta mas, provavelmente, acertada.

TÍTULOS DO DIA

Há sinais de que "chegámos ao final do precipício", segundo Almunia
Agora segue-se o grande passo em frente, dirão os anarca-pessimistas.
Poll Finds Optimism Amid Economic Gloom .
Zona euro recua 4,1% em 2009
OCDE estima contracção de 2,7% da economia mundial

Projecções da OCDE
Dívida pública portuguesa pode atingir 85,9% do PIB em 2009

Montante do resgate financeiro dos EUA quase iguala PIB do país em 2008
Santos Silva desafia presidente do SMMP a esclarecer pressões sobre magistrados
Ao presidente do SMMP, nem a qualquer magistrado, nunca deveria ser consentido dizer que os magistrados do Ministério Público estão a receber pressões para arquivarem o processo Freeport, ou outro qualquer, sem dizer claramente quem e como pressiona. Os superiores hierárquicos? Que é feito, então, da independência dos magistrados e juízes? Trocaram-na por quê ou por quanto?

Monday, March 30, 2009

OUSADIA E FALTA DE VERGONHA

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"É revelador de total falta de vergonha que representantes do poder local de Braga, Póvoa de Lanhoso, Amares, Vila Verde, Terras de Bouro e Vieira do Minho tenham aceite o nome de Domingos Névoa, como se nada de anormal existisse no seu currículo público", afirmam os bloquistas em comunicado enviado à agência Lusa.
Braga e Amares são lideradas por autarcas socialistas, Póvoa de Lanhoso, Terras do Bouro e Póvoa de Lanhoso têm maioria PSD enquanto Vieira do Minho é dirigida por uma coligação PSD/CDS-PP.
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A Assembleia-Geral da Braval aprovou também, por unanimidade, a contratação de Pedro Machado, genro do presidente da Câmara de Braga, Mesquita Machado, para director-geral da sociedade, composta pela Agere (em representação da Câmara de Braga, que detém mais de dois terços do capital social) e pelos municípios de Póvoa de Lanhoso, Amares, Vila Verde, Terras de Bouro e Vieira do Minho.
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Até ao momento, PS, PSD e CDS, aos costumes disseram nada.

BURLÃO E CIRURGIÃO


INSUSTENTÁVEL

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A mim, também.

O QUE É ISTO?


O que é isto? (para ver, clicar na pergunta)
Clicar na imagem para ampliar

Sunday, March 29, 2009

UMA QUESTÃO DE CAVALOS

A corrupção, sempre! QUE FAZER? Creio que ninguém é capaz de responder. Só uma coisa se sabe: tudo começa na justiça. Mas, saber isso, com a justiça que temos, é o mesmo que nada.

Caro AB,

Não é a primeira vez que as suas fotografias me incitam a escrever algumas palavras acerca delas. Leio mais esta sequência e tudo nelas está enquadrado de forma irrepreensível, os tons são os adequados, a distância sufiente para se ressaltarem os pormenores relevantes. Contudo, à medida que lhe admirava a precisão e a perspicácia, ia-me pondo a questão recorrente que os seus textos me suscitam. Que fazer? Porque, assim como o doente atormentado com doença ruim, espera que o médico lhe dê uma esperança numa receita e nunca um desumano soco de um "não há nada a fazer", as suas radiografias sem receitas que possam alterar-lhe as fístulas fatais contribuem desumanamente para a nossa depressão e nem sequer para a nossa revolta.

Foi assim, destroçado com a evidência crua e negra das suas palavras, que saltei do antepenúltimo parágrafo para o derradeiro onde a minha ânsia de soluções se agarrou a aquele QUE FAZER? em letras capitais. E a minha desilusão, desculpe-me a franqueza, não podia ser maior, porque o seu remate é um soco no estômago de quem já estava contraído como um condenado mas ainda se agarrava a uma réstea de esperança, aquilo que parece ser a última coisa a morrer.

Se, segundo crê, não há quem saiba responder, que sentido fazem estas suas radiografias? Que propósito pode estar por detrás de um relatório de que se conhecem antecipadamente as conclusões se estas não permitem qualquer saída?

A meio da semana a senhora procuradora Cândida Almeida defendeu a criação do crime de enriquecimento ilícito, que permitiria à justiça dispor de mais uns cavalos para perseguir aqueles que têm cavalos a mais nos seus Maserati. Não valeria a pena discutir esta questão de cavalos?

Saturday, March 28, 2009

O BENFICA, O BCP E O PS

"Incomoda-o o facto de o presidente do banco, Carlos Santos Ferreira, e o vice-presidente, Armando Vara, serem do Partido Socialista? pergunta do Expresso a Filipe Pinhal, ex-presidente do BCP.
Resposta de Pinhal: A filiação partidária não conta para estas coisas. Era o mesmo que dizer que o Benfica tinha tomado o BCP pelo facto de Armando Vara ser adepto convicto do clube".
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Oh Filipe! Estás a brincar com a malta. É por demais evidente que a filiação partidária conta, e muito. Entre os partidos e as empresas estabelecem-se laços perversos que corroem a democracia. O financiamento dissimulado dos partidos tem estado na origem da degradação democtrática. Evidentemente que Vara nunca poderá transferir para o PS aquilo que falta no Benfica mas existe, por enquanto, no BCP.
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As relações que o poder político angaria são úteis às empresas que contratam os políticos quando estes deixam aparentemente a vida política. A presença de políticos nas empresas garante aos partidos a que pertencem o suporte financeiro com que sustentam as batalhas eleitorais. E, por entensão dos vínculos, vão criando uma teia de amigos e conivências que lhes garante a perdurabilidade do poder. Teias que podem consentir, e às vezes consentem, parceiros de um partido concorrente.
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Filipe Pinhal sabe isto muito bem. Mas esta é uma perspectiva que, pelos vistos, não lhe interessa assumir.

Friday, March 27, 2009

TÍTULOS DO DIA


Executivos de bancos e operadores de derivados deviam estar "todos presos"

Joe Berardo culpa os executivos bancários e os operadores do mercado de derivados pela actual crise financeira dizendo que eles deveriam estar todos presos . O empresário aponta também o dedo ao investidor George Soros pelo falta de controlo no mercado financeiro.
Berardo foi ao leilão de Yves Saint Laurent e "não conseguiu comprar nada"
Berardo diz que paraísos fiscais são o "cancro do século"
Freeport: Smith afirma em DVD na posse da polícia inglesa que Sócrates “é corrupto”
Denúncia anónima deve poder dar origem a processo-crime
EUA aumentam recursos no Afeganistão mas dizem que a guerra não é americana

FOIE GRAS

Há dias, a Cofidis, oferecia-me a possibilidade de obter pequenos empréstimos para eu poder comprar a minha felicidade. Desde 500 euros, com possibilidade de poder pagar em prestações mensais, durante 5 anos. Alguns dias depois, o Unibanco, (ou será a Unibanco?, nunca se sabe o sexo destas coisas), oferecia à minha mulher uma oportunidade semelhante, mas maior.
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Em qualquer dos casos as taxas de juro devidas pela generosidade dos prestamistas excedia francamente os 20%.
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Ontem, constatei que o Santander Totta oferece um cartão de crédito 5% que garante ao titular "descontos atrás de descontos".

Mas com o cartão 5% pode escolher a modalidade de pagamento fraccionado até 65 meses (aplica-se para uma utilização de crédito até 5000 euros). Não pode, no entanto, amortizar mensalmente mais do que 50% do capital em dívida. Sobre este incide uma taxa de juro de 27% (TAB).
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Numa altura em que o endividamento das famílias (para além do endividamento externo das empresas, os bancos e do Estado) constitui a maior ameaça à recuperação da economia por se terem atingido níveis de crescimento das dívidas insustentáveis, continuamos a ser bombardeados (e não só, evidentemente, pelas entidades que dei a título de exemplo) com sugestões de mais consumo e propostas de maior endividamento que procuram atingir, sobretudo, aqueles com menos capacidade para solver os seus compromissos. Aqueles de quem depois se diz que andam a viver acima das suas possibilidades.
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O senhor governador do Banco de Portugal também não tem nada a dizer acerca disto?

Thursday, March 26, 2009

O JOGO DA CABRA-CEGA


Isaltino Morais admite ter fugido aos impostos quando comprou casa, mas disse também que tal prática era normal na década de 90, que até os funcionários das finanças perguntavam aos compradores se não quereriam declarar valores mais baixos, e desafiou a juíza que o interrogou a dar-lhe o exemplo de um político com mais de 55 anos que não tenha feito o mesmo ou semelhante.
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Num país onde o conceito de honra não fosse já uma espécie extinta, Isaltino Morais seria desafiado a declarar os casos que conhece por aqueles políticos com mais de 55 anos que não tenham culpas no cartório.
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Ou será que não existe mesmo nenhum?
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Ninguém vai preso.
Nem o Ministério Público?
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Para quê?

COMO ÍAMOS DIZENDO ... - 3


PREOCUPAÇÕES E IMPOTÊNCIAS

Custos de duas auto-estradas levam Cavaco Silva a intervir

Ouvi na rádio a intervenção do PR, em tom grave, alertar para os custos e os benefícios duvidosos de investimentos públicos que o actual governo insiste em levar por diante e que a generalidade da oposição contesta.
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Referiu CS que a construção de autoestradas que estão condenadas a não servirem trânsito que possa justificar os seus custos só tem um beneficiário certo: os empreiteiros que as constroem. Para todos os outros, incluindo os que utilizam essas autoestradas semi-desertas, os custos não justificam os escassos benefícios que elas proporcionam. As dívidas que estes investimentos, sem retorno que as paguem, implicam vêm acelerar o crescimento do endividamento externo, que já atingiu um valor idêntico ao PIB, e a continuada erosão do rendimento nacional, empobrecendo ainda mais os portugueses de hoje e, sobretudo, os de amanhã.
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Deveriam existir mecanismos constitucionais que restringissem as capacidades dos governos eleitos para uma legislatura de comprometer com as suas decisões, se elas forem irreversíveis, as políticas de longo prazo e as responsabilidades das gerações futuras. Assim, bem pode pregar o PR mas as suas palavras cairão em saco roto.
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Wednesday, March 25, 2009

O JOGO DA CABRA-CEGA


Julgamento de Isaltino interrompido para análise de questões prévias
A primeira sessão do julgamento do chamado “Caso Isaltino”, que decorre desde as 10h00 no Tribunal de Sintra, foi interrompida às 12h20 para a análise de alegadas irregularidades apresentadas na fase de questões prévias pela defesa.

COMO ÍAMOS DIZENDO ... - 2

China calls for new reserve currency
By Jamil Anderlini in Beijing

China’s central bank on Monday proposed replacing the US dollar as the international reserve currency with a new global system controlled by the International Monetary Fund.
In an essay posted on the People’s Bank of China’s website, Zhou Xiaochuan, the central bank’s governor, said the goal would be to create a reserve currency “that is disconnected from individual nations and is able to remain stable in the long run, thus removing the inherent deficiencies caused by using credit-based national currencies”.
Analysts said the proposal was an indication of Beijing’s fears that actions being taken to save the domestic US economy would have a negative impact on China.
“This is a clear sign that China, as the largest holder of US dollar financial assets, is concerned about the potential inflationary risk of the US Federal Reserve printing money,”
said.


more

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A comunicação a que se refere a notícia que transcrevi do Financial Times, da autoria do governador do Banco da China, Zhou Xiaochuan, foi publicada aqui, e amavelmente referida em comentário a este post pela nossa amiga A.

Bank chief: Reform the international monetary system
By Zhou Xiaochuan
The outbreak of the current crisis and its spillover in the world have confronted us with a long-existing but still unanswered question,i.e., what kind of international reserve currency do we need to secure global financial stability and facilitate world economic growth, which was one of the purposes for establishing the IMF? There were various institutional arrangements in an attempt to find a solution, including the Silver Standard, the Gold Standard, the Gold Exchange Standard and the Bretton Woods system. The above question, however, as the ongoing financial crisis demonstrates, is far from being solved, and has become even more severe due to the inherent weaknesses of the current international monetary system. Theoretically, an international reserve currency should first be anchored to a stable benchmark and issued according to a clear set of rules, therefore to ensure orderly supply; second, its supply should be flexible enough to allow timely adjustment according to the changing demand; third, such adjustments should be disconnected from economic conditions and sovereign interests of any single country. The acceptance of credit-based national currencies as major international reserve currencies, as is the case in the current system, is a rare special case in history. The crisis again calls for creative reform of the existing international monetary system towards an international reserve currency with a stable value, rule-based issuance and manageable supply, so as to achieve the objective of safeguarding global economic and financial stability.I. The outbreak of the crisis and its spillover to the entire world reflect the inherent vulnerabilities and systemic risks in the existing international monetary system. Issuing countries of reserve currencies are constantly confronted with the dilemma between achieving their domestic monetary policy goals and meeting other countries' demand for reserve currencies. On the one hand,the monetary authorities cannot simply focus on domestic goals without carrying out their international responsibilities��on the other hand,they cannot pursue different domestic and international objectives at the same time. They may either fail to adequately meet the demand of a growing global economy for liquidity as they try to ease inflation pressures at home, or create excess liquidity in the global markets by overly stimulating domestic demand. The Triffin Dilemma, i.e., the issuing countries of reserve currencies cannot maintain the value of the reserve currencies while providing liquidity to the world, still exists. When a national currency is used in pricing primary commodities, trade settlements and is adopted as a reserve currency globally, efforts of the monetary authority issuing such a currency to address its economic imbalances by adjusting exchange rate would be made in vain, as its currency serves as a benchmark for many other currencies. While benefiting from a widely accepted reserve currency, the globalization also suffers from the flaws of such a system. The frequency and increasing intensity of financial crises following the collapse of the Bretton Woods system suggests the costs of such a system to the world may have exceeded its benefits. The price is becoming increasingly higher, not only for the users, but also for the issuers of the reserve currencies. Although crisis may not necessarily be an intended result of the issuing authorities, it is an inevitable outcome of the institutional flaws.

ABOMINÁVEL MUNDO NOVO? - 2

Meu Caro João,

Estou certo que a grande maioria dos que vêm o youtube que publicaste no teu blog, e que também publiquei aqui no Aliás, darão cinco estrelas a este trabalho. Também não lhe enjeito a classificação de "Excelente".
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E, no entanto, também acredito que, de entre aqueles que batem balmas, a esmagadora maioria não se escusará de adquirir um iPod e tutti quanti os avanços tecnológicos e as artes de marketing vão insuflando no instinto consumista que habita em cada indivíduo. Em conclusão: "Por detrás de cada iPod está uma cadeia infernal de destruição e iniquidades mas deixa-me gozar as performances do modelo que chegou hoje às lojas, antes que se esgote".
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No fim de contas, a simpática apresentadora é, também ela, uma Cassandra de comportamento duvidoso: diz-nos que o apocalipse está aí ao virar da esquina mas nada adianta quanto à forma de nos desviarmos dele.
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Por outro lado, a radicalização de algumas posições compromete a validade de alguns argumentos e desvaloriza a boa intenção do conjunto: chamar a atenção para o facto de uma lógica de perseguição de crescimento económico ilimitado poder conduzir à destruição da humanidade.
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Dou-te dois exemplos, mas o filme suscita outros.
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1 - A destruição das florestas
Não é verdade que a indústria tenha conduzido à destruição das florestas. Há vários exemplos de desflorestações, que em muitos casos conduziram à extinção de civilizações, que nada têm a ver com o advento da fase industrial. Jared Diadond em "Collpase - How Societies Choose To Fail or Succeed" aborda vários casos, um dos mais emblemáticos é a Ilha da Páscoa, onde a floresta foi destruida para transportar e montar as estátuas que se supõe quererem glorificar os chefes guerreiros da ilha. As deflorestações das Ilhas Britânicas, do Japão ou da Amazónia não foram nem são consequência de utilização industrial intensiva dos recursos florestais.
Pelo contrário, é precisamente onde a indústria vai à floresta buscar as suas matérias primas que a floresta se tem expandido. Na Escandinávia, onde o crescimento das espéces florestais é lento, a utilização dos recursos florestais não só não tem reduzido a área florestada como a tem aumentado. Nenhum povo com tino mata a galinha dos ovos de ouro.
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Lamentavelmente, há casos de alteração da floresta sem redução da área florestada quando se substitui a floresta autócne por espécies não autócnes de utilização industrial. A área florestada não é reduzida mas alterada a composição florestal. Está a acontecer na Indonésia, por exemplo, com a substituição de floresta tropical por eucaliptos e acácias.
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2 - Dumping social
A apresentadora confronta-nos com uma realidade que todos já constatámos e que nos leva a interrogar-nos: Como posso comprar isto por este preço tão baixo? A resposta óbvia é de que, quem produz aquilo, recebe salários baixíssimos e não dispõe de qualquer protecção social.
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Que devemos fazer então? Não compramos? Recusamos pagar tão pouco e protestamos para pagar mais? Boicotamos os produtos provenientes de países com salários muito baixos e sem segurança social?
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As relações entre os indivíduos são sempre relações de troca, intermediadas por instrumentos de crédito nas sociedades onde a complexidade das relações tornou impossível a troca directa. Para além das dádivas, casos em que muitos esperam receber as contrapartidas no céu e outros, poucos, são pagos pelas suas consciências, as trocas têm sido desde sempre a forma de desenvolvimento humano e de paz social. Ninguém troca nada com o inimigo.
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Ao jovem mexicano deveríamos pagar melhor pelo trabalho que ele faz. E também ao chinês, ao indiano, ao cabo verdeano, e, já agora, ao português. Como é que isso se faz? Muitos teriam de ganhar muito menos (ou pagar muito mais, o que dá no mesmo).
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Combater desigualdades sociais é um desiderato das boas consciências. Que, no entanto, não será atingido através do proteccionismo económico. Pelo contrário, o proteccionismo e o isolacionismo retardam o avanço do desenvolvimento humano e fomentam a guerra. Apesar de alguns malefícios dos avanços científicos e tecnológicos o balanço tem sido claramente positivo para a humanidade.

ABOMINÁVEL MUNDO NOVO?



Via João Vaz - O Ambiente na Figueira

Tuesday, March 24, 2009

COMO ÍAMOS DIZENDO ...


Inflation surprises and jumps to 3.2%
By Daniel Pimlott, Economics Reporter
UK inflation defied expectations to rise in February for the first time in five months, triggering another exchange of letters between Mervyn King, governor of the Bank of England, and Alistair Darling, chancellor.
Inflation as measured by the consumer price index rose to 3.2 per cent in the year to last month, up from 3 per cent in January, and still more than 1 percentage point above the Bank’s target rate.

BOLSAR

As empresas cotadas em bolsa estão a convocar os seus accionistas para as assembleias gerais anuais. De entre eles, são convidados milhares de micro accionistas cujo valor das acções que possuem, daria, nos tempos em que as administrações e os grandes accionistas manobraram as cotações, quanto muito para pagar um jantar aos seus amigos; hoje não dará para pagar o pequeno almoço.
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O convite feito a estes micro accionistas é, obviamente, uma hipocrisia legal: o número de acções que a esmagadora maioria deles possui não dá para abrir a boca na assembleia geral de forma consequente. As decisões serão derimidas (e bem) pela maioria que, esmagadoramente, detem a grande maioria do capital social. É entre as facções rivais, quando essa rivalidade existe, que as decisões são tomadas. Os micro accionistas não contam e o convite para participar na assembleia geral é um pro-forma que deveria ser abolido.
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As bolsas deveriam apenas transaccionar acções ordinárias em lotes que pela sua dimensão afastassem aqueles que jogam na bolsa como quem joga nas slot-machines. Às pequenas poupanças deveriam ser oferecidas acções privilegiadas que garantissem prioridade na atribuição de lucros mas não atribuissem direito a voto, que em termos práticos não existe.
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Não é a primeira vez que coloco esta reflexão neste meu caderno de apontamentos. Voltei ao tema porque continuo a julgar que é na confusão entre accionistas que investem para dominar as empresas e accionistas que jogam nas bolsas as suas poupanças, directamente ou através de fundos de pensões, que se sustenta a perversidade que transforma as bolsas em casinos e que arrasa o sustentáculo financeiro futuro de muitas famílias quando a maré baixa.

O MENU E A CONTA


MÁ EDUCAÇÃO

"A minha mãe não fez exames nacionais e a minha professora de história tamém não, e não precisaram sequer de exames para fazer os estudos"
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Ouço isto, esta manhã, na rádio (Antena 1) a propósito das manifestações marcadas para hoje em todo o país por estudantes do ensino secundário, e também do ensino superior, a propósito do "dia do estudante", em luta contra o estatuto do aluno, a educação sexual nas escolas, os exames nacionais, e não sei que mais.
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E recordo-me das razões que motivaram a criação do dia do estudante há mais de quatro décadas. A diferença entre o que defendíamos naquele tempo e aquilo por que se bate a juventude de agora é bem avaliadora da destruição de valores a que assistimos em quase meio século.
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Destruição moral com que os media se lambem do mesmo modo que se alimentam com a destruição material. Das florestas, por exemplo. Ainda mal começou a Primavera e já os incendiários lançam fogo aos barris de combustíveis acumulados nos paióis em que se transformaram as matas em Portugal, um espectáculo que as televisões transmitem à saciedade para gáudio das mentes alienadas à nascença.
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A culpa é dos media? Não só, evidentemente, mas também.

Monday, March 23, 2009

CHUVA TORRENCIAL

Entre o monetarismo e o keynesianismo, a administração Obama escolheu os dois para dominar a crise. É tal a chuva de dólares desencadeada para contrariar a crise que é bem provável que a seguir à seca se siga uma inundação global.
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The Obama administration unveiled its plan to remove toxic assets from the books of the nation’s banks, betting that it can revive the U.S. financial system without resorting to outright nationalization.
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Investors Send Stocks Surging On Treasury Announcement
Gains amount to a vote of confidence by investors in government program to purchase troubled real-estate related loans and securities from banks.
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Aqui, explicação do crescimento e consequências da massa monetária em circulação.

A IMPOTÊNCIA DAS CASSANDRAS

O DD teve a amabilidade de me enviar por e-mail um extracto da entrevista dada por Medina Carreira a Mário Crespo, há uns dias atrás, na Sic Notícias.
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Quem ouve Medina Carreira, não pode deixar de pensar "Ora aqui está um tipo que tem a coragem de dizer a verdade!". Cada afirmação sua é uma fotografia rigorosa da realidade portuguesa. Medina Carreira não é o único fotógrafo das nossas mazelas colectivas (temos também o António Barreto, o Vasco Valente, o Pacheco Pereira, além de outros, e de todos os políticos quando estão na oposição). É citado e recitado. Diz alguma coisa de novo? Lamentavelmente, não diz.
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E digo lamentavelmente, por duas razões: - primeira, porque por mais que se bata com a cabeça na parede, a parede não arreda pé e a cabeça fica traumatizada; a forma mais conveniente de ultrapassar a parede é pensar nas alternativas com que podemos ultrapassá-la, e a este respeito, Medina Carreira, como todos os outros, diz e faz muito pouco, quase nada. - segunda, porque a projecção repetida da mesma fotografia (resultante da impotência de mudar a realidade) leva à banalização e ao entorpecimento.
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Do que, realmente, precisamos não é de quem nos diga que a coisa está preta. Só não vê isso quem não quer ou vê mal.
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De qualquer modo, aqui fica registado no Aliás o extrato da fotografia que Medina Carreira mais uma vez tirou. Divertido foi o final da entrevista, que este extracto não refere: Medina Carreira terminou por lamentar que o tempo concedido à entrevista foi curto; precisava segundo ele, de pelo menos do dobro do tempo. Para uma amplicópia, suponho.
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"Vocês, comunicação social o que dão é esta conversa de «inflação menos 1 ponto», o «crescimento 0,1 em vez de 0,6»....Se as pessoas soubessem o que é 0,1 de crescimento, que é um café por português de 3 em 3 dias... Portanto andamos a discutir um café de 3 em 3 dias...mas é sem açucar..."
"Eu não sou candidato a nada, e por conseguinte não quero ser popular. Eu não quero é enganar os portugueses. Nem digo mal por prazer, nem quero ser «popularuxo» porque não dependo do aparelho político!"
"Ainda há dias eu estava num supermercado, numa bicha para pagar, e estava uma rapariga de umbigo de fora com umas garrafas, e em vez de multiplicar «6x3=18», contava com os dedos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9... Isto é ensino...é falta de ensino, é uma treta! É o futuro que está em causa!"
"Os números são fatais. Dos números ninguém se livra, mesmo que não goste. Uma economia que em cada 3 anos dos últimos 27, cresceu 1% em 2...esta economia não resiste num país europeu."
"Quem anda a viver da política para tratar da sua vida, não se pode esperar coisa nenhuma. A causa pública exige entrega e desinteresse."
"Se nós já estamos ultra-endividados, faz algum sentido ir gastar este dinheiro todo em coisas que não são estritamente indispensáveis? P'ra gente ir para o Porto ou para Badajoz mais depressa 20 minutos? Acha que sim? A aviação está a sofrer uma reconversão, vamos agora fazer um aeroporto, se calhar não era melhor aproveitar a Portela? Quer dizer, isto está tudo louco!"
"Eu por mim estou convencido que não se faz nada para pôr a Justiça a funcionar porque a classe política tem medo de ser apanhada na rede da Justiça. É uma desconfiança que eu tenho. E então, quanto mais complicado aquilo fôr..."
"Nós tivemos nos últimos 10-12 anos 4 Primeiros-Ministros: -Um desapareceu; -O outro arranjou um melhor emprego em Bruxelas, foi-se embora; -O outro foi mandado embora pelo Presidente da República; -E este coitado, anda a ver se consegue chegar ao fim e fazer alguma coisa..."
"O João Cravinho tentou resolver o problema da corrupção em Portugal. Tentou. Foi "exilado" para Londres. O Carrilho também falava um bocado, foi para Paris. O Alegre depois não sei para onde ele irá... Em Portugal quem fala contra a corrupção ou é mandado para um "exílio dourado", ou então é entupido e cercado."
"Mas você acredita nesse «considerado bem»? Então, o meu amigo encomenda aí uma ponte que é orçamentada para 100 e depois custa 400? Não há uma obra que não custe 3 ou 4 vezes mais? Não acha que isto é um saque dos dinheiros públicos? E não vejo intervenção da policía... Há-de acreditar que há muita gente que fica com a grande parte da diferença!"
"De acordo com as circunstâncias previstas, nós por volta de 2020 somos o país mais pobre da União Europeia. É claro que vamos ter o nome de Lisboa na estratégia, e vamos ter, eventualmente, o nome de Lisboa no tratado. É, mas não passa disso. É só para entreter a gente..."
"Isto é um circo. É uma palhaçada. Nas eleiçoes, uns não sabem o que estão a prometer, e outros são declaradamente uns mentirosos: -Prometem aquilo que sabem que não podem."
"A educação em Portugal é um crime de «lesa-juventude»: Com a fantasia do ensino dito «inclusivo», têm lá uma data de gente que não quer estudar, que não faz nada, não fará nada, nem deixa ninguém estudar. Para que é que serve estar lá gente que não quer estudar? Claro que o pessoal que não quer estudar está lá a atrapalhar a vida aqueles que querem estudar. Mas é inclusiva.... O que é inclusiva? É para formar tontos? Analfabetos?"
"Os exames são uma vergonha. Você acredita que num ano a média de Matemática é 10, e no outro ano é 14? Acha que o pessoal melhorou desta maneira? Por conseguinte a única coisa que posso dizer é que é mentira! Está-se a levar a juventude para um beco sem saída. Esta juventude vai ser completamente desgraçada! "
"A minha opinião desde há muito tempo é TGV- Não! Para um país com este tamanho é uma tontice. O aeroporto depende. Eu acho que é de pensar duas vezes esse problema. Ainda mais agora com o problema do petróleo. "Bragança não pode ficar fora da rede de auto-estradas? Não? Quer dizer, Bragança fica dentro da rede de auto-estradas e nós ficamos encalacrados no estrangeiro? Eu nem comento essa afirmação que é para não ir mais longe... Bragança com uma boa estrada fica muito bem ligada. Quem tem interesse que se façam estas obras é o Governo Português, são os partidos do poder, são os bancos, são os construtores, são os vendedores de maquinaria... Esses é que têm interesse, não é o Português!"
"Nós em Portugal sabemos é resolver o problema dos outros: A guerra do Iraque, do Afeganistão, se o Presidente havia de ter sido o Bush, mas não sabemos resolver os nossos. As nossas grandes personalidades em Portugal falam de tudo no estrangeiro: criticam, promovem, conferenciam, discutem, mas se lhes perguntar o que é que se devia fazer em Portugal nenhum sabe. Somos um país de papagaios... Receber os prisioneiros de Guantanamo? «Isso fica bem e a alimentação não deve ser cara...» Saibamos olhar para os nossos problemas e resolvê-los e deixemos lá os outros... Isso é um sintoma de inferioridade que a gente tem, estar sempre a olhar para os outros. Olhemos para nós!"
"A crise internacional é realmente um problema grave, para 1-2 anos. Quando passar lá fora, a crise passará cá. Mas quando essa crise passar cá, nós ficamos outra vez com os nossos problemas, com a nossa crise. Portanto é importante não embebedar o pessoal com a ideia de que isto é a maldita crise. Não é!"
"Nós estamos com um endividamento diário nos últimos 3 anos correspondente a 48 milhões de euros por dia: Por hora são 2 milhões! Portanto, quando acabarmos este programa Portugal deve mais 2 milhões! Quem é que vai pagar?"
"Isso era o que deveríamos ter em grande quantidade. Era vender sapatos. Mas nós não estamos a falar de vender sapatos. Nós estamos a falar de pedir dinheiro emprestado lá fora, pô-lo a circular, o pessoal come e bebe, e depois ele sai logo a seguir..."
"Ouça, eu não ligo importância a esses documentos aprovados na Assembleia...Não me fale da Assembleia, isso é uma provocação... Poupe-me a esse espectáculo...."
"Isto da avaliação dos professores não é começar por lado nenhum. Eu já disse à Ministra uma vez «A senhora tem uma agenda errada"» Porque sem pôr disciplina na escola, não lhe interessa os professores. Quer grandes professores? Eu também, agora, para quê? Chegam lá os meninos fazem o que lhes dá na cabeça, insultam, batem, partem a carteira e não acontece coisa nenhuma. Vale a pena ter lá o grande professor? Ele não está para aturar aquilo... Portanto tem que haver uma agenda para a Educação. Eu sou contra a autonomia das escolas. Isso é descentralizar a «bandalheira»."
"Há dias circulava na Internet uma noticía sobre um atleta olímpico que andou numa "nova oportunidade" uns meses, fez o 12ºano e agora vai seguir Medicina... Quer dizer, o homem andava aí distraído, disseram «meta-se nas novas oportunidades» e agora entra em Medicina... Bem, quando ele acabar o curso já eu não devo cá andar felizmente, mas quem vai apanhar esse atleta olímpico com este tipo de preparação... Quer dizer, isto é tudo uma trafulhice..."
"É preciso que alguém diga aos portugueses o caminho que este país está a levar. Um país que empobrece, que se torna cada vez mais desigual, em que as desigualdades não têm fundamento, a maior parte delas são desigualdades ilegítimas para não dizer mais, numa sociedade onde uns empobrecem sem justificação e outros se tornam multi-milionários sem justificação, é um caldo de cultura que pode acabar muito mal. Eu receio mesmo que acabe."
"Até há cerca de um ano eu pensava que íamos ficar irremediavelmente mais pobres, mas aqui quentinhos, pacifícos, amiguinhos, a passar a mão uns pelos outros... Começo a pensar que vamos empobrecer, mas com barulho... Hoje, acrescento-lhe só o «muito». Digo-lhe que a gente vai empobrecer, provavelmente com muito barulho... Eu achava que não havia «barulho», depois achava que ia haver «barulho», e agora acho que vai haver «muito barulho». Os portugueses que interpretem o que quiserem..."
"Quando sobe a linha de desenvolvimento da União Europeia sobe a linha de Portugal. Por conseguinte quando os Governos dizem que estão a fazer coisas e que a economia está a responder, é mentira! Portanto, nós na conjuntura de médio prazo e curto prazo não fazemos coisa nenhuma. Os governos não fazem nada que seja útil ou que seja excessivamente útil. É só conversa e portanto, não acreditem... No longo prazo, também não fizemos nada para o resolver e esta é que é a angústia da economia portuguesa."
"Tudo se resume a sacar dinheiro de qualquer sitío. Esta inter-penetração do político com o económico, das empresas que vão buscar os políticos, dos políticos que vão buscar as empresas... Isto não é um problema de regras, é um problema das pessoas em si... Porque é que se vai buscar políticos para as empresas? É o sistema, é a (des)educação que a gente tem para a vida política... Um político é um político. E um empresário é um empresário. E não deve haver confusões entre uma coisa e outra. Cada um no seu sítio. Esta coisa de ser político, depois ministro, depois sai, vai para ali, tira-se de acolá, volta-se para ministro...é tudo uma sujeira que não dá saúde nenhuma à sociedade."
"Este país não vai de habilidades nem de espectáculos. Este país vai de seriedade. Enquanto tivermos ministros a verificar preços e a distribuir computadores, eles não são ministros! Eles não são pagos nem escolhidos para isso! Eles têm outras competências e têm que perceber quais os grandes problemas do país!"
"Se aparece aqui uma pessoa para falar verdade, os vossos comentadores dizem «este tipo é chato, é pessimista».... Se vem aqui outro trafulha a dizer umas aldrabices fica tudo satisfeito... Vocês têm que arranjar um programa onde as pessoas venham à vontade, sem estarem a ser pressionadas, sossegadamente dizer aquilo que pensam. E os portugueses se quiserem ouvir, ouvem. E eles vão ouvir, porque no dia em que começarem a ouvir gente séria e que não diz aldrabices, param para ouvir. O Português está farto de ser enganado! Todos os dias tem a sensação que é enganado!"

Sunday, March 22, 2009

CONTA ORDENADO XL

Quem ontem viu a transmissão do Sporting-Benfica, e não tenha tido olhos apenas para o número de vezes que os jogadores se mandaram ou foram mandados ao chão (seguramente, mais do que uma vez por minuto, pelo menos na segunda parte), deve ter reparado que, de entre os anúncios colocados nas barreiras laterais, havia a promoção do BPN a uma "Conta Ordenado XL".
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É bem possível que a campanha publicitária tenha sido contratada antes de o BPN ter sido nacionalizado, em sequência dos actos que são semi-conhecidos e que comprometeram irremediavelmente a honorabilidade (que deveria ser o maior activo de um banco) do BPN. Mas a continuação de uma promoção que, a julgar pelo recorte, se propõe oferecer vantagens aos que optem por receber os seus vencimentos através do BPN, confirma aquilo que toda a gente sabe: que o BPN oferecia vantagens especiais às quais não poderia deixar de corresponder a assumpção de riscos excepcionais. A garantia dos depósitos (e dos juros) a estes clientes imprudentes é um dos exemplos do "risco moral" que tende a fomentar no futuro situações idênticas. Não havendo perdas, porque o Estado respalda os riscos, a imprudência será sempre tentada à reincidência.
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Depois de alguns meses de gestão pela CGD, com a fiança do Estado e o comprometimento forçado dos contribuintes, o BPN continua a operar sob uma marca estropiada sem que se saiba porquê. E a promovê-la em cenários de luxo.

COMETICÍDIO



Explanation: The Sun destroyed this comet. Arcing toward a fiery fate, this Sungrazer comet was recorded by the SOHO spacecraft's Large Angle Spectrometric COronagraph(LASCO) on 1996 Dec. 23. LASCO uses an occulting disk, partially visible at the lower right, to block out the otherwise overwhelming solar disk allowing it to image the inner 5 million miles of the relatively faint corona. The comet is seen as its coma enters the bright equatorial solar wind region (oriented vertically). Spots and blemishes on the image are background stars and camera streaks caused by charged particles. Positioned in space to continuously observe the Sun, SOHO has now been use to discover over 1,500 comets, including numerous sungrazers. Based on their orbits, they are believed to belong to a family of comets created by successive break ups from a single large parent comet which passed very near the sun in the twelfth century. The Great Comet of 1965, Ikeya-Seki, was also a member of the Sungrazer family, coming within about 650,000 kilometers of the Sun's surface. Passing so close to the Sun, Sungrazers are subjected to destructive tidal forces along with intense solar heat. This comet, known as SOHO 6, did not survive.

Saturday, March 21, 2009

BANCOS & CASINOS


Tax havens exist because of the hypocrisy of larger states
In the 1860s, the typical client of a haven was a patron of the entrepreneur François Blanc’s casino. In the years after 2000, the typical client of a haven was a hedge fund registered in Grand Cayman, writes John Kay

Why the Turner report is a watershed for finance
Yet even this radicalism is limited: the report rejects division of the financial system into utilities and a casino, writes Martin Wolf

José Sócrates diz que os bancos europeus têm de deixar de trabalhar com paraísos fiscais
O primeiro-ministro português, José Sócrates, defendeu hoje em Bruxelas que os bancos europeus devem ser proibidos de trabalhar com paraísos fiscais, mesmo que uma decisão idêntica não seja tomada a nível mundial pelo G-20.
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Os offshores só não têm os dias contados porque neles se intersectam muitos interesses inconfessáveis. São entroncamentos por onde passam, além dos que se evadem ao fisco, os traficantes de armas, de droga, de pessoas, e todos quantos vivem à solta no mundo do crime.
Teoricamente, o fim dos offshores não exigiria mais do que o compromisso conjunto dos maiores bancos mundiais de os excluir, e aos que com eles traficassem, das suas relações.
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Diversas vezes já, referi aqui no Aliás uma via que poderia ser seguida se aquele compromiso não fosse possível: o de obrigarem os Estados os bancos a declararem a seu envolvimento, ou não, com contas sediadas em offshores.
Até agora, não li em parte alguma, uma sugestão no sentido que tenho referido.
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Recentemente, contudo, tem sido o assunto abordado por muita gente que, de um modo ou de outro, poderá influenciar, se não a extinção dos offshores, pelo menos o seu recuo para operações escrutináveis.
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A declaração de José Sócrates, na sequência da reunião do Conselho de Chefes de Estado e Primeiros Ministros da União Europeia, que definiu a posição dos 27 na próxima reuinião dos G- 20, de que devem os bancos europeus deixar de operar com contas offshores soa mais a um whishful thinking destinado ao "mercado interno" em ano tri-eleitoral do que a um consenso conseguido na reunião em que participou.
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De qualquer modo, poderia, se quisesse, dar um exemplo com que poderia pavimentar-se o caminho a seguir: bastava que o Estado privilegiasse nas suas operações financeiras os bancos que expressamente assumissem o compromisso de não utilizar offshores. A Caixa Geral de Depósitos poderia, se recebesse ordens nesse sentido, apontar o caminho desimpedido de traficantes.
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Mas não é provável que tal aconteça. Apesar da crise que provocaram, ainda são os bancos quem mandam, não os Estados. Pelo menos, alguns.

Friday, March 20, 2009

POIS É


LUGAR AOS MONSTROS

Não é a primeira vez que o repúdio destes assuntos me faz escrever sobre eles.
Os jornais, a televisão, a rádio têm enchido o papo com a descrição até à exaustão dos crimes do monstro austríaco. Regalaram-se com a monstruosidade quando ela foi descoberta, rejubilam agora quando a justiça, que pelos vistos também não é célere na Áustria mesmo quando os factos são indesmentíveis, convocou a besta para julgamento.
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O Público, por exemplo, para além de dedicar à fotografia do abjecto quase metade da primeira página, reexplica nas páginas 2 e 3 os episódios com que já toda a gente foi bombardeada, desde que tenha televisão em casa. E volta a publicar a fotografia em dimensão XL. Como se isso não bastasse, a capa do caderno P2 e as páginas 4 e 5 voltam a abordar o tema, agora de forma pretensamente científica, e fotografia macro dos olhos do monstro.
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O que pretende o Público (e todos os outros media) quando, objectivamente, promovem os facínoras à condição heróis?
Vender.
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O que poderá ser condenável mas não preocupante.
Preocupante mesmo é que a generalidade dos leitores, telespectadores e ouvintes seja consumidor interessado neste tipo de notícias. Se não fosse esse instinto primário, que habita em grande parte da humanidade, para se alimentar de alimentar de notícias de escândalos, misérias e monstruosidades, os media seriam, certamente, mais comedidos.
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O apetite da humanidade pelo lodo é tão grande que, ainda segundo o Público de hoje, "uma nova fotografia de Charles Manson (que o jornal publica), responsável pela morte da actriz Sharon Tate, mulher do realizador Roman Polanski, em 1969, foi ontem divulgada pelo sistema prisional da Califórnia, no âmbito duma actualização das imagens dos detidos em Corcoran..." .
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São estes momentos de glória dos monstros promovidos pelos media que põem a salivar muitas mentes candidatas.

EQUINÓCIO DA PRIMAVERA



Explanation: Today, the Sun crosses the celestial equator heading north at 11:44 UT. Known as an equinox, this astronomical event marks the first day of spring in the northern hemisphere and autumn in the south. It also marks the beginning of Norouz, the Persian (Iranian) new year. Equinox means equal night. With the Sun on the celestial equator, Earth dwellers will experience nearly 12 hours of daylight and 12 hours of darkness. Of course, in the north the days will grow longer, the Sun marching higher in the sky as summer approaches. To celebrate the equinox, consider this scenic view of the setting Sun from the island of Naxos in the Aegean Sea. Recorded last June, the well-planned image captures the Portara (big door) in a dramatic silhouette. Measuring about 6 by 3.5 meters, the Portara is the large entrance to the Greek island's ancient, unfinished Temple of Apollo.

Thursday, March 19, 2009

PROVEDORES

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Ficou o Governo muito zangado com o Senhor Provedor de Justiça porque este entendeu dizer o que lhe vai na alma depois de esperar mais de oito meses que o substituam no cargo, ansioso por largar a pasta e ir para casa por as leituras em dia.
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A Provedoria da Justiça é uma cereja em cima do bolo da nossa democracia, enfeita-a mas serve de pouco. É, portanto, difícil compreender como é que os dois principais partidos, que formam a maioria necessária para mudar a cereja, se batem tão acirradamente por uma coisa de (quase) nada.
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Uma das afirmações de Nascimento Rodrigues à Visão que mais irritou o Governo foi a sua opinião de que o cargo deveria, por razões de ética política, ser ocupado por quem o partido maioritário na oposição indicasse, acusando o provedor de partidarismo.
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Parece-me uma crítica excessiva. Se ao Provedor de Justiça compete defender os cidadãos perante o Estado (realmente, os governos como seus tutores) parece elementar a sugestão de Nascimento Rodrigues: o de recomendar que o defensor não seja nomeado pelo acusado.
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De um modo geral, nunca os fiscais deveriam ser eleitos em listas propostas pelos fiscalizados. Deveria ser assim, obrigatoriamente, até nas sociedades e associações.

ALUADO



Explanation: Every 14 to 15 years, Saturn's rings are tilted edge-on to our line of sight. As the bright, beautiful rings seem to grow narrower it becomes increasingly difficult to see them, even with large telescopes. But it does provide the opportunity to watch multiple transits of Saturn's moons. During a transit, a sunlit moon and its shadow glide across the cloudy face of the gas giant. Recorded on February 24, this Hubble image is part of a sequence showing the transit of four of Saturn's moons. From left to right are Enceladus and shadow, Dione and shadow, and Saturn's largest moon Titan. Small moon Mimas is just touching Saturn's disk near the ring plane at the far right. The shadows of Titan and Mimas have both moved off the right side of the disk. Saturn itself has an equatorial diameter of about 120,000 kilometers.

TÍTULOS DO DIA

Líderes europeus estão resignados ao cenário de explosão do desemprego

Wednesday, March 18, 2009

SEM SAÍDA?

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As previsões daqueles que asseguram que se não houver redução concertada dos salários em Portugal essa redução acontecerá por imposição do crescimento do desemprego, porque o nível atingido pelo endividamento externo não permitirá continuar a suportar o défice da balança comercial com crescimento continuado de financiamentos externos, não tem tido a discussão pública que merece.
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Bem podem pregar Silva Lopes e Vitor Bento, e todos quantos chegam a resultados parecidos a partir das contas que fazem, mas, sobretudo em ano de eleições, nem o governo nem as oposições farão o mínimo gesto para abordar a questão, continuando a assobiar para o ar. Ainda anteontem, o Ministro das Finanças assegurou que não estava arrependido de ter aumentado o funcionalismo público em 2,9%, num ano em que a inflação não deverá ultrapssar 1% e crescimento será negativo em cerca de 3%, teria decidido no mesmo sentido se tivesse de decidir hoje. A decisão do governo, que vai em sentido totalmente contrário ao que recomendam V Bento e S Lopes, e não foi contestada por nenhum partido da oposição, arrisca-se ser politicamente inconsequente: com aumento ou sem aumento do funcionalismo público, o Partido Socialista ganharia as eleições com maioria relativa.
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Voltando ao assunto azedo, continuo a pensar que, sendo uma inevitabilidade, a redução real dos salários (que pode passar por um processo inflacionista na Zona Euro) pode, e deve, ser minorada por acções que reduzam a nossa estrutural dependência externa. Temos de exportar mais, é um objectivo com que todos concordam mas que, em conjuntura de contração, ninguém sabe como. Angola é uma boa alternativa, mas não chega. Para além de exportar mais, os portugueses têm de importar menos. Se lhes cortarem os salários, seguramente que as importações reduzir-se-ão. Mas terá de ser, forçosamente, assim?
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Duvido. Alguma margem de manobra deverá haver para aumentarmos a nossa autosuficiência alimentar, por exemplo. E quantos gastos não pode o Estado evitar, ou adiar?
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Ninguém quer falar disso. Por enquanto apenas o TGV e o aeroporto são motivo de discórdia. O resto é tabu.

NÓS POR CÁ ESTAMOS NA MESMA

March 14

Paul Krugman

Spanish doldrums
I’m in Yurp for a week, spending some time on other peoples’ problems (although in a way it’s all part of the same problem.) And one has to say that Europe has gotten itself into one heck of a mess, worse even than ours — because they have intractable adjustment problems on top of the general crisis.
The poster child for these adjustment problems is Spain, where I’m currently sitting.
For much of the past decade, Spain had a huge construction boom, financed by vast inflows of capital:













Now that boom is over. But it left as its legacy a sharp rise in Spanish costs and prices relative to the rest of the euro zone (the chart below is Spanish unit labor costs in manufacturing relative to the EZ average, but it doesn’t much matter which measure you use):














Does Spain get out of this? No devaluation is possible — and no, I don’t think exiting the euro is feasible. So it has to do it with relative deflation, hard enough in normal times, when at least costs and prices elsewhere are rising a few percent a year. In the face of a depressed and possibly deflationary European economy … this is going to be ugly.
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CONFUSÕES

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Trichet, depois de anunciar, há dias, para breve a recuperação da economia global, vem agora dizer que 2009 será muito, muito difícil. Trichet, está visto, tem dias.
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Os economistas ou os vigaristas? Há coincidência de conceitos?
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Talvez valesse a pena falarem um com o outro sobre o assunto.

ACERCA DAS DESIGUALDADES

No The Guardian, um conjunto de artigos acerca das desigualdades económicas e sociais, e das suas consequências negativas para as sociedades. Portugal, como já se sabia, fica muito mal na fotografia.

Tuesday, March 17, 2009

ACERCA DA ÉTICA - 2

Apesar do escândalo, os perpetradores da crise não se coibem de continuarem a atribuir-se os chorudos prémios com que se regalaram nos últimos anos. Quando deveriam ser intimados a devolver o que sacaram em nome de lucros que depois se percebeu serem logros, os insaciáveis não largam as úberes e continuam a sugar como nada tivesse acontecido.
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E não há leis que os condenem, dizem-nos!
Definitivamente, não há uma crise de valores financeiros mas de valores morais. Quando isso acontece, a História ensina que os Impérios se afundam.
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President Obama expressed outrage on Monday at the use of federal bailout money to pay $165 million in bonuses to AIG employees and ordered the Treasury Secretary to use all legal means to prevent the payments. Yet some administration officials have cautioned that the company has a legal obligation to make the payments. Why would AIG have to pay out its "bonuses"?
Because that's what it agreed to do. Many top executives have employment contracts that specify a formula for computing their annual bonuses. These formulas usually incorporate some measure of overall company performance (stock price, free cash flow, or net income, for example) or the performance of the unit for which the executive is responsible. At some firms, the bonus formulas are freely determined by the board of directors and left out of any employment contracts—but the board may limit its own right to change the formula. It might, say, promise not to change the formula after a specific date. If the company then failed to pay under the original formula, a disgruntled executive could sue the firm for failing to follow its own rules. Under pressure from shareholders, many corporations are becoming more proactive about reserving the right to change their bonus structures. Some boards even reserve the right to recover bonuses already paid if there is evidence of bad behavior by the recipients.
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Monday, March 16, 2009

APOSTAS

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Trichet afirmou, na semana passada, que a recuperação estava para breve. Agora é Bernanke a tocar a mesma nota. Que informações ou inspirações possuem os banqueiros centrais que Krugman ou Roubini, além de muitos outros, não dominam?
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Ouvindo os noticiários (esta manhã, o noticiário da Antena 1 dava conta de manifestações em França de contornos pré-revolucionários) somos levados a acreditar que os pessimistas, como sempre acontece quando a vaga do descontentamento se agiganta, acabarão por acertar.
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A personalidade contida de Bernanke é, nas actuais circunstâncias, menos motivadora da inversão da tendência que seria a de Greenspan, apesar dos erros que cometeu e reconheceu ter cometido. Porque há, inquestionavelmente, um efeito psicológico em todas as crises, bem mais difícil de inverter do que todas os outras causas materiais, e que tem uma resultante dominada pela força da maioria das opiniões expressas.
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Krugman e Roubini, independentemente das suas competências enquanto macro-economistas, estão, desde há muito tempo, disponíveis para expressar as suas opiniões nos media, incluindo a blogosfera. Não seria preferível que fossem mais comedidos nas suas previsões, sabendo eles que são, por natureza, falíveis? Faz sentido que nos descrevam um futuro negro se não nos garantem os meios para o tornar menos escuro?
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Cada pregoeiro de desgraças deveria ser assaltado por um sentimento de pudor que o compelisse a acompanhar o diagnóstico da terapêutica.

ACERCA DA ÉTICA

António Mexia, anunciou há dias, com fanfarra e foguetes, que a empresa a que preside, a EDP, tinha atingido o ano passado resultados record, a ultrapassarem mil milhões de euros. Alguns dias depois, noticiaram os jornais que um membro do Conselho de Supervisão da Empresa, um auditor independente, se tinha demitido das funções naquele Conselho por discordar do modo como haviam sido contabilizadas as mais-valias resultantes do prémio de emissão cobrado no aumento de capital da EDP Renováveis. A empresa considerou como resultados do exercício mais de 400 mil euros, resultantes daquele prémio; o auditor considera que essas mais-valias deveriam ter sido contabilizadas como reservas e não consideradas como lucros. Segundo o critério adoptado, a EDP teve mais de mil milhões de euros de lucros; segundo o critério do auditor teria um pouco mais de 600 mil. Segundo o primeiro critério, a EDP bateu o seu record de resultados; segundo o critério do auditor teria baixado, relativamente ao ano anterior.
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Ambos os critérios são aceitáveis mas o critério do auditor, que vai ser adoptado a partir do próximo ano, é, claramente, mais conservador e, portanto, mais conforme com um dos princípios básicos da contabilidade. Mas mesmo que nada impedisse que, ainda este ano, a administração da EDP adoptasse o critério que lhe permitia maximizar os lucros, o mínimo de ética (para além das obrigações formais que as regras da contabilidade impõem), impunha que António Mexia fosse mais comedido no anúncio da sua performance e tivesse esclarecido que, dos mil e tal milhões, quatrocentos e tal milhões tinham a ver com o prémio de uma emissão de novas acções que, entretanto, cairam desalmadamente na bolsa.
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Quem quis Mexia iludir? Não os grandes accionistas, que estão representados nos conselhos de administração de supervisão, e estavam, portanto, a par destas criatividades contabilísticas, mas os pequenos accionistas e o público em geral, mil e uma vezes ludibriados nestes últimos anos.
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Um tiro que, contudo, lhe deve ter saído pela culatra porque a maioria atribuiu tanto sucesso em tempos de crise ao facto de, por ser um monopólio natural, não ter rédeas de mercado no aumento das tarifas.
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Quando a confiança dos pequenos investidores se encontra arrasada por uma crise que é, antes mais, uma crise de valores morais, esta habilidade da administração da EDP agudiza ainda mais as dúvidas e os boatos acerca de outros estratagemas suspeitos ainda encobertos.