Tuesday, January 13, 2009

DESEQUILÍBRIO NATURAL

Leio nesta sua ironia , aliás muito bem construída, como sempre, as suas dúvidas, senão mesmo as suas discordâncias, quanto às consequências alarmantes que estes relatórios acerca do aquecimento global transmitem.
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O liberalismo económico, na versão moderna modelizada por Hayek, Friedman e os seus seguidores, sustenta-se no princípio da eficiência natural dos mercados conduzindo-os para o equilíbrio natural. Por extensão do mesmo raciocínio doutrinário, congratulam-se efusivamente os neoliberais com a vaga de frio que faz tremer o queixo a gente que não anda muito habituada a isso, e é facilmente induzida a acreditar que essa badalada questão do aquecimento global é uma treta, dando por provada a sua tese que o ambiente não precisa de ser protegido porque ele, naturalmente, se protege.
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Devo reconhecer, contudo, que quando li as referências a este relatório* do prof. Alex Wissner-Gross também eu pensei que algumas contas deveriam estar erradas uma vez que, suponho eu que sou leigo também nesta matéria, a energia consumida pelos laptops e servers não dependerá tanto do tempo de consulta (consumo proporcional) mas do tempo em que se encontram ligados (consumo não proporcional). De qualquer modo, é inquestionável que qualquer coisa ligada à corrente consome energia.
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Resta saber se o exponencial consumo de energia é ou não comprometedor da sustentabilidade da vida no planeta.
É neste ponto que divergem as opiniões: uns (muitos, cada vez mais) acham que sim; outros (ainda muitos, cada vez menos) acham que não.
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Ambos têm razão. Mas os primeiros têm primeiro. Quero dizer com isto que depois de espatifado o meio ambiente, a terra voltará certamente a recuperar a vida à sua superfície.
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Tal como nos mercados: Depois de deixar à rédea solta os banqueiros, a economia estampa-se e recomeçará de novo. É o princípio do equilíbrio natural após o desastre.
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Sobra um aspecto importante que não sei como o resolvem os neoliberais: a dependência energética e a estratégia dos blocos em confronto.
A Europa passa por estes dias de frio com uma espada de Dâmocles sobre o pescoço que muita gente parece não saber ver: A Rússia, às turras com a Ucrânia, corta o gás hoje, diz que o liga amanhã. E se não ligar? E se a Argélia fizer o mesmo? E se a Al-Qaeda um dia destes toma conta das torneiras no Golfo?
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Não há nada a fazer em matéria de poupança de energia de modo a que ela não falte para os serviços essenciais?
Desligar o computador sempre que não está em serviço? Não chega. Mas pode ajudar. Muita gente, contudo, não faz isso, partindo, talvez do princípio que a energia é inesgotável. E, realmente é. Mas dá muito trabalho domesticá-la.
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